Ataques de colonos judeus contra palestinos na Cisjordânia triplicaram em 2018

A violência de colonos e activistas de direita judeus israelitas contra os palestinos na Cisjordânia ocupada triplicou no ano passado. Até meados de Dezembro, contavam-se 482 incidentes, em comparação com 140 em 2017, informa na sua edição de hoje o jornal israelita Haaretz.

Além de espancamentos e lançamento de pedras contra palestinos, os delitos mais frequentes consistiram em pintar palavras de ordem nacionalistas e anti-árabes ou antimuçulmanos, danificar casas e carros e cortar árvores pertencentes a agricultores palestinos.

Esse incidentes tinham diminuído acentuadamente em 2016 e 2017 comparativamente com os anos anteriores. As autoridades israelitas atribuem essa diminuição à sua acção após o lançamento de uma bomba incendiária contra uma casa na aldeia de Duma, na Cisjordânia ocupada. Nesse ataque foram mortos Saad e Riham Dawabsheh e o seu bebé de 18 meses, Ali; o único sobrevivente foi o filho de quatro anos do casal, Ahmed.

Após o ataque, o serviço de segurança israelita, Shin Bet, prendeu vários activistas extremistas de direita que viviam no Norte da Cisjordânia e tomou medidas que fizeram descer a taxa de violência contra os palestinos. No entanto, no último ano, os actos violentos aumentaram novamente.

Em Outubro de 2018, Aisha Mohammed Rabi, de 47 anos e mãe de oito filhos, foi morta perto de Nablus por pedras atiradas por colonos israelitas contra o carro em que viajava. Cinco estudantes de yeshivas (seminários judaicos) foram presos em ligação com a morte de Rabi, foi hoje anunciado.

A ministra da Justiça israelita, Ayelet Shaked, telefonou à mãe de um detidos, dizendo-lhe: «Mantenha-se forte», relata o Haaretz. Trata-se de mais um exemplo chocante da cumplicidade ou complacência das autoridades israelitas — e dos conselhos municipais dos colonatos — com os actos de violência dos extremistas judeus contra os palestinos.

Deve assinalar-se, além disso, que os colonatos no território palestino ocupado são todos ilegais à luz do direito internacional. Os chamados «postos avançados», de onde são originários muitos dos atacantes, são também «ilegais» à luz do próprio direitos israelita, mas nem por isso deixam de gozar de financiamentos, directos e indirectos, do Estado sionista e da protecção do exército de ocupação.

Para avaliar nas devidas proporções a «repressão» dos extremistas pelos serviços de segurança israelitas, deve também acrescentar-se que também neste caso existe diferença de tratamento relativamente a judeus e a palestinos. Os judeus estão abrangidos e são julgados ao abrigo do direito israelita, ainda que vivam no território palestino ocupado. Os palestinos da Cisjordânia estão sob a alçada e são «julgados» ao abrigo do regime militar israelita em vigor desde a ocupação, em 1967.

Depois de vários ataques contra colonos ocorridos na Cisjordânia ocupada no mês passado, os colonos israelitas aumentaram o uso dos chamados ataques de «etiqueta de preço». Registaram-se vários incidentes em estradas nas áreas de Ramala e Nablus, onde os colonos emboscaram condutores palestinos, atirando pedras contra os seus carros, causando estragos e ferindo motoristas e passageiros.

Ainda na sexta-feira passada, a ONU condenou o lançamento de pedras, no dia 25 de Dezembro, contra uma coluna de veículos em que seguia o primeiro-ministro palestino, Rami Hamdallah, que acabava de assistir à missa de Natal em Belém. Dois dos guarda-costas de Hamdallah ficaram feridos.

Cartazes em hebraico também apareceram na localidade de Huwwara, na zona de Nablus, cercada por vários colonatos israelitas ilegais, apelando à morte do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
 

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