Palestina rejeita anunciado «acordo de paz» dos EUA sem a totalidade de Jerusalém Oriental como capital

A Autoridade Palestina reagiu a notícias acerca do conteúdo do chamado «acordo do século» dos EUA declarando que «qualquer plano de paz que não inclua um Estado palestino independente com Jerusalém Oriental como capital nas fronteiras de 1967 está destinado a falhar».

O porta-voz da presidência da AP, Nabil Abu Rudaineh, reiterou que qualquer solução visando uma paz justa e duradoura «tem de basear-se nas resoluções internacionais e no princípio da solução de dois Estados».

Segundo anunciou na quarta-feira a estação televisiva israelita Reshet 13, citando uma fonte que teria sido informada por um alto funcionário dos EUA, o «plano de paz» do presidente Donald Trump proporia um Estado palestino em 85% a 90% da Cisjordânia ocupada, com capital em Jerusalém Oriental, mas sem incluir os seus locais sagrados.

Segundo o canal israelita, o plano contemplaria a anexação por Israel dos blocos de colonatos judaicos (todos eles considerados ilegais pelo direito internacional) na Cisjordânia. Os colonatos «isolados» não seriam evacuados, ao contrário do que aconteceria com os postos avançados (colonatos considerados ilegais por Israel). Esta anexação por Israel seria compensada por trocas territoriais não especificadas com os palestinos.

A «maioria dos bairros árabes» em Jerusalém Oriental — que a ONU considera território ocupado e cuja anexação por Israel não reconhece — ficaria sob soberania palestina, como futura capital. Quanto à cidade velha de Jerusalém Oriental, local de importantes santuários muçulmanos e cristãos e judaicos, ficaria sob soberania israelita, embora com administração conjunta com os palestinos e a Jordânia.

A notícia não menciona a solução prevista para a Faixa de Gaza nem para os refugiados palestinos, outro ponto central da questão palestina.

O chamado «acordo do século» foi prometido por Donald Trump, mas a revelação pública do seu conteúdo foi sucessivamente adiada — agora diz-se que o anúncio será feito após as eleições israelitas de 9 de Abril.

Sucessivas «fugas de informação» sobre o «acordo do século» — que na verdade está já a ser posto em prática — evidenciam no entanto que ele viola em toda a linha o direito internacional e as resoluções da ONU e, inversamente, segue à letra os desejos dos sectores sionistas mais radicais, que sonham obrigar o povo palestino a resignar-se com um pseudo-Estado privado de soberania e composto por pequenos bantustões isolados e controlados económica e militarmente por Israel.

A realidade de décadas mostrou, porém, que o povo palestino nunca desistiu de lutar e não abdica dos seus direitos nacionais imprescritíveis, nomeadamente da edificação de um Estado da Palestina livre, independente, soberano e viável nas fronteiras anteriores a 1967, tendo Jerusalém Oriental por capital, com uma solução justa para a situação dos refugiados palestinos nos termos do direito internacional e das resoluções pertinentes das Nações Unidas.

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