Resistência, Política e Sociedade Palestinas

Uma mulher palestina construiu um centro de lazer utilizando sucata abandonada nas praias da Faixa de Gaza sujeita a bloqueio.

Hena Al-Gul é uma activista e empresária que quer aumentar a consciência social na sociedade palestina, salientando a importância dos recursos naturais e do ambiente.

O centro de lazer acolhe as pessoas com cadeiras feitas de pneus de automóveis, janelas que reciclam vidros de portas de máquinas de lavar roupa e tintas extraídas de tecidos e de fios.

«Há muito desperdício em Gaza», diz Hena à agência Anadolou, citada pelo Middle East Monitor, acrescentando que «é importante encontrar coisas que podem usadas com utilidade». «A limpeza da Faixa e das suas praias é de importância vital», acrescenta ela.

Um homem palestino foi hoje morto e muitos outros feridos a tiro quando as forças de ocupação israelitas atacaram centenas de palestinos que se manifestavam contra a construção por Israel de um posto avançado de colonização ilegal perto da aldeia de Beita, distrito de Nablus, na Cisjordânia ocupada, noticia a agência Wafa.

Emad Ali Dwaikat, 37 anos, pai de cinco filhos, foi morto a tiro, enquanto pelo menos 20 outros, incluindo um operador de câmara, sofreram ferimentos provocados por tiros de fogo real durante os confrontos. Muitos outros manifestantes sofreram asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Há mais de quatro meses que a aldeia de Beita tem testemunhado protestos quase diários contra a construção por Israel de um posto avançado de colonização ilegal perto da aldeia, chamado Evaytar, erguido em terras de propriedade palestina.

Segundo um relatório do OCHA (Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários), desde o início deste ano, as forças de ocupação israelitas mataram 50 palestinos, incluindo 11 crianças, na Cisjordânia ocupada.

Durante o mesmo período, na Cisjordânia ocupada, pelo menos 11 232 outros palestinos foram feridos incluindo 584 crianças.

A estes números há que somar os 260 mortos e 2200 feridos palestinos durante a agressão israelita contra Gaza em Maio passado.

O relatório cobre em detalhe o período entre 8 e 28 de Julho, no qual as forças de ocupação israelitas mataram quatro palestinos, incluindo duas crianças, e feriram 1090 outros, incluindo 141 crianças.

Um dos mais recentes pontos de atrito é o novo colonato ilegal israelita conhecido como Evyatar, localizado perto da aldeia de Beita, no distrito de Nablus, na Cisjordânia.

Forças paramilitares israelitas assaltaram a sede da Defense for Children International – Palestine, em Al-Bireh, a sul de Ramala, na madrugada de ontem, 29 de Julho, e confiscaram computadores, discos rígidos e ficheiros de crianças palestinas presas representadas pelos advogados da DCIP nos tribunais militares de Israel.

Não foram deixados quaisquer documentos que justificassem o motivo da rusga nem foi deixado nenhum recibo do material apreendido.

«Este último acto das autoridades israelitas faz parte de uma campanha contínua para silenciar e eliminar organizações da sociedade civil palestina e de direitos humanos como a DCIP», disse Khaled Quzmar, director-geral da DCIP. «As autoridades israelitas devem pôr imediatamente termo aos esforços destinados a deslegitimar e criminalizar os defensores dos direitos humanos palestinos e as organizações da sociedade civil, e a comunidade internacional deve responsabilizar as autoridades israelitas.»

As autoridades israelitas recusaram-se a libertar a deputada e dirigente política palestina Khalida Jarrar para assistir ao funeral da sua filha Suha.

Suha Ghassan Jarrar, de 31 anos, investigadora e activista da organização palestina de direitos humanos Al-Haq, morreu de ataque cardíaco na sua casa em Ramala, no domingo à noite.

Grupos de direitos humanos, bem como deputados árabes israelitas, tinham pedido ao Ministro da Segurança Pública israelita, Omer Barlev, que concedesse a Khalida Jarrar uma licença para assistir ao funeral da sua filha.

No mesmo sentido, o Major-General Qadri Abu Bakr, da Comissão Palestina para os Assuntos dos Prisioneiros, tinha pedido a intervenção do Comité Internacional da Cruz Vermelha e a Al-Haq tinha enviado um apelo urgente às Nações Unidas.

Num obituário, a Al-Haq disse que Suha era «uma acérrima defensora dos direitos do povo palestino à autodeterminação, liberdade e dignidade».

O destacado activista político palestino Nizar Banat morreu na madrugada da passada quinta-feira na sequência da sua detenção pelas forças da Autoridade Palestina (AP) na sua residência em Dura, no distrito de Hebron.

A morte de Banat, que tinha 45 anos, foi recebida com protestos nas ruas da Cisjordânia, bem como com críticas de organizações de direitos humanos e de facções palestinas, que apelaram a uma investigação independente.

O governador de Hebron, Jibreen al-Bakri, disse que «a saúde de Banat se deteriorou» quando uma força dos serviços de segurança o foi prender no início da quinta-feira. Acrescentou que ele foi levado para um hospital onde mais tarde foi declarado morto.

Um rapaz palestino de 15 anos, Mohammad Said Hamayel, foi ontem morto a tiro pelas forças de ocupação israelitas em Beita, a sul de Nablus, na Cisjordânia ocupada, durante um protesto público contra a construção de um posto avançado israelita, perto da aldeia.

O comício não violento foi convocado depois de um grupo de colonos israelitas ter instalado mais de 20 casas móveis ou caravanas no topo do Monte Sabih, como prelúdio para tomar conta de todo o monte e estabelecer um posto avançado colonial, ameaçando a subsistência de pelo menos 17 famílias palestinas que dependem da colheita das suas azeitonas nas terras que possuem há gerações.

Segundo o Crescente Vermelho Palestino as forças israelitas, além de atingirem mortalmente Mohammad, feriram pelo menos 11 participantes com munições reais e outros 16 com balas revestidas de borracha, enquanto várias dezenas foram sufocados por gás lacrimogéneo.

A Amnistia Internacional condenou, nesta quarta-feira, a decisão das autoridades de ocupação israelitas de encerrar os Comités de Trabalho em Saúde (HWC) considerando que isso terá consequências catastróficas para as necessidades sanitárias dos palestinos nos Territórios Palestinos Ocupados (TPO).

Na madrugada do dia 9 de Junho, as forças de ocupação israelitas invadiram a sede dos HWC em al-Bireh, Ramala. A Directora-Geral, Shatha Odeh, relatou que soldados israelitas fortemente armados derrubaram a porta principal da sede e irromperam no seu interior, adulterando e danificando a maior parte do seu conteúdo e apreendendo quatro computadores, tendo afixado uma ordem militar para fechar o edifício durante seis meses, renováveis.

A polícia israelita deteve 1700 palestinos em Israel durante as últimas duas semanas, informou a Agência Anadolu na sexta-feira, acrescentando que foram registadas 300 agressões contra árabes e as suas propriedades.

De acordo com o Comité de Emergência Árabe, que está filiado no Alto Comité para os Cidadãos Árabes em Israel, estas detenções e agressões inserem-se na violenta repressão israelita contra os protestos levados a cabo por cidadãos árabes contra a agressão israelita à Mesquita Al-Aqsa e em solidariedade com a Faixa de Gaza.

O Comité de Emergência Árabe confirmou que está a documentar a agressão israelita e as detenções de cidadãos árabes em Israel. O comité fez notar que a campanha de detenções ainda não parou, afirmando que cerca de 100 cidadãos árabes estão a ser detidos todos os dias.

O comité também documentou mais de 150 agressões a indivíduos levadas a cabo pela polícia israelita ou por bandos de colonos.

O Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, durante uma sessão especial realizada ontem, aprovou a criação de uma comissão de inquérito internacional independente e permanente para investigar a prática de crimes contra a humanidade no contexto da recente agressão israelita a Gaza, bem como as causas subjacentes.

A Resolução foi aprovada com 24 votos a favor, nove contra e 14 abstenções (*).

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