EUA fecham consulado de Jerusalém, canal diplomático com os palestinos
Os Estados Unidos fecharam hoje oficialmente o seu consulado em Jerusalém, que é fundido na embaixada dos EUA em Israel. O consulado servia sobretudo palestinos, e durante décadas funcionou como principal canal de comunicação entre o governo estado-unidense e a direcção palestina.
Anteriormente o consulado reportava os assuntos palestinos directamente a Washington. Agora o seu pessoal foi integrado na embaixada dos EUA em Israel como «Unidade de Assuntos Palestinos», sob a autoridade do embaixador David Friedman, que é um feroz inimigo dos palestinos e desde há muito apoia e angaria fundos para o movimento dos colonos israelitas na Cisjordânia.
O governo dos EUA reconheceu Jerusalém como capital de Israel em Dezembro de 2017 e transferiu a sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém em Maio de 2018.
Israel considera Jerusalém na sua totalidade como sua capital indivisa, incluindo Jerusalém Oriental, que ocupou na guerra de 1967 e cuja anexação mais tarde declarou. Essa anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional e pela ONU, que considera Jerusalém Oriental território palestino ocupado. A decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel é por isso contrária ao direito internacional.
Os palestinos reivindicam que Jerusalém Oriental seja a capital do seu futuro Estado independente, nas fronteiras anteriores à ocupação israelita de 1967.
«Este é o último prego no caixão» do papel dos EUA na promoção da paz, afirmou Saeb Erekat, secretário-geral do Comité Executivo da da Organização de Libertação da Palestina (OLP).
Por seu lado, Hanan Ashrawi, membro do Comité Executivo da OLP, declarou que a fusão do consulado dos EUA em Jerusalém com a Embaixada dos EUA em Israel «não é uma decisão administrativa», mas sim um acto de agressão política aos direitos e identidade dos palestinos e uma negação do estatuto e da função histórica do consulado, que remonta a quase duzentos anos.
O rebaixamento do estatuto do consulado surge na sequência de uma série de medidas estado-unidenses hostis aos palestinos.
O governo dos EUA cortou centenas de milhões de dólares em ajuda humanitária aos palestinos, incluindo assistência a hospitais, cortou o financiamento à UNRWA, a agência da ONU de assistência aos refugiados palestinos, e no Outono passado encerrou a missão diplomática palestina em Washington.
O presidente Trump anunciou há dois anos um «acordo do século» para resolver a questão israelo-palestina. A revelação do plano tem vindo a ser sucessivamente adiada, mas no mês passado foi anunciado que ele seria desvendado após as eleições israelitas de Abril. Jared Kushner, genro de Trump, tem desenvolvido intensa actividade para a preparação desse misterioso acordo, que, segundo todas as «fugas de informação» que visam preparar o terreno, seguiria em toda a linha as posições israelitas e exigiria dos palestinos a renúncia total aos seus legítimos direitos nacionais.