Direitos Humanos e Presos Políticos

O tribunal militar israelita de Ofer, na Cisjordânia ocupada, condenou hoje Ahed Tamimi a oito meses de prisão e uma multa de 5000 shekels (1370 euros) e sua mãe, Nariman, também a oito meses de prisão e uma multa de 6000 shekels (1400 euros), após um acordo entre a sua advogada e a procuradoria militar.
Ahed Tamimi — uma das 356 crianças e adolescentes palestinos actualmente nas cadeias israelitas — foi presa em 19 de Dezembro pelas forças de ocupação quando tinha apenas 16 anos (completou, entretanto, 17 anos). Foi acusada de esbofetear um soldado israelita que invadiu a casa da sua família na aldeia de Nabi Saleh, perto de Ramala. Pouco antes deste episódio, o seu primo Mohammed, de 15 anos, tinha sido baleado na cabeça por soldados israelitas, ficando em estado muito grave. A mãe, Nariman, foi presa no mesmo dia por filmar o incidente e colocar o vídeo na internet, sendo por isso acusada de «incitamento».
Passaram-se três meses desde que Ahed Tamimi, que completou 17 anos já na cadeia, foi presa pelas forças de segurança israelitas. A jovem activista palestina tornou-se conhecida por ter participado em numerosas marchas e manifestações na sua aldeia, Nabi Saleh, para protestar contra a ocupação israelita.
Ahed Tamimi é uma das 350 crianças e adolescentes, de um total de 6500 presos palestinos, actualmente nas cadeias israelitas.
Ahed foi presa pelas forças de ocupação após a publicação nas redes sociais de um vídeo em que era vista a esbofetear um soldado israelita armado que procurava entrar na sua casa. Pouco antes deste episódio o seu primo Mohammed, de 15 anos, tinha sido baleado na cabeça por soldados israelitas, ficando em estado muito grave.
As forças israelitas prenderam 1319 palestinos dos territórios ocupados durante os meses de Janeiro e Fevereiro, informa um comunicado do grupo de defesa dos presos palestinos Addameer, que cita um relatório conjunto da Associação de Assuntos dos Presos e Liberdades, do Clube de Presos Palestinos, do Addameer e do Centro Al Mezan de Direitos Humanos.
Entre os detidos contam-se 274 menores, 23 mulheres e 4 jornalistas.
Os presos têm as seguintes proveniências: 381 indivíduos de Jerusalém; 233 do distrito de Ramala e al-Bireh e 20 do distrito de Salfit, na Cisjordânia Central; 140 do distrito de Hebron e 118 do distrito de Belém, no Sul da Cisjordânia; 133 do distrito de Jenin, 107 do distrito de Nablus, 59 do distrito de Tulkarem e 54 do distrito de Qalqiliya, no Norte da Cisjordânia; 21 do distrito de Jericó e 30 da Faixa de Gaza.
O activista palestino Munther Amira, considerado «preso de consciência» pela Amnistia Internacional, foi condenado a seis meses de prisão pelo tribunal militar israelita de Ofer no passado dia 12 de Março.
Dirigente do Comité de Coordenação da Luta Popular (PSCC) na Cisjordânia ocupada e educador social no campo de refugiados de Aida, em Belém, Munther Amira foi preso durante protestos pacíficos no final de Dezembro.
Ao ser preso, em 27 de Dezembro de 2017, exibia um cartaz com as fotos das mulheres da família Tamimi presas poucos dias antes, o que é considerado uma infração penal pela lei militar imposta aos palestinos que vivem no território ocupado. Seriam igualmente «criminosas» a sua participação em protestos contra o reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel e contra as comemorações da Declaração de Balfour.
As autoridades israelitas prenderam mais de 15.000 mulheres palestinas desde 1967, quando se iniciou a ocupação por Israel da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e de Jerusalém Oriental, revelaram estatísticas oficiais publicadas na quarta-feira, 7 de Março.
Um relatório elaborado por Abdel Nasser Ferwaneh, do Comité para os Assuntos dos Presos e Presos Libertos da OLP , acusou a ocupação israelita de ataques crescentes contra as mulheres palestinas nestes últimos anos, revelando que Israel prendeu 445 mulheres, incluindo várias menores, desde o início da chamada «Intifada de Jerusalém», em Outubro de 2015.
Ferwaneh acrescentou que dezenas de mulheres foram alvejadas e feridas pelas forças de ocupação israelitas antes da sua detenção.
«Na maioria das vezes, as mulheres são presas em casa a meio da noite», explicou Ferwaneh, «sendo espancadas e submetidas a tratamento severo, e quando presas são expostas a torturas físicas e psicológicas.»
As forças de ocupação israelitas detiveram pelo menos 17 palestinos em várias incursões na madrugada de hoje, 6 de Março, em toda a Cisjordânia e em Jerusalém ocupadas.
A agência oficial palestina Wafa informou que forças israelitas com cães assaltaram uma casa pertencente à família Jarrar em Silat al-Harithiya, perto de Jenin. Toda a família esteve retida pelos soldados durante mais de duas horas, enquanto mulheres soldados revistavam as mulheres, detendo depois a estudante universitária Fatima Jarrar. Foi também detido Ibrahim Kamel al-Shalabi.
Os soldados também dispararam bombas de gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento contra os numerosos jovens que protestaram e lançaram pedras contra o jipe invasor.
Dezenas de soldados israelitas invadiram, na madrugada de ontem, 26 de Fevereiro, a aldeia de Nabi Saleh, na Cisjordânia ocupada, e prenderam dez membros da família Tamimi.
Entre eles conta-se Mohammed Tamimi, de 15 anos, primo de Ahed Tamimi. No dia 15 de Dezembro passado, durante uma invasão das forças israelitas à aldeia, foi atingido com uma bala de borracha na cabeça. Gravemente ferido, foi operado por médicos que lhe extraíram fragmentos de bala do crânio.
Uma grande força militar israelita entrou em Nabi Saleh de madrugada, prendendo, além de Mohamed, também Soheib Sameeh Tamimi, de 14 anos, Ahmad Sami Tamimi, de 19, Moayyad Hamza Tamimi, de 17, Mohammed Mojahed Tamimi, de 15, Amjad Abdul-Hafith Tamimi, de 28, Omar Saleh Tamimi, de 29, Islam Saleh Tamimi, de 21 e We’am Eyad Tamimi, de 17.
Ahed Tamimi, a sua mãe Nariman e a sua prima Nour foram hoje presentes ao tribunal militar israelita de Ofer, perto de Jerusalém. O juiz, tenente-coronel Menachem Lieberman, ordenou que o julgamento decorresse à porta fechada, com a presença apenas dos advogados e da família.
O motivo invocado foi o direito de Ahed, como menor, à privacidade. Na realidade, trata-se de uma tentativa pouco velada de amortecer a atenção e indignação internacionais, comprovada pelas centenas de jornalistas, diplomatas e funcionários de organizações de direitos humanos que queriam assistir ao julgamento.
Mas Ahed Tamimi, recorde-se, é apenas o caso publicamente mais notório dos mais de 350 menores palestinos actualmente presos pelos ocupantes israelitas.
A próxima audiência do julgamento de Ahed, Nariman e Nour foi marcada para 11 de Março.
A Junta de Freguesia de Quinta do Anjo (concelho de Palmela), na sua reunião do dia 24 de Janeiro, aprovou uma moção de solidariedade com Ahed Tamimi, reclamando a sua liberdade e a de todos os todos os menores palestinos presos e condenando a repressão e violência de Israel.
O MPPM saúda esta deliberação da Junta de Freguesia de Quinta do Anjo, que vem demonstrar mais uma vez o seu empenho na solidariedade com a causa do povo palestino. Recordamos que na Quinta do Anjo que em 30 de Março de 2017, num acto de grande significado simbólico e solidário promovido pelo município palmelense, foi plantada uma oliveira e descerrada uma placa alusiva ao Dia da Terra Palestina, que nessa data se comemorava.
A moção de mais este órgão autárquico junta-se ao movimento que em todo o mundo, e também em Portugal, reclama a liberdade de Ahed Tamimi e de todos os presos palestinos nos cárceres de Israel.
É o seguinte o texto da moção:
O início do julgamento militar de Ahed Tamimi foi adiado até 13 de Fevereiro.
Ahed Tamimi passou na prisão o dia dos seus 17 anos, a 31 de Janeiro, já que um juiz militar ordenou que ela ficasse presa até ao fim do julgamento.
A advogada de Ahed, Gaby Lasky, declarou ao jornal The Times of Israel que o julgamento, que deveria ter começado a 31 de Janeiro, foi duas vezes adiado porque a acusação militar não apresentou provas. «Sem esses materiais não posso me preparar adequadamente para o julgamento», afirmou.
A jovem foi presa em 19 de Dezembro, dias após se ter tornado viral um vídeo em que dava uma bofetada a um soldado israelita para tentar afastá-lo do pátio da sua casa em Nabi Saleh, na Margem Ocidental ocupada. Pouco antes, um seu primo de 15 anos tinha sido atingido na cabeça com uma bala de borracha pelas forças de ocupação.

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