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Milhares de pessoas manifestaram-se na sexta-feira 30 de Setembro no centro da capital da Jordânia, Amman, para protestar contra um contrato para a compra de gás israelita pela Jordânia. Os opositores ao acordo caracterizam-no uma concessão à «entidade sionista» e contrário aos interesses jordanos. O governo da Jordânia, em que mais de 60% da população é de origem palestina, foi acusado de assinar o negócio «à porta fechada» e contra os desejos da nação.
Este protesto é o quarto em quatro dias. Na quinta-feira, os serviços de segurança impediram uma outra manifestação em Irbid.
Durante a manifestação, convocada pela Campanha Nacional contra o Contracto do Gás com a Entidade Sionista, os participantes entoaram palavras de ordem como «O gás da ocupação é ocupação» e «O povo quer cancelar o contracto [do gás]».
No dia 30 de Setembro de 2016, dirigentes mundiais participaram no funeral de Shimon Peres, elogiado como promotor da paz e classificado por Barack Obama como um «gigante» do século XX.
Há precisamente 16 anos, no dia 30 de Setembro de 2000, Muhammad Al-Durrah, um menino de 12 anos, foi morto a tiro em Gaza por forças israelitas, enquanto o seu pai, Jamal Al-Durrah, tentava protegê-lo por trás de um bloco de cimento.
Shimon Peres fazia parte do governo que permitiu a visita, dois dias antes, de Ariel Sharon ao complexo de Al-Aqsa, provocação que desencadeou o início da Intifada de Al-Aqsa, durante a qual, segundo números da organização de direitos humanos israelita B'Tselem, 4745 palestinos foram mortos por forças de segurança de Israel e 44 palestinos foram mortos por civis israelitas (até 30 de Abril de 2008).
 
O ex-presidente israelita, Shimon Peres, morreu quarta-feira, 28 de Setembro, aos 93 anos de idade.
Peres nasceu na actual Bielorrússia em 1923, e a sua família mudou-se para a Palestina nos anos 30. Ainda jovem, Peres juntou-se à Haganah, a milícia que foi a principal responsável pela limpeza étnica de aldeias palestinas em 1947-1949, durante a Nakba.
Apesar da expulsão violenta dos palestinos ser um facto histórico, Peres afirmou que antes de Israel existir «não havia nada aqui».
Durante sete décadas, Peres foi primeiro-ministro (duas vezes) e presidente da República, foi membro de 12 governos e exerceu as funções de ministro das Finanças, da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.
É muito conhecido no Ocidente pelo seu papel nas negociações que conduziram aos Acordos de Oslo de 1993, que lhe valeram, juntamente com Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, o Prémio Nobel da Paz. A sua carreira, porém, desmente a reputação de «pomba».
Israel deve usar a agitação do período da eleição presidencial nos Estados Unidos para anexar colonatos na Margem Ocidental, afirmou em entrevistas na segunda-feira o ministro da Educação israelita, Naftali Bennett, noticia o jornal Jerusalem Post.
«Eu vejo isto como um período de oportunidade para tomar medidas no que respeita ao futuro da Judeia e Samaria» [como Israel designa os territórios palestinos da Margem Ocidental ocupados desde 1967], afirmou à Rádio Israel. Bennett disse que, independentemente de quem entre na Casa Branca, a anexação é algo que tem de acontecer.
Vão no mesmo sentido as afirmações feitas um dia antes por David Friedman, um consultor israelita de Donald Trump, em relação à plataforma do Partido Republicano: «Já não há nenhuma referência a uma solução de dois Estados. Há uma declaração afirmativa de que Israel não é um ocupante com respeito à Judeia e à Samaria.»
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, realizou domingo, em Nova Iorque, encontros separados com os dois candidatos presidenciais americanos, Donald Trump e Hillary Clinton. Recebeu de ambos declarações que competem no apoio à política do Estado sionista.
Uma administração Trump, afirma um comunicado de imprensa, aceitaria «reconhecer Jerusalém como a capital indivisa do Estado de Israel». Além disso, contrariando especulações de que iria cortar a assistência militar a Israel, Trump afirma que «a ajuda militar fornecida a Israel e a cooperação de defesa por mísseis com Israel são um investimento excelente para América».
Trump, o candidato republicano, disse a Netanyahu que, se for eleito, «haverá uma extraordinária cooperação estratégica, tecnológica, militar e de informações entre os dois países», acrescentando que Israel é «um parceiro vital dos Estados Unidos na guerra global contra o terrorismo islâmico radical».
Mais de 1000 menores palestinos foram detidos por forças israelitas desde o início do ano, informou este sábado o Palestinian Committee of Prisoners Affairs (Comité Palestino de Assuntos dos Presos), um aumento relativamente a 2015.
O Comité relata que pelo menos 1000 menores palestinos entre as idades de 11 e 18 anos foram detidos por Israel desde Janeiro, incluindo cerca de 70 crianças de Jerusalém Oriental ocupado que foram colocadas em prisão domiciliária.
Em Agosto o Comité tinha já anunciado que as forças israelitas tinham detido 560 crianças Jerusalém Oriental ocupado desde o início de 2016.
Segundo o Comité, as forças israelitas prenderam 30 adolescentes palestinos em Agosto, alguns de apenas 13 anos. A maioria dos detidos disseram que foram agredidos e torturados durante a sua detenção, interrogatório e transporte de um centro de detenção para outro.
Yasser Thiyab Hamduna, de 41 anos, morreu no domingo de manhã na prisão israelita de Ramon na sequência de um derrame cerebral.
Após a sua morte, milhares de presos palestinos em várias prisões e centros de detenção israelitas declararam três dias de luto e greve da fome, protestando contra as ilegais políticas israelitas que lhes negam tratamento médico especializado e profissional.
O exército israelita introduziu mais unidades nas prisões e selou e isolou completamente as suas várias secções, tentando impedir os presos de organizarem os protestos.
Yasser Thiyab Hamduna sofria de uma série de problemas de saúde, incluindo falta de ar, problemas cardíacos e dores agudas no ouvido esquerdo. Em 2003 foi severamente agredido por guardas prisionais, e desde então fora internado várias vezes na clínica prisional de al-Ramla devido ao agravamento do seu estado de saúde.
No seu livro Mapping My Return: A Palestinian Memoir [Cartografando o meu Regresso: Uma Memória Palestina] (American University in Cairo Press, Junho de 2016), Salman Abu Sitta, hoje com 78 anos, relata a sua história de expulsão — um eco das histórias de sete milhões de refugiados palestinos — e contextualiza a ocupação israelita da Palestina no quadro da colonização sistemática e da limpeza étnica que, começando em 1947, continuou até ao dia de hoje.
Abu Sitta é engenheiro de profissão, mas também historiador, cartógrafo, ex-membro do Conselho Nacional Palestino (parlamento palestino no exílio), fundador e presidente da Palestinian Land Society (Sociedade Palestina da Terra). Deve-se-lhe a obra pioneira Atlas of Palestine 1948.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, exortou a comunidade internacional a fazer de 2017 «o ano internacional para terminar a ocupação por Israel da nossa terra e do nosso povo», no seu discurso desta quinta-feira na 71.ª sessão da Assembleia Geral das Organização das Nações Unidas.
Abbas declarou que 2017 marcará os 50 anos desde que o regime israelita realizou a sua «repugnante» ocupação dos territórios palestinos após a guerra de 1967, apelando à comunidade internacional para que faça mais para alcançar o objectivo há muito perseguido de criar um Estado palestino independente. «Não há nenhuma maneira de derrotar o terrorismo e o extremismo, nenhuma maneira de alcançar a segurança e a estabilidade na nossa região sem pôr fim à ocupação israelita da Palestina e assegurar a liberdade e a independência do povo palestino», afirmou.
Na sua intervenção na 71ª Assembleia Geral das Nações Unidas, que está a decorrer em Nova Iorque, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu uma solução para a questão palestina que passa pelo cumprimento das Resoluções das Nações Unidas e pela criação de um Estado Palestino.
Transcrevemos o extracto da sua intervenção em que se refere a este assunto:
«Onde a paz continua a não ter uma oportunidade, é na questão israelo-palestiniana. Por isso mesmo, quero aqui reafirmar o pleno apoio de Portugal aos esforços internacionais para a retoma do processo negocial. Esperamos uma solução sustentável para o conflito, com base nas Resoluções das Nações Unidas, que consagre um Estado Palestiniano soberano, independente e viável, vivendo lado a lado com o Estado de Israel, cujas legítimas aspirações de segurança têm que ser garantidas.»

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