Política e Sociedade de Israel

Dezenas de milhares de pessoas, judeus e palestinos de Israel, manifestaram-se na noite de sábado em Tel Aviv, para protestarem contra a lei racista do «Estado-nação».
Esta lei de carácter constitucional, aprovada a 19 de Julho, define que «o direito de exercer a autodeterminação nacional no Estado de Israel é exclusivo do povo judeu», ou seja, institucionaliza a discriminação de que sofrem os cidadãos não judeus de Israel, nomeadamente os palestinos, que constituem 20% da população e são os descendentes dos palestinos que permaneceram nas suas terras após a criação do Estado de Israel. Centenas de milhares de outros foram expulsos numa vasta campanha de limpeza étnica. A lei prescreve ainda que a língua do Estado é o hebraico, relegando o árabe para uma posição secundária. Numa palavra, confirma o carácter confessional e segregacionista do Estado de Israel.
Artigo publicado no Haaretz em 27 de Junho de 2018
Ahmad Tibi é vice-presidente do Knesset (parlamento de Israel). É deputado da Lista Conjunta (coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista)
 
A foto que imortalizou o último encontro entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e a equipa de Trump para o Médio Oriente era muito reveladora: dos cinco homens na foto, quatro eram judeus estado-unidenses. 
Todos os cinco viveram durante décadas ou durante toda a vida nos EUA. Todos os cinco são convictos sionistas de direita. Todos os cinco apoiaram os colonatos israelitas em território ocupado, política e financeiramente; todos os cinco opõem-se à solução de dois Estados; todos os cinco opõem-se à igualdade entre israelitas e palestinos; e todos os cinco identificam-se com os sectores mais recalcitrantes do Partido Republicano. 
Artigo publicado em Orient XXI em 10 de Julho de 2018
 
Muitos leitores do Le Monde terão ficado surpreendidos ao descobrir uma comparação, da autoria do historiador Zeev Sternhell, eminente especialista do fascismo, entre Israel de hoje e a Alemanha dos primórdios do nazismo. É que a maioria dos principais meios de comunicação social acompanhou muito pouco a inquietante radicalização da coligação de direita e extrema-direita que dirige Israel desde 2015.
Este fenómeno comporta três dimensões principais.
O Estado-nação do povo judeu

Daniel Barenboim, o pianista e maestro mundialmente famoso, rotulou a lei israelita do «Estado-nação do povo judeu» como «uma forma muito clara de apartheid».
«Hoje tenho vergonha de ser israelita», escreveu Barenboim num artigo de opinião publicado no jornal «Haaretz». A lei, afirma, «confirma a população árabe como cidadãos de segunda classe».
A lei foi aprovada por 62 votos a favor, 55 contra e duas abstenções no Knesset (parlamento isarelita), de 120 membros, após meses de discussões políticas.
A lei dá aos judeus a supremacia sobre todos os cidadãos israelitas não-judeus, razão por que os seus críticos, sobretudo os palestinos que são cidadãos de Israel, a classificam de racista.
A «lei do Estado-nação do povo judeu» concede o direito exclusivo de «autodeterminação nacional» aos judeus, onde quer que vivam, em Israel ou no estrangeiro, quer possuam cidadania israelita quer não.

O MPPM denuncia a excepcional gravidade da lei «Israel como Estado-Nação do Povo Judeu», aprovada pelo parlamento israelita (Knesset) na madrugada de 19 de Julho. Esta «lei básica», ou seja, de natureza constitucional, confirma o carácter confessional e segregacionista do Estado de Israel, sublinhando a desigualdade dos cidadãos árabes palestinos relativamente aos cidadãos judeus.
 
A lei prescreve que «o Estado de Israel é o lar nacional do povo judeu» e que «o direito de exercer a autodeterminação nacional no Estado de Israel é exclusivo do povo judeu». O conjunto dos judeus do mundo inteiro, mesmo não residindo em Israel nem sendo cidadãos deste país, goza assim de direitos que são negados aos cerca de 20% da população do país – nas fronteiras do armistício de 1949 – que são os seus cidadãos árabes palestinos, ou seja, os descendentes da parte da população originária palestina que não foi expulsa em 1948.
 

A aldeia beduína de al-Araqib, na região do Negev/Naqab (Sul de Israel), foi na manhã de hoje novamente demolida por escavadoras israelitas. Trata-se da 130.ª vez que a aldeia é demolida desde 27 de Julho de 2010, sob o pretexto de que está construída numa terra que é «propriedade estatal» israelita.
No entanto, crónicas e documentos históricos provam que a aldeia foi construída durante a época otomana em terras compradas nessa época pelos moradores da aldeia.
O exército israelita forçou os habitantes da aldeia a abandonarem as suas tendas e barracas, deixando-os sem tecto. Foram demolidas todas as estruturas residenciais e agrícolas da aldeia.

Vinte e um palestinos cidadãos de Israel que protestavam contra o massacre de manifestantes palestinos desarmados na Faixa de Gaza foram presos na sexta-feira, 18 de Maio, na cidade de Haifa, no Norte de Israel. Centenas de pessoas participaram numa manifestação na cidade. 
Os manifestantes entoaram palavras de ordem em árabe enquanto desfilavam, alguns deles empunhando bandeiras palestinas.
Os organizadores da manifestação, um grupo de jovens activistas, difundiram o apelo ao protesto pelas redes sociais. Segundo os organizadores, antes do protesto alguns activistas foram «aconselhados» a não participar. 

Realizou-se hoje uma greve geral em cidades e aldeias palestinas de Israel para protestar contra a matança brutal por militares israelitas de manifestantes palestinos desarmados na zona de limite da Faixa de Gaza cercada com Israel.
O Alto Comité de Acompanhamento dos Cidadãos Árabes de Israel, organismo que representa os palestinos cidadãos de Israel, convocou para quarta-feira, 16 de Maio, uma greve geral, incluindo escolas e empresas, nas comunidades árabes de todo o país, em solidariedade com o povo de Gaza e protestando contra o massacre.
O Comité exortou a comunidade internacional a erguer a voz pelos palestinos e a tomar uma posição firme contra o terrorismo de Israel, levado a cabo sob o escudo dos EUA.

Segundo informa o jornal israelita Haaretz, mais de 20.000 pessoas participaram hoje, 19 de Abril, num desfile para assinalar a Nakba («catástrofe», em árabe), a limpeza étnica levada a cabo pelas forças sonistas antes e depois da formação do Estado de Israel, em 1948, e em que mais de 750 000 palestinos foram expulsos das suas casas e das suas terras.
A Associação para a Protecção dos Direitos dos Desalojados organizou o evento pelo 21.º ano consecutivo, coincidindo com as comemorações do «Dia da Independência» de Israel. (A independência de Israel foi proclamada a 14 de Maio de 1948, segundo o calendário gregoriano; porém, em Israel as comemorações ocorrem no dia 5 de Iyar do calendário judaico, que é de base lunissolar, sendo por isso uma data móvel.)
Artigo publicado no jornal israelita Haaretz em 3 de Abril de 2018
 
Na Faixa de Gaza, Israel mostra-se no seu pior. Esta afirmação não diminui de forma nenhuma a maldade, tanto deliberada como acidental, que caracteriza a sua política em relação aos outros palestinos — em Israel e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental. Também não diminui os horrores dos seus ataques de vingança (também conhecidos por operações de represália) na Cisjordânia antes de 1967 ou dos seus ataques contra civis no Líbano.
No entanto, em Gaza, Israel supera a sua maldade habitual. Aí em particular faz com que soldados, comandantes, burocratas e civis exibam comportamentos e traços de carácter que em qualquer outro contexto seriam considerados sádicos e criminosos ou, na melhor das hipóteses, inadequados a uma sociedade civilizada.

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