Política e Organizações Internacionais

O «plano de paz» dos EUA para resolver a questão palestina passa por um Estado palestino com soberania limitada e pela negação do direito ao retorno dos refugiados palestinos, noticiou ontem, 28 de Fevereiro, a imprensa israelita, citando o jornal pan-árabe Asharq Al-Awsat, publicado Londres.
O jornal evoca «fontes diplomáticas árabes conhecedoras» em Paris, segundo as quais que os EUA planeiam apresentar o seu plano no âmbito de uma conferência internacional a realizar numa capital árabe.
A notícia surge após uma reunião em Bruxelas, no início da semana, em que os ministros dos Negócios Estrangeiros árabes e os seus homólogos europeus discutiram a questão israelo-palestino na sequência de informações que sugerem que o governo dos Estados Unidos anunciará em breve o seu «plano de paz».
Os Estados Unidos vão mudar a sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém em Maio, para coincidir com o 70.º aniversário da independência de Israel.
O Departamento de Estado anunciou hoje que a embaixada dos EUA abrirá portas em Jerusalém em 14 de Maio, precisamente a véspera do dia em que se assinalam 70 anos desde a Nakba (catástrofe), a limpeza étnica de dois terços do povo palestino por Israel.
A decisão estado-unidense, unilateral e ilegal, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e para aí transferir a sua capital, anunciada por Trump em 6 de Dezembro, desencadeou uma onda de protestos dos palestinos e foi condenada no mundo inteiro.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, apelou a uma conferência internacional de paz, a realizar em meados de 2018, baseada nas resoluções internacionais e com uma ampla participação internacional, incluindo palestinos e israelitas, mas também actores regionais e internacionais.
Falando no Conselho de Segurança das Nações Unidas na terça-feira 20 de Fevereiro, pela primeira vez desde 2009, Abbas afirmou que entre os resultados da conferência devem incluir-se a aceitação do Estado da Palestina como membro de pleno direito da ONU e o reconhecimento mútuo entre Palestina e Israel nas fronteiras de 1967.
O Serviço de Acção Externa da União Europeia, encabeçado por Federica Mogherini, publicou um comunicado sobre a recente «escalada de incidentes militares» em Gaza que é um consumado exercício de mentira e enviesamento a favor de Israel.
Publicado no passado dia 19 de Fevereiro pelo porta-voz do Serviço de Acção Externa, o comunicado afirma que a escalada é «em resposta a um ataque à bomba … que feriu quatro soldados israelitas», considera «inaceitáveis» os ataques de rockets efectuados a partir de Gaza e diz que os «grupos terroristas» de Gaza devem ser desarmados.
Artigo publicado em Orient XXI em 5 de Fevereiro de 2018
 
Submetidos a um bloqueio israelita com mais de dez anos, milhões de palestinos encerrados em Gaza vivem uma situação dramática que, no entanto, não suscita nenhuma indignação da «comunidade internacional». E os próximos meses podem ser ainda piores.
O movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) pelos direitos dos palestinos foi oficialmente nomeado para o Prémio Nobel da Paz pelo deputado noruguês Bjørnar Moxnes.
Esta nomeação merece ser sublinhada num momento em que em vários lugares do mundo, incluindo países da Europa, a crítica ao sionismo e à política do Estado de Israel são alvo de tentativas de criminalização e proibição, sendo falsamente equiparadas ao anti-semitismo.
O BDS é um movimento que se opõe à política de colonização, repressão e discriminação praticada por Israel contra o povo palestino. Apela ao boicote pelos cidadãos, ao desinvestimento pelas empresas e às sanções pelos Estados como forma de pressão sobre Israel.
O deputado Bjørnar Moxnes, do partido Rødt (Vermelho), considera que o BDS é um meio democrático e não violento que pode ajudar a pressionar Israel para acabar com a ocupação ilegal.
A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou um Voto de condenação do reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel, apresentado pelos deputados municipais Cláudia Madeira e Sobreda Antunes, do Partido Ecologista Os Verdes.
O MPPM saúda este Voto que, vindo somar-se ao repúdio mundial pela atitude unilateral e ilegal dos Estados Unidos, é uma grande demonstração de solidariedade com a causa do povo palestino.
É o seguinte o texto integral do Voto, aprovado na reunião da AML de 19 de Dezembro:
«VOTO DE CONDENAÇÃO do reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel
A Resolução 181, aprovada em 1947 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, estabelece a partilha do território da Palestina em dois Estados, tendo-se constituído o Estado de Israel, mas continuando o Estado da Palestina, até hoje, por estabelecer.
Israel está a desenvolver sítios arqueológicos e turísticos para legitimar colonatos ilegais nos bairros palestinos de Jerusalém, noticia o diário britânico The Guardian, citando um relatório redigido por diplomatas da União Europeia na cidade.
O relatório, a que o jornal teve acesso, cita projectos israelitas em partes de Jerusalém Oriental — ocupada por Israel desde 1967 — que estão a ser usados «como uma ferramenta política para modificar a narrativa histórica e para apoiar, legitimar e ampliar os colonatos».
O relatório identifica sítios de escavação geridos por colonos no coração de bairros de maioria palestina, o projecto de um teleférico com paragens em terras confiscadas a palestinos e a classificação de áreas urbanas construídas como parques nacionais.
«Jerusalém Oriental é o único lugar onde são declarados parques nacionais israelitas em bairros povoados», assinala o relatório.

Numa concentração hoje realizada frente à Embaixada de Israel, convocada pela CGTP-IN, CPPC, MDM e MPPM, condenou-se a ocupação e colonização israelitas dos territórios palestinos que dura desde 1967, nomeadamente a intensificação da construção de colonatos em que já vivem mais de 600.000 colonos; denunciou-se o reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel; alertou-se para a situação dos dois milhões de palestinos em Gaza, cercada há mais de 10 anos por Israel, cuja sobrevivência está em risco; exigiu-se liberdade para os presos palestinos nas cadeias de Israel, de que a jovem Ahed Tamimi é apenas um exemplo recente do crescente número de palestinos presos, feridos e mortos por se erguerem contra a opressão e lutarem pela liberdade do seu povo; e reclamou-se uma Palestina independente, com capital em Jerusalém Oriental, e o regresso dos refugiados.

Escolas, clínicas e centros de distribuição de alimentos na Faixa de Gaza cercada estiveram hoje fechados devido a uma greve dos 13.000 empregados da UNRWA, a agência das Nações Unidas de assistência aos refugiados palestinos no Próximo Oriente.
Os empregados palestinos estão indignados com a decisão dos EUA de reduzir a sua contribuição anual para o funcionamento da UNRWA, que tem 278 escolas em Gaza, frequentadas por cerca de 300.000 alunos.

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