Política e Sociedade de Israel

O recente ultimato (sob a capa de um pedido de execução imediata) de Israel para a retirada das forças de UNIFIL (United Nations Interim Force in Lebanon), para as forças militares israelitas (IDF) poderem operar a seu contento no Sul do Líbano, demonstra a agonia de um político e de um regime que perdeu, em pleno século XXI, a noção de estar inserido no concerto de nações civilizadas, representadas pela ONU, da qual faz aliás parte. Este gesto do primeiro-ministro de Israel surge na sequência de dois tanques da IDF terem destruído o portão principal da base da UNIFIL, invadindo o seu recinto, acobertando a proeza com o fumo de 100 obuses disparados à distância.

Ao assim proceder, o Governo de Israel inverte os termos do que consta:

– da Resolução do Conselho de Segurança 1655, de 31.01.2006, unanimemente aprovada;

– do artigo 3.o da Convenção de Genebra Relativa à Proteção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra, de 12.08.1949;
– e do Direito Internacional Humanitário (DIH) (t.c.p. Direito...

O MPPM condena a participação da política israelita Tzipi Livni no 10.o Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas (UNAOC), que tem lugar entre 25 e 27 de Novembro em Cascais.

Tzipi Livni tem uma longa carreira, sendo considerada uma das políticas mais poderosas do país. Pertenceu à Mossad (serviços secretos exteriores) entre 1980 e 1984.  Foi a mulher israelita que mais cargos governamentais desempenhou, participando em oito governos com três primeiros-ministros: Ariel Sharon, Ehud Olmert e Benjamin Netanyahu. Entre os cargos que desempenhou contam-se os de ministra da Justiça, ministra da Habitação, ministra da Agricultura, ministra dos Negócios Estrangeiros e vice-primeira-ministra. Foi também a líder oficial da oposição. Foi ministra dos Negócios Estrangeiros durante a Segunda Guerra do Líbano e durante a operação de Israel para destruir o reactor nuclear da Síria.

Foi acusada de crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos na Faixa de Gaza sitiada durante...

O MPPM denuncia e condena dois preocupantes factos ocorridos recentemente que comprovam que o governo e a maioria dos partidos representados na Assembleia da República estão empenhados em manter e estreitar as relações com Israel, ao contrário daquilo que política, jurídica e moralmente seria exigível.

O facto mais recente é a visita a Portugal, no início da presente semana, da vice-ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel (a primeira visita oficial após tomar posse), a qual, segundo relatos publicados em redes sociais, foi recebida pelo Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do Governo Português. Apesar de não haver referências nos meios de comunicação regularmente utilizados pelo MNE português sobre este encontro, o MPPM considera que a sua simples realização é preocupante e condenável. E é lamentável que não tenha havido igual disponibilidade por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros para receber a Relatora Especial das Nações Unidas para os...

Na passada segunda-feira o Knesset, o parlamento israelita, aprovou duas leis que pretendem pôr fim à acção da UNRWA – a agência da ONU de apoio aos refugiados palestinos – em Gaza e na Cisjordânia, culminando a interminável série de medidas com que Israel tem impunemente afrontado o sistema das Nações Unidas e escarnecido do direito internacional.

A UNRWA, criada em 1949, desempenha um papel insubstituível na assistência aos palestinos tornados refugiados na sequência da Nakba, a campanha de limpeza étnica levada a cabo pelos sionistas por ocasião da criação do Estado de Israel. É à UNRWA que cabe atribuir o estatuto de refugiado palestino sendo nessa medida um testemunho vivo do crime indelével sobre que assenta a fundação do Estado de Israel e por isso um alvo permanente de ataques de Israel, mas também da responsabilidade internacional sobre a situação dos refugiados palestinos.

Uma das leis agora aprovadas torna ilegal qualquer contacto entre funcionários israelitas e a UNRWA...

No espaço de quatro anos, no discurso sionista, António Guterres passou de quem «mais apropriadamente personifi[ca] e encarn[a] a visão de Theodor Herzl para um mundo mais seguro e mais tolerante para o povo judeu» a alguém que «será recordado como uma mancha na história da ONU.»

O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel. Katz, declarou anteontem, 1 de Outubro, na rede social X, António Guterres como persona non grata:

«Hoje, declarei o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, persona non grata em Israel e proibi-o de entrar no país.

«Quem não consegue condenar inequivocamente o hediondo ataque do Irão a Israel, como fizeram quase todos os países do mundo, não merece pisar solo israelita.

«Este é um Secretário-Geral que ainda não denunciou o massacre e as atrocidades sexuais cometidas pelos assassinos do Hamas em 7 de Outubro, nem liderou quaisquer esforços para os declarar uma organização terrorista.

«Um Secretário-Geral que dá apoio a terroristas, violadores e assassinos do...

A revelação feita pelo MPPM, no Comunicado 09/2024, de que estaria a ser preparada uma reunião entre os ministérios da Saúde de Portugal e de Israel para «discutir potenciais áreas de interesse para cooperação futura entre os dois países», suscitou questões dos grupos parlamentares do BE e do PCP a que o ministério da Saúde agora respondeu de forma lacónica: «Comunica-se, para os devidos efeitos, que não existe qualquer reunião agendada entre os Ministérios da Saúde português e israelita».

O MPPM congratula-se por saber que a reunião que estava a ser preparada para ocorrer no dia 2 de Setembro não vai ter lugar – pelo menos nessa data – e considera que isso se deve à exposição pública da insensibilidade revelada por uma tal iniciativa quando o outro interlocutor é o responsável pelo massacre de dezenas de milhar de palestinos, pela destruição de dezenas de instalações hospitalares e pelo assassinato de centenas de profissionais de saúde palestinos.

Mas se a resposta do ministério da...

É difícil mantermos a nossa bússola moral quando a sociedade a que pertencemos — tanto os líderes como os meios de comunicação social — assume uma posição de superioridade moral e espera que partilhemos com ela a mesma fúria virtuosa com que reagiu aos acontecimentos do passado sábado, 7 de Outubro.

Só há uma maneira de resistir à tentação de aderir a essa narrativa: ter compreendido, em algum momento da nossa vida — mesmo como cidadãos judeus de Israel —, a natureza colonial do sionismo e ter ficado horrorizado com as suas políticas contra o povo autóctone da Palestina.

Se tivermos entendido isso, então não vacilaremos, mesmo que as mensagens venenosas retratem os palestinos como animais ou «animais humanos». Essa mesma gente insiste em descrever o que aconteceu no sábado passado como um «Holocausto», insultando assim a memória de uma grande tragédia. Estes sentimentos estão a ser transmitidos, dia e noite, pelos meios de comunicação social e pelos políticos israelitas.

Foi esta bússola...

A legitimidade de Israel, e de facto a sua própria viabilidade, assenta em dois pilares principais.

Em primeiro lugar, o pilar material, que inclui o seu poderio militar, as suas capacidades de alta tecnologia e um sistema económico sólido.

Estes factores permitem que o Estado construa uma forte rede de alianças com países que gostariam de beneficiar do que Israel tem para oferecer: armas, securitização, spyware, conhecimento de alta tecnologia e sistemas modernizados de produção agrícola.

Em troca, Israel pede não apenas dinheiro mas também apoio contra a degradação da sua imagem internacional.

Em segundo lugar, o pilar moral. Este aspecto foi particularmente importante nos primeiros tempos do projecto e do Estado sionistas.

Israel vendeu ao mundo uma narrativa dupla: primeiro, que a criação de Israel era a única panaceia para o anti-semitismo; segundo, que Israel era construído num lugar que religiosa e culturalmente pertencia ao povo judeu.

De início, a presença de uma população autóctone...

A propósito da visita a Portugal da Batsheva Dance Company, o MPPM chama a atenção para a verdadeira natureza do seu apoiante Estado de Israel, fundado sobre a limpeza étnica do povo palestino e sustentado por uma política de ocupação colonial e de apartheid.

A Batsheva Dance Company — uma companhia de dança israelita, sediada em Telavive — vai apresentar-se em Portugal, no mês de Julho, com espectáculos no Rivoli, no Porto, e no CCB, em Lisboa. Os espectáculos do CCB estão integrados na programação do Festival de Almada.

A Batsheva Dance Company é apoiada pelo governo de Israel, através do Ministério da Cultura e Desporto e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e pelo Município de Telavive que, nos últimos sete anos, contribuíram com 38% das receitas da companhia. A companhia reside no Centro Batsheva que foi construído e renovado com apoios do Município de Telavive e do Ministério da Cultura de Israel através da Fundação Telavive.

A Batsheva Dance Company transmite uma imagem de...

Continuando a desafiar impunemente a legalidade internacional, o governo de extrema-direita de Israel aprovou hoje planos para a construção de 5623 novas unidades habitacionais para colonos na Cisjordânia ocupada.

A comissão de planeamento do Ministério da Defesa, que supervisiona a construção dos colonatos, aprovou nesta segunda-feira milhares de novas habitações nos colonatos. A aprovação inclui o depósito de planos para a construção de 4291 novas unidades, o que constitui uma fase avançada antes da abertura de concursos para a implementação de projectos de construção. Inclui também a apresentação de 1332 planos de construção para aprovação após a realização de uma sessão para ouvir objecções, antes da aprovação final e da preparação dos concursos.

Colonatos são «um valor nacional»

A Lei do Estado-Nação de Israel estabelece: «O Estado considera o desenvolvimento do povoamento judaico como um valor nacional e actuará no sentido de encorajar e promover o seu estabelecimento e consolidação...