Política e Sociedade de Israel

O MPPM condena com veemência a celebração do «Memorando de Entendimento sobre Cooperação no Domínio do Mar e da Água» assinado no passado dia 22 pela ministra do Mar de Portugal, Ana Paula Vitorino, e pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Espaço de Israel, Ofir Akunis.

O memorando, afirma o comunicado oficial, visa reforçar as colaborações científicas e aumentar o intercâmbio de conhecimentos e de cientistas entre Portugal e Israel, visando nomeadamente a protecção dos oceanos, a promoção do crescimento económico azul e a redução dos gases com efeito de estufa.

A coberto de uma colaboração científica e de preocupações ambientais, que seriam politicamente neutras, estamos perante um efectivo branqueamento pela ministra do Mar, e pelo Governo, da criminosa política de Israel relativamente ao povo palestino, também no que diz respeito ao mar e às questões ambientais.

Entre muitas outras questões, não é possível ignorar que Israel continua a controlar e a abusar dos recursos hídricos que...

Os cidadãos palestinos de Israel assinalaram nesta segunda-feira o aniversário dos acontecimentos de Outubro de 2000, nos quais 13 cidadãos árabes israelitas foram mortos pelas forças policiais do regime sionista.
O Alto Comité de Acompanhamento para os Cidadãos Árabes [Palestinos] de Israel, organismo que inclui representantes de todos os partidos e movimentos políticos dos palestinos cidadãos de Israel, apelou a uma greve geral em todas as comunidades, incluindo o sector de educação. Um comunicado conjunto do Alto Comité e do Conselho dos Presidentes de Câmara Árabes especificou que este ano a greve também seria um protesto contra a «lei do Estado-nação».
Esta lei de carácter constitucional, aprovada a 19 de Julho, confirma o carácter confessional e segregacionista do Estado de Israel e institucionaliza a discriminação de que sofrem os cidadãos não judeus de Israel, nomeadamente os palestinos, que constituem 20% da população e são os descendentes dos palestinos que permaneceram nas...

No 15.º aniversário do falecimento de Edward Said, o MPPM divulga este artigo, publicado logo após a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993, em que o grande intelectual palestino faz uma análise muito crítica daqueles acordos. Agora que parte da euforia já se foi, é possível reexaminar o acordo entre Israel e a OLP com o bom senso exigido. O que emerge de tal escrutínio é um acordo que é mais defeituoso e, para a maioria do povo palestino, mais desfavoravelmente desequilibrado do que muitos inicialmente supunham. As vulgaridades, dignas de uma exibição de moda, da cerimónia na Casa Branca, o espectáculo degradante de Yasser Arafat agradecendo a todos pela suspensão da maioria dos direitos do seu povo e a solenidade tola do desempenho de Bill Clinton, como um imperador romano do século XX pastoreando dois reis vassalos pelos rituais de reconciliação e obediência: tudo isso apenas temporariamente oculta as proporções verdadeiramente assombrosas da capitulação palestina.Então, primeiro...

Artigo publicado em Orient XXI em 16 de Agosto de 2018
Desde há meses que Jeremy Corbyn é alvo de uma campanha orquestrada pelo lobby pró-israelita no Reino Unido, com o apoio da ala direita do seu próprio partido (Partido Trabalhista) e do Partido Conservador. É regularmente acusado de anti-semitismo. Aquele que assim é visado é um dos dirigentes políticos europeus que denunciou constante e persistentemente, apesar de todas as chantagens, a ocupação israelita, os assassínios em Gaza, a política do governo de Benjamin Netanyahu.
O último episódio destas polémicas data de há alguns dias e é relatado, em termos mais do que discutíveis, pelo diário Le Monde:
«Benjamin Netanyahu interveio, na segunda-feira, 13 de Agosto, na controvérsia sobre o anti-semitismo que dilacera o Partido Trabalhista britânico. No Twitter, o primeiro-ministro israelita pediu uma “condenação inequívoca” de Jeremy Corbyn, o líder do Labour. Este é acusado de em 2014 ter deposto uma coroa de flores no túmulo dos...

O MPPM lamenta o falecimento, no passado dia 20 de Agosto, de Uri Avnery, que dedicou a sua vida à causa da paz entre israelitas e palestinos. Nascido na Alemanha em 1923, com o nome de Helmut Ostermann, Uri Avnery emigrou com a família para a Palestina do Mandato Britânico em Novembro de 1933, poucos meses depois de Hitler subir ao poder.Em 1938, com 15 anos, Uri Avnery aderiu ao Irgun, um grupo sionista de extrema-direita, mas rapidamente se desiludiu com a sua retórica e prática anti-árabe.Antes da criação de Israel, Avnery acreditava num Estado único para todos os habitantes da Palestina, judeus e árabes. Porém, após participar na guerra israelo-árabe de 1948-1949, de onde regressou ferido, convenceu-se da necessidade da coexistência no território da Palestina de dois Estados, incluindo, portanto, um Estado da população árabe palestina. Como diria mais tarde, «A Guerra convenceu-me de que existe um povo palestino e de que a paz tem que ser construída primeiro que tudo com eles».Foi...

Artigo publicado no Haaretz em 12 de Agosto de 2018 Para Uri AvneryEnquanto a sede de sangue tomava conta dos órgãos de comunicação social, enquanto o comentador Shimon Riklin escrevia no Twitter: «Nós queremos que vocês matem terroristas, e tantos quantos possível, até que os gritos das suas famílias superem seu doentio instinto homicida»; enquanto o ministro Yoav Galant, um homem cujas mãos estão manchadas com uma grande quantidade de sangue de Gaza, declarava com lirismo bíblico, «eu vou perseguir os meus inimigos e apanhá-los, eu não vou voltar até que eles estarem acabados ”; enquanto Yair Lapid escrevia: «A IDF deve atingi-los com toda a sua força, sem hesitar, sem pensar» — enquanto tudo isto acontecia, Inas e Bayan Khammash eram assassinadas.Elas eram mãe e filha. Inas tinha 23 anos, estava no nono mês de gravidez; Bayan era uma bebé de 18 meses. Elas foram mortas quando um míssil atingiu a sua casa, um apartamento alugado num prédio de um andar em Dir al-Balah, na Faixa de...

Dezenas de milhares de pessoas, judeus e palestinos de Israel, manifestaram-se na noite de sábado em Tel Aviv, para protestarem contra a lei racista do «Estado-nação».Esta lei de carácter constitucional, aprovada a 19 de Julho, define que «o direito de exercer a autodeterminação nacional no Estado de Israel é exclusivo do povo judeu», ou seja, institucionaliza a discriminação de que sofrem os cidadãos não judeus de Israel, nomeadamente os palestinos, que constituem 20% da população e são os descendentes dos palestinos que permaneceram nas suas terras após a criação do Estado de Israel. Centenas de milhares de outros foram expulsos numa vasta campanha de limpeza étnica. A lei prescreve ainda que a língua do Estado é o hebraico, relegando o árabe para uma posição secundária. Numa palavra, confirma o carácter confessional e segregacionista do Estado de Israel.Os manifestantes desfilaram da Praça Rabin até ao Museu de Arte de Tel Aviv, onde às 20 horas teve lugar um comício sob o lema...

Artigo publicado no Haaretz em 27 de Junho de 2018Ahmad Tibi é vice-presidente do Knesset (parlamento de Israel). É deputado da Lista Conjunta (coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista) A foto que imortalizou o último encontro entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e a equipa de Trump para o Médio Oriente era muito reveladora: dos cinco homens na foto, quatro eram judeus estado-unidenses. Todos os cinco viveram durante décadas ou durante toda a vida nos EUA. Todos os cinco são convictos sionistas de direita. Todos os cinco apoiaram os colonatos israelitas em território ocupado, política e financeiramente; todos os cinco opõem-se à solução de dois Estados; todos os cinco opõem-se à igualdade entre israelitas e palestinos; e todos os cinco identificam-se com os sectores mais recalcitrantes do Partido Republicano. Como é que eles conseguem a quadratura do círculo de rejeitarem a igualdade para todos os que vivem sob o controlo de Israel mas ao mesmo...

Artigo publicado em Orient XXI em 10 de Julho de 2018 Muitos leitores do Le Monde terão ficado surpreendidos ao descobrir uma comparação, da autoria do historiador Zeev Sternhell, eminente especialista do fascismo, entre Israel de hoje e a Alemanha dos primórdios do nazismo. É que a maioria dos principais meios de comunicação social acompanhou muito pouco a inquietante radicalização da coligação de direita e extrema-direita que dirige Israel desde 2015.Este fenómeno comporta três dimensões principais.O Estado-nação do povo judeuA primeira e principal dimensão diz respeito ao projecto colonial na Palestina, que está a passar por uma viragem histórica. Até agora as autoridades israelitas, incluindo Benyamin Netanyahu desde o seu famoso discurso de 2009, fingiam aceitar a chamada perspectiva «dos dois Estados». É verdade que aceleravam a colonização — o diário israelita Haaretz deu no ano passado o número de 700 000 colonos judeus, 470 000 na Cisjordânia e 230 000 em Jerusalém Oriental —...

Daniel Barenboim, o pianista e maestro mundialmente famoso, rotulou a lei israelita do «Estado-nação do povo judeu» como «uma forma muito clara de apartheid».
«Hoje tenho vergonha de ser israelita», escreveu Barenboim num artigo de opinião publicado no jornal «Haaretz». A lei, afirma, «confirma a população árabe como cidadãos de segunda classe».
A lei foi aprovada por 62 votos a favor, 55 contra e duas abstenções no Knesset (parlamento isarelita), de 120 membros, após meses de discussões políticas.
A lei dá aos judeus a supremacia sobre todos os cidadãos israelitas não-judeus, razão por que os seus críticos, sobretudo os palestinos que são cidadãos de Israel, a classificam de racista.
A «lei do Estado-nação do povo judeu» concede o direito exclusivo de «autodeterminação nacional» aos judeus, onde quer que vivam, em Israel ou no estrangeiro, quer possuam cidadania israelita quer não.
A lei não considera iguais perante a lei os cidadãos não-judeus de Israel, incluindo os palestinos...