Artigo publicado no Haaretz em 27 de Junho de 2018
Ahmad Tibi é vice-presidente do Knesset (parlamento de Israel). É deputado da Lista Conjunta (coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista)
A foto que imortalizou o último encontro entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e a equipa de Trump para o Médio Oriente era muito reveladora: dos cinco homens na foto, quatro eram judeus estado-unidenses.
Todos os cinco viveram durante décadas ou durante toda a vida nos EUA. Todos os cinco são convictos sionistas de direita. Todos os cinco apoiaram os colonatos israelitas em território ocupado, política e financeiramente; todos os cinco opõem-se à solução de dois Estados; todos os cinco opõem-se à igualdade entre israelitas e palestinos; e todos os cinco identificam-se com os sectores mais recalcitrantes do Partido Republicano.
O Senado da Irlanda aprovou hoje, 11 de Julho, um projecto de lei que proíbe a importação de produtos dos colonatos israelitas nos territórios palestinos ocupados.
Aprovado por 25 votos a favor, 20 contra e 14 abstenções, o Projecto de Lei de Controlo de Actividades Económicas (Territórios Ocupados) proíbe «a importação e venda de bens, serviços e recursos naturais originários de colonatos ilegais em territórios ocupados». A medida legislativa, a que o governo irlandês se opôs, foi apresentada pela senadora independente Frances Black e mereceu o apoio de outros senadores independentes e ainda de senadores do Fianna Fáil, Sinn Féin e Verdes.
Após esta aprovação na câmara alta do parlamento irlandês, o Seanad, o projecto terá ainda de passar por outras votações no Seanad e depois na câmara baixa antes de se converter em lei.
O parlamento de Israel aprovou ontem, 2 de Julho, uma lei para penalizar financeiramente a Autoridade Palestina pelo pagamento de subsídios aos palestinos presos por Israel, às suas famílias e às famílias dos que foram feridos ou mortos pelas forças israelitas, num total de cerca de 35 000.
Os palestinos encaram os presos nas cadeias de Israel, bem como os feridos e mártires (mortos), como heróis da luta de libertação nacional, merecedores de assistência financeira.
Dos 120 deputados do Knesset (parlamento), 87 votaram a favor e apenas 15 se opuseram à lei, que impõe a retenção de uma parte dos cerca de 130 milhões de dólares de impostos que Israel recolhe por mês dos contribuintes palestinos e que deveria entregar à Autoridade Palestina. Parte do chamado Acordo Oslo II entre Israel e a OLP, este mecanismo provisório está previsto no Protocolo de Paris de 1994.
Artigo publicado em Middle East Eye em 15 de Junho de 2018
Há sinais crescentes de que o muito adiado plano de paz de Donald Trump para o Médio Oriente — anunciado como o «acordo do século» — está prestes a ser desvendado.
Embora os colaboradores de Trump não tenham divulgado nada publicamente, os contornos do plano são já evidentes, segundo vários analistas.
Estes observam que Israel já começou a aplicar o acordo — consolidando o «apartheid» que impõe aos palestinos — enquanto Washington passou os últimos seis meses a arrastar os pés quanto à publicação do documento.
«Netanyahu continuou simplesmente a aprofundar o seu controlo sobre a Cisjordânia e Jerusalém Oriental — e sabe que os americanos não lhe vão barrar o caminho», declarou Michel Warschawski, analista israelita e dirigente do Centro de Informação Alternativa em Jerusalém.
Os Estados Unidos congelaram completamente a sua assistência civil à Autoridade Palestina, segundo o site noticioso israelita Walla.
A ajuda foi suspensa ao abrigo da «Lei Taylor Force» (do nome de um cidadão estado-unidense morto em Israel em 2016 por um palestino da Cisjordânia), aprovada em Março pelo Congresso dos Estados Unidos. A lei visa obrigar a Autoridade Palestina a deixar de pagar subsídios mensais aos presos palestinos nas prisões israelitas e às famílias de palestinos mortos e feridos por Israel.
Na sociedade palestina, a Organização de Libertação da Palestina (OLP) tem a responsabilidade de fornecer assistência financeira às famílias dos que foram mortos, feridos ou presos pelas forças israelitas.
O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, afirmou que o seu partido está empenhado no «pleno reconhecimento» de um Estado palestino e em reclamar o fim da política israelita de ocupação e colonização.
Corbyn também criticou o chamado «acordo do século» que está a ser preprarado pela administração Trump. «Não sei o que contém o seu “acordo do século”, mas o que sei é que os direitos do povo palestino devem ser atendidos. Isso significa o fim da ocupação, da política de colonização e do cerco a Gaza, além de reconhecer o direito de retorno», afirmou. Estas declarações foram proferidas no campo de Baqa'a, o maior campo de refugiados palestinos na Jordânia, que Corbyn visitou para se informar sobre os serviços prestados pela UNRWA na Jordânia. Corbyn criticou a decisão do governo Trump de reduzir em mais de 50% o financiamento à UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos).
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, advertiu a Casa Branca contra as «alternativas e ilusões» que visam impedir a criação de um Estado palestino.
Abbas reagia a uma entrevista hoje publicada de Jared Kushner, assessor do presidente Donald Trump, ao jornal palestino Al Quds, na qual ameaçava que o «acordo de paz» anunciado pelos EUA seria publicado com ou sem a participação dos palestinos. «Se o presidente Abbas estiver pronto para voltar à mesa de negociações, então estamos prontos para participar na discussão, mas se não for o caso, vamos tornar público o plano», que estaria pronto em breve, afirmou Kushner, acrescentando que Abbas «teme que publiquemos o nosso plano de paz e o povo palestino realmente goste dele».
A Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou ontem, 13 de Junho, uma resolução condenando Israel pelas mortes de civis palestinos na Faixa de Gaza sitiada. Trata-se de uma pesada derrota diplomática para Israel e o seu principal aliado, os Estados Unidos.
A resolução, apresentada pela Argélia e pela Turquia em nome dos países árabes e muçulmanos, obteve uma esmagadora maioria dos 193 membros da ONU, com 120 votos a favor, apenas 8 votos contra ( Estados Unidos, Israel, Austrália, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Ilhas Salomão e Togo) e 45 abstenções. Portugal votou favoravelmente.
Saeb Erekat, secretário-geral do Comité Executivo da OLP, transmitiu a gratidão do povo palestino e da sua direcção pela posição de Angola ao demitir diplomatas que participaram na inauguração da embaixada dos EUA sem o consentimento do seu país.
Num artigo publicado em português no Jornal de Angola, Erekat agradeceu a Angola a sua posição e afirmou a profundidade das relações históricas que ligam a Palestina e os países africanos na sua luta conjunta contra os regimes coloniais.
O ministro dos Negócios Estrangeiros palestino, Riyad Al-Maliki, apresentou hoje um pedido solicitando ao Tribunal Penal Internacional que investigue as violações dos direitos humanos ligadas às políticas de colonização de Israel.
Al-Maliki, que se deslocou à Holanda para o acto, declarou que a Autoridade Palestina queria que fosse aberta uma investigação «sem demora».
O pedido palestino refere-se à transferência forçada de palestinos, assassínios ilegais, apropriação ilegal de terras e propriedades, demolição de casas e outras propriedades palestinas, repressão da dissidência por meio da morte ilegal de manifestantes pacíficos e da política de detenção arbitrária em massa e tortura.
O ministro reuniu-se com a procuradora do TPI, Fatou Bensouda, uma semana depois de mais de 60 palestinos desarmados serem sido mortos por balas israelitas quando participavam em protestos ao longo da linha de separação entre a Faixa de Gaza e Israel.