História da Palestina e do Médio Oriente

O Comité do Património Mundial da UNESCO decidiu neste domingo, em Riade, capital da Arábia Saudita, inscrever o sítio pré-histórico de Tell es-Sultan, perto da cidade palestina de Jericó, na Cisjordânia ocupada, na Lista do Património Mundial.

O sítio de Tell es-Sultan tem estado a ser escavado há mais de um século e revelou as ruínas de uma cidade fortificada que se considera a mais antiga povoação fortificada continuamente habitada do planeta, remontando ao nono milénio a.C. A própria Jericó é uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo.

A UNESCO descreve o sítio como «um tell, ou monte, de forma oval que contém depósitos pré-históricos de actividade humana e inclui a nascente perene adjacente de 'Ain es-Sultan. Entre o 9.o e o 8.o milénio a.C., surgiu aqui uma povoação permanente, devido ao solo fértil do oásis e ao fácil acesso à água.»

Em 28 de Agosto de 1953 – há 70 anos – um jovem oficial israelita de apenas 25 anos, Ariel Sharon de seu nome, comandou o assalto da sua recém-formada Unidade 101 ao campo de refugiados de Al-Bureij, na Faixa de Gaza, dando início a uma longa série de massacres de que nunca se arrependeu.

Para muitos israelitas, Sharon era o «Bulldozer», um militar rebelde que salvou o seu país da derrota nas suas guerras com os árabes. George Bush, o presidente dos EUA, chamou-lhe «homem de paz». Mas para os palestinos, recordados de Sabra e Shatila, no Líbano, ele era o «Carniceiro de Beirute».

A legitimidade de Israel, e de facto a sua própria viabilidade, assenta em dois pilares principais.

Em primeiro lugar, o pilar material, que inclui o seu poderio militar, as suas capacidades de alta tecnologia e um sistema económico sólido.

Estes factores permitem que o Estado construa uma forte rede de alianças com países que gostariam de beneficiar do que Israel tem para oferecer: armas, securitização, spyware, conhecimento de alta tecnologia e sistemas modernizados de produção agrícola.

Em troca, Israel pede não apenas dinheiro mas também apoio contra a degradação da sua imagem internacional.

Em segundo lugar, o pilar moral. Este aspecto foi particularmente importante nos primeiros tempos do projecto e do Estado sionistas.

Ismail Shammut - O Início da Tragédia

Entre 9 e 13 de Julho de 1948, as forças sionistas lançaram uma operação militar em grande escala, conhecida como Operação Dani, com o objectivo de ocupar as cidades palestinas de Lydda e Ramla, massacrando centenas de palestinos e forçando o êxodo de muitos milhares.

O massacre teve lugar em duas fases, entre o fim da primeira trégua na guerra israelo-árabe, a 9 de Julho de 1948, e o início da segunda, a 18 de Julho. A primeira fase do massacre ocorreu durante o período de ocupação da cidade e a segunda durante a operação de expulsão em massa dos seus residentes, que é considerada um dos maiores actos de limpeza étnica («operações de transferência») levados a cabo pelos israelitas.

A operação Dani

Uma investigação da Universidade de Nova Iorque, citada pelo diário israelita Haaretz, revela como o exército de Israel não hesitou em recorrer ao envenenamento de culturas e animais para expulsar os proprietários palestinos e se apossar das suas terras para construção de colonatos.

A investigação foi conduzida pelo Taub Center for Israel Studies da Universidade de Nova Iorque, que teve acesso a documentos de arquivo, entretanto tornados públicos.

O método utilizado para a instalação de colonatos nos primeiros anos da expansão colonial é descrito em detalhe.

Na noite de 22 para 23 de Maio de 1948, uma semana após o estabelecimento do Estado de Israel, o 33º batalhão da Brigada Alexandroni lançou um ataque contra a aldeia palestina de Tantura, utilizando fogo de metralhadoras pesadas seguido de um ataque de infantaria. O combate foi de curta duração mas, após a rendição dos aldeãos, as milícias sionistas procederam ao massacre de mais de duas centenas de prisioneiros desarmados.

A notícia do massacre era conhecida do lado palestino, mas sistematicamente negada pelo lado israelita. Uma tese de mestrado de Theodore Katz, um aluno da Universidade de Haifa, que confirmou a ocorrência do massacre com base em dezenas de testemunhos de sobreviventes palestinos e de milicianos sionistas, foi denegrida e o seu autor perseguido em tribunal. O historiador Ilan Pappé, professor de Katz, defendeu a veracidade da tese o que lhe valeu a expulsão da Universidade de Haifa e o exílio em Inglaterra, onde é professor na Universidade de Exeter.

O MPPM promoveu, na terça-feira, 16 de Maio, em cooperação com a BOTA - Base Organizada da Toca das Artes, a exibição do filme 1948: Criação e Catástrofe no espaço desta associação, no Largo da Santa Bárbara, 3D, Lisboa.

O filme, de Andy Trimlett e Ahlam Muhtaseb, foi comentado por Carlos Almeida, Investigador do Centro de História da Universidade de Lisboa e Vice-Presidente do MPPM.

Através das memórias pessoais, tanto de palestinos como de israelitas, 1948: Criação & Catástrofe conta a história do estabelecimento de Israel vista através dos que a viveram.

Este filme foi a última oportunidade para muitas das suas personagens, israelitas e palestinas, para narrarem os seus relatos em primeira mão sobre a criação de um Estado e a expulsão de uma nação.

Numa iniciativa conjunta com a Escola Secundária de Camões e o ABC CIne-clube de Lisboa, o MPPM promoveu, na segunda-feira, 8 de Maio, a exibição do filme 1948: Criação e Catástrofe no Auditório de Camões (Av. Almirante Barroso, 25B, Lisboa).

O filme, de Andy Trimlett e Ahlam Muhtaseb, foi comentado por Carlos Almeida, Investigador do Centro de História da Universidade de Lisboa e Vice-Presidente do MPPM.

Através das memórias pessoais, tanto de palestinos como de israelitas, 1948: Criação & Catástrofe conta a história do estabelecimento de Israel vista através dos que a viveram.

Este filme foi a última oportunidade para muitas das suas personagens, israelitas e palestinas, para narrarem os seus relatos em primeira mão sobre a criação de um Estado e a expulsão de uma nação.

No ano do 75º aniversário da Nakba, não podemos deixar apagar a memória de que o Estado de Israel foi erigido sobre os cadáveres de 15 000 crianças, mulheres e homens palestinos, sobre os escombros de meio milhar de vilas e aldeias apagadas do mapa, sobre a ocupação das casas e campos de 750 000 palestinos forçados ao exílio pelo terror sionista.

Deir Yassin era uma pacata aldeia árabe, com cerca de 750 habitantes, empoleirada numa colina a ocidente de Jerusalém. Ficava fora da área que o Plano de Partilha das Nações Unidas, aprovado em 29 de Novembro de 1947, destinava ao futuro Estado judaico, e os seus habitantes até tinham estabelecido um pacto de não-agressão com a milícia sionista Haganah. Mas Deir Yassin tinha a fatalidade de se situar na estrada entre Telavive e Jerusalém.

Na noite de 22 para 23 de Maio de 1948, uma semana após o estabelecimento do Estado de Israel, o 33º batalhão da Brigada Alexandroni lançou um ataque contra a aldeia palestina de Tantura, utilizando fogo de metralhadoras pesadas seguido de um ataque de infantaria. O combate foi de curta duração mas, após a rendição dos aldeãos, as milícias sionistas procederam ao massacre de mais de duas centenas de prisioneiros desarmados.

A notícia do massacre era conhecida do lado palestino, mas sistematicamente negada pelo lado israelita. Uma tese de mestrado de Theodore Katz, um aluno da Universidade de Haifa, que confirmou a ocorrência do massacre com base em dezenas de testemunhos de sobreviventes palestinos e de milicianos sionistas, foi denegrida e o seu autor perseguido em tribunal. O historiador Ilan Pappé, professor de Katz, defendeu a veracidade da tese o que lhe valeu a expulsão da Universidade de Haifa e o exílio em Inglaterra, onde é professor na Universidade de Exeter.

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