Política e Organizações Internacionais

O parlamento dinamarquês decidiu esta semana por larga maioria excluir os colonatos israelitas na Margem Ocidental ocupada dos acordos bilaterais com Israel. Foi também decidido reforçar as directrizes governamentais contra os investimentos de entidades tanto públicas como privadas em projectos nos territórios palestinos ocupados.
A resolução foi aprovada por 81 votos contra 22. Votaram a favor todos os partidos representados no parlamento dinamarquês, com excepção do Partido do Povo Dinamarquês, de extrema-direita.
Segundo o diário israelita Haaretz, esta decisão significa a adopção pela Dinamarca da Resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, de Dezembro de 2016, em que os colonatos são definidos como uma violação do direito internacional e se estabelece uma distinção entre Israel e os colonatos israelitas na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental ocupadas. A União Europeia segue a mesma orientação nos acordos com Israel.
Os dirigentes de 21 importantes organizações humanitárias estado-unidenses, incluindo organizações cristãs e muçulmanas, enviaram ontem uma carta a membros da administração dos EUA — a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, o secretário de Estado, Rex Tillerson, o Conselheiro de Segurança Nacional, H. R. McMaster, e o secretário de Defesa, James Mattis — protestando contra a decisão desta de cortar 65 milhões de dólares da contribuição para a UNRWA, agência das Nações Unidas para a assistência aos refugiados palestinos no Médio Oriente.
Na carta os dirigentes afirmam que estão «profundamente preocupados com as consequências humanitárias desta decisão para a assistência essencial a crianças, mulheres e homens na Jordânia, Líbano, Síria e na Margem Ocidental e Faixa de Gaza».
Os palestinos da Margem Ocidental e de Jerusalém Oriental ocupadas e da Faixa de Gaza realizaram ontem uma greve geral, protestando contra a visita a Israel do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e a decisão do seu governo de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
A greve paralisou todos os sectores dos territórios palestinos ocupados, com excepção da educação e da saúde. Lojas, empresas e restaurantes em toda a Margem Ocidental ocupada fecharam, e estradas habitualmente movimentadas ocupadas estavam anormalmente vazias.
Dezenas de jovens palestinos fecharam a estrada que liga Ramala ao Norte da Margem Ocidental e queimaram pneus.
Registou-se forte presença das forças repressivas israelitas em torno de Jerusalém, com bloqueio das principais estradas que conduziam à Cidade Velha, enquanto Pence visitava o Muro das Lamentações, que se encontra em território de Jerusalém Oriental, ocupada por Israel desde 1967.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na passada terça-feira, 2 de Janeiro, que os Estados Unidos podem cessar a futura ajuda finaceira aos palestinos, acusando-os de «já não estarem dispostos a falar sobre a paz» com Israel. Trump disse no Twitter que Washington dá aos palestinos «CENTENAS DE MILHÕES DE DÓLARES por ano e não obtém apreciação nem respeito. Eles nem sequer querem negociar um tratado de paz há muito necessário com Israel ... se os palestinos já não estão dispostos a falar sobre a paz, por que havemos de lhes fazer estes pagamentos maciços futuros?»
Na sequência da decisão estado-unidense de reconhecer Jerusalém como capital de Isral, os palestinos consideraram que essa decisão desqualificava os EUA como mediadores. A chantagem visa fazê-los regressarem à mesa das negociações (que de facto estão em ponto morto há anos).
Vários dignitários cristãos da Palestina rejeitaram ontem a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
Num momento em que Belém, normalmente repleta de turistas nesta época do ano, quase não tinha visitantes devido aos confrontos entre forças israelitas e manifestantes palestinos, os dignitários cristãos classificaram de «perigosa» e «insultuosa» a decisão dos EUA, sublinhando ao mesmo tempo a centralidade de Jerusalém para as três religiões monoteístas.
«A paz começa com Jerusalém. O poder não pode impor uma paz injusta», disse o ex-patriarca latino Michel Sabah, que acrescentou: «Os lugares sagrados são governados pelo status quo, que deve ser respeitado».
No mesmo sentido se pronunciou o arcebispo ortodoxo grego Attallah Hanna: «Nós, palestinos, cristãos e muçulmanos, rejeitamos o reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel.»
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou hoje uma resolução que rejeita a decisão dos Estados Unidos da América de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e os planos para transferir para esta cidade a embaixada dos EUA.
A resolução, apresentada pela Turquia e pelo Iémen, recebeu 128 votos a favor. Votaram contra 9 países (incluindo os EUA e Israel) e 35 abstiveram-se. Houve 21 países que não participaram na votação.
A resolução hoje aprovada é praticamente idêntica àquela que na passada segunda-feira, 18 de Dezembro, foi apresentada pelo Egipto no Conselho de Segurança e votada favoravelmente por 14 dos seus 15 membros, não tendo sido aprovada apenas devido ao veto dos EUA.
Solidariedade com a Palestina 20 Dez 2017
Muitas vozes deram Voz à Solidariedade com a Palestina hoje, à tarde, na Casa do Alentejo, em Lisboa.
Numa iniciativa do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses-Intersindical Nacional (CGTP-IN), do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) e do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e Pela Paz no Médio Oriente (MPPM), realizou-se uma sessão de solidariedade com a Palestina que registou a presença de quase centena e meia de pessoas.
Intervieram Gustavo Carneiro, da Direcção Nacional do CPPC, Arménio Carlos, Secretário-Geral da CGTP-IN, Regina Marques, da Direcção Nacional do MDM, e Carlos Almeida, Vice-Presidente do MPPM, e houve ainda testemunhos de vários elementos da assistência.
Os Estados Unidos vetaram esta segunda-feira no Conselho de Segurança da ONU um projecto de resolução que rejeitava a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Todos os outros 14 membros do Conselho de Segurança apoiaram o projecto.
Trata-se da 43.ª vez que os EUA utilizam o direito de veto para apoiar Israel.
O veto pronunciado pela embaixadora dos EUA, Nikki Haley, veio sublinhar o isolamento de Washington relativamente ao anúncio feito por Trump no dia 6 de Dezembro.
A decisão estado-unidense contraria o consenso internacional e as resoluções da ONU, que prevêem que o estatuto de o estatuto de Jerusalém só pode ser resolvido através de negociações, tendo desencadeado protestos e condenação em todo o mundo e em particular na Palestina.
As forças de ocupação israelitas mataram hoje quatro palestinos durante um dia de violentos confrontos na Margem Ocidental ocupada e na Faixa de Gaza cercada, que se somam a centenas de feridos por balas reais e balas de aço revestidas de borracha.
Milhares de palestinos prosseguiram, na Faixa de Gaza cercada e na Margem Ocidental e Jerusalém Oriental cercadas, mobilizações contra o reconhecimento pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de Jerusalém como capital de Israel.
Os mortos registados hoje vêm somar-se a outros seis durante os confrontos ocorridos esta semana, elevando para 10 o número total de mortos.
Tilda Swinton, Mark Ruffalo, Roger Waters, Peter Gabriel e Brian Eno são alguns das dezenas de escritores, músicos e actores que condenaram a decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, numa carta enviada ao diário britânico «The Guardian»
«Ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel», afirma a carta, «Donald Trump procura alcançar com uma declaração aquilo que Israel vem tentando fazer há 50 anos pela força das armas: apagar os palestinos, como presença política e cultural, da vida de sua própria cidade.»
«Os palestinos de Jerusalém já estão sujeitos a uma discriminação municipal a todos os níveis e a um processo de limpeza étnica.»

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