Israel já começa a trair o acordo de cessar-fogo

Nos primeiros dias de entrada em vigor do acordo de cessar-fogo, já Israel revela ser indigno de confiança exilando prisioneiros palestinos libertados, assediando as suas famílias e obstruindo a entrada de ajuda humanitária enquanto destrói instalações de organização humanitária.

Segundo o Gabinete de Imprensa dos Prisioneiros Palestinos, pelo menos 154 prisioneiros palestinos libertados na segunda-feira como parte da troca por reféns israelitas detidos em Gaza serão forçados ao exílio por Israel. No imediato são enviados para o Egipto de onde serão deslocados para outros países.

O exílio significa que as suas famílias poderão não conseguir viajar para o estrangeiro para se encontrar com eles devido à proibição de saída imposta por Israel. Significa também o fim da sua actividade política» devido à muito prováveis restrições a que estarão sujeitos nos países de exílio.

Famílias proibidas de festejar libertação

Entretanto surgem os relatos de acções de asédio dos militares israelitas contra as casas e as famílias dos prisioneiros libertados.

Em Kafr Aqab, Al-Khader, Al-Ubaidiya, Dar Salah e Aqabat Jaber invadiram as casas dos prisioneiros, causando destruição nas habitações e ferimentos nos familiares, e advertiram as famílias contra a realização de qualquer celebração ou reunião de boas-vindas.

Obstrução à entrada de ajuda humanitária

A Frente Democrática para a Libertação da Palestina (DFLP), uma das forças integrantes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), condenou no domingo a «interferência flagrante» de Israel na entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, particularmente através da passagem de Rafah.

A FDLP acusou as forças israelitas de obstruirem a entrada de camiões da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) na Faixa de Gaza, impedindo a agência de retomar os seus serviços básicos aos refugiados e famílias deslocadas.

A FDLP considera esta atitude de Israel como um desafio directo aos mediadores internacionais envolvidos nas recentes negociações de cessar-fogo, bem como às Nações Unidas e à comunidade internacional em geral, que reconhece a UNRWA como o órgão oficial mandatado para ajudar os refugiados palestinos.

Escritório de associação humanitária destruído

A Associação Mavi Marmara, uma organização parceira da Freedom Flotilla Coalition e proprietária do navio Conscience recentemente assaltado e apreendido por Israel, anunciou hoje que as forças de ocupação bombardearam e destruíram o seu escritório em Gaza, não obstante o cessar-fogo em vigor.

Este escritório, aberto com o apoio de filantropos da Turquia e de todo o mundo, servia os órfãos e carenciados em Gaza.

No ano passado, Israel tinha bombardeado a Escola Corânica Mavi Marmara em Gaza.


Foto: Primeiros camiões de ajuda humanitária chegam a Gaza após o cessar-fogo, em 12 de Outubro de 2025 (Mahmoud Sabbah – Agência Anadolu)

Segunda, 13 de Outubro de 2025 - 20:33