ONU expressa «profunda preocupação» com agravamento da crise humanitária em Gaza

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR) expressou ontem, 11 de Agosto, «preocupação» com a situação cada vez mais grave na Faixa de Gaza sitiada.
A crise política em Gaza está a privar os seus dois milhões de habitantes de electricidade, cuidados de saúde vitais e água limpa durante este Verão de temperaturas sufocantes, afirmou o OHCHR.
«Estamos profundamente preocupados com a constante deterioração das condições humanitárias e de protecção dos direitos humanos em Gaza», afirmou a porta-voz de direitos humanos da ONU, Ravina Shamdasani, em entrevista colectiva em Genebra. «Israel, o Estado da Palestina e as autoridades de Gaza não estão a cumprir as suas obrigações de promover e proteger os direitos dos habitantes de Gaza. Israel, como potência ocupante, tem responsabilidade à luz do direito internacional humanitário de garantir o bem-estar da população.»
«No pino do Verão, com temperaturas elevadas, o fornecimento de electricidade não subiu acima de seis horas por dia desde o início da actual crise, em Abril, e muitas vezes tem sido de menos de quatro horas. … Isso tem um grave impacto sobre a prestação de serviços essenciais de saúde, água e saneamento», disse Shamdasani, acrescentando que os cortes de energia em larga escala eram um perigo de vida para os habitantes.
As famílias só podem comprar abastecimentos para cada dia, porque não têm a possibilidade de armazenar produtos no frigorífico, especialmente carne e produtos lácteos.
Por outro lado, funcionários hospitalares queixam-se de escassez aguda de medicamentos. O Ministério da Saúde de Gaza diz que cerca de 40% dos medicamentos essenciais acabaram, especialmente para doentes com cancro, fibrose cística e insuficiência renal.
O pequeno território costeiro, com dois milhões de habitantes, está sujeito a um completo e sufocante bloqueio por Israel desde há dez anos, além de sucessivas agressões militares. O Egipto, o único outro vizinho de Gaza, contribui para manter o bloqueio.
A Autoridade Palestina, liderada pela Fatah, tem sido acusada de agravar deliberadamente a catástrofe humanitária na Faixa de Gaza a fim de pressionar o Hamas a ceder o governo do território. Em Maio a AP decidiu cortar o financiamento ao combustível israelita para Gaza, enquanto as autoridades israelitas acederam ao pedido da AP para reduzir drasticamente o fornecimento de electricidade a Gaza. A AP cortou o financiamento para medicamentos, reduziu os salários dos funcionários públicos e ex-prisioneiros e forçou numerosos trabalhadores à reforma antecipada.
No passado, desde que entraram em conflito violento em 2007, foram feitas inúmeras tentativas para reconciliar o Hamas e a Fatah. No entanto, as promessas de reconciliação falharam sempre, e ambos os movimentos se culpam mutuamente pelo fracasso.
No passado mês de Junho, o movimento de esquerda Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) criticou o Hamas e a Fatah pelas medidas punitivas recíprocas tomadas pelas duas facções, afirmando que «o preço que o povo palestino paga na Faixa de Gaza é muito mais precioso e importante do que os estreitos ganhos partidários que são alcançados jogando com as vidas de palestinos inocentes».
 
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