Israel expulsa de Hebron força internacional de observação após 20 anos de presença
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou esta segunda-feira que Israel cancelou a missão da Presença Temporária Internacional em Hebron (TIPH — Temporary International Presence in Hebron).
«Não permitiremos a presença de uma força internacional que opera contra nós», declarou Netanyahu.
A missão inclui cerca de 60 observadores da Noruega, Suécia, Itália, Suíça e Turquia. O seu mandato, renovado de seis em seis meses, deveria terminar a 31 de Janeiro próximo.
A TIPH surgiu na sequência do massacre da Mesquita de Ibrahimi, em Hebron, em Fevereiro de 1994, em que o colono judeu Baruch Goldstein assassinou 29 palestinos que rezavam dentro da mesquita.
Foi criada em 1997 como parte do Protocolo de Hebron dos Acordos de Oslo, que dividiu a cidade em duas partes: H1, a área controlada pela Autoridade Palestina, que compreende cerca de 80% da cidade e onde vivem cerca de 175 000 palestinos; e H2, a área controlada por Israel, onde cerca de 500 a 800 colonos judeus israelitas vivem no meio de 40 000 palestinos.
Desde a criação por colonos israelitas de um colonato no centro da cidade de Hebron, Israel submeteu os habitantes palestinos a severas restrições de movimento e construiu uma série de checkpoints (postos de controlo) militares.
Israel «impôs a segregação física e jurídica entre as centenas de colonos e os milhares de palestinos residentes» em Hebron, segundo a organização israelita B'Tselem (Centro de Informação para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados). «Isso, juntamente com a violência dos colonos e das forças de segurança, tornou a vida intolerável para os palestinos, levando a um êxodo em massa e à ruína económica do centro da cidade.»
Em Dezembro passado o diário israelita Haaretz noticiou um relatório confidencial elaborado pela TIPH, citando numerosas violações do direito internacional por Israel. O relatório baseava-se nomeadamente em mais de 40.000 «relatórios de incidentes» compilados ao longo de 20 anos anos pela equipa do TIPH, confirmando que Hebron é uma cidade dilacerada pela ocupação civil e militar israelita.
A Autoridade Palestina protestou contra a decisão do governo israelita de não renovar o mandato da TIPH. Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente da AP, Mahmoud Abbas, declarou que tal significa que «ele abandonou a aplicação de acordos assinados sob auspícios internacionais e as suas obrigações decorrentes desses acordos», acrescentando: «Esta é uma prova para a comunidade internacional de que Israel não respeita as resoluções internacionais e os acordos firmados sob os auspícios internacionais. É uma continuação da política de escalada israelita contra o nosso povo e a nossa terra.»