Política e Sociedade de Israel

O MPPM, uma representação significativa da comunidade palestina e outros colectivos, integraram ontem, sábado, a Marcha do Orgulho LGBT+ de Lisboa denunciando a política de “pinkwashing” com que Israel procura branquear a sua sistemática e generalizada violação dos direitos dos palestinos.

Ao longo do percurso entre a Praça de Martim Moniz e a Feira da Diversidade, instalada na Avenida Ribeira das Naus, gritou-se que não há orgulho no apartheid (“No Pride in Apartheid”) e reclamou-se liberdade para a Palestina (“Free, Free Palestine”).

Na sequência de posições que vem assumindo contra as campanhas de “pinkwashing” do Estado de Israel, a organização da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa decidiu reafirmar publicamente a sua solidariedade com o povo palestino e nesse sentido convidou, nomeadamente, o MPPM a participar na Marcha deste ano, convite que naturalmente foi aceite.

Onze organizações de direitos humanos de Israel escreveram ao Secretário-Geral das Nações Unidas apelando a que não promova a definição de anti-semitismo da IHRA, associando-se assim a centenas de pessoas e organizações que têm denunciado aquela definição e os os seus exemplos práticos como uma arma para criminalizar as críticas a Israel.

Este é o texto da carta das onze organizações:

«Como organizações de direitos humanos sediadas em Israel, que se esforçam para promover e proteger os direitos de todas as pessoas em Israel e no Território Palestino Ocupado, lamentamos e rejeitamos a crescente pressão sobre as Nações Unidas para adoptar e aplicar a Definição de Trabalho de Anti-semitismo da IHRA.

Cinco organizações de direitos humanos israelitas e palestinas alertam para uma perigosa escalada das violações dos direitos dos presos palestinos devido às políticas radicais do novo governo israelita num documento conjunto divulgado no dia 3 de Março.

«Embora os palestinos presos pelas autoridades israelitas tenham sempre sofrido uma completa violação dos seus direitos humanos, o novo governo de extrema-direita de Israel tem tomado inúmeras medidas para implementar uma agenda particularmente hostil e radical para causar dano aos palestinos nas prisões, às suas famílias e à sociedade palestina no seu conjunto», diz-se no documento.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, disse ao Presidente de Israel, Isaac Herzog, que «se não houvesse um Israel, teríamos de inventar um».

Falando com Herzog durante uma reunião que durou 90 minutos, no passado dia 26 de Outubro, Biden disse ainda: «Vamos também discutir — e vou dizer isto 5.000 vezes na minha carreira — o firme compromisso que os Estados Unidos têm com Israel com base nos nossos princípios, nas nossas ideias, nos nossos valores. São os mesmos valores.»

Biden tinha feito anteriormente comentários semelhantes sobre Israel Em 1986, durante uma sessão do Senado dos EUA, afirmou:

«É o melhor investimento de três milhões de dólares que fazemos. Se não houvesse um Israel, os Estados Unidos da América teriam de inventar um Israel para proteger os seus interesses na região. Os Estados Unidos teriam de sair para inventar um Israel.»

Em Maio de 2021, enquanto decorria a mais recente agressão israelita contra Gaza, a Google anunciou a assinatura do Projecto Nimbus, um contrato de computação em nuvem, no valor de mil e duzentos milhões de dólares, entre a Google, a Amazon, e o governo e os militares israelitas, que tornará mais fácil para Israel vigiar e oprimir os palestinos.

Através do Projecto Nimbus as empresas tecnológicas Google (Google Cloud Platform) e Amazon (Amazon Web Services) fornecerão ao governo e aos militares de Israel ferramentas avançadas de inteligência artificial, aprendizagem de máquina e outros serviços de computação em nuvem. O projecto também dará apoio à Israel Land Authority, a entidade responsável pela apropriação de terras e expulsão de palestinos para instalação de colonos israelitas.

A Amnistia Internacional publicou hoje um extenso relatório intitulado Israel’s Apartheid against Palestinians: Cruel system of domination and crime against humanity (Apartheid de Israel contra os Palestinos: Sistema cruel de dominação e crime contra a humanidade) em que confirma que o regime de Israel contra todo o povo palestino configura o crime contra a humanidade de apartheid.

O fabricante de equipamento desportivo Nike anunciou que porá fim à venda dos seus produtos em lojas no Estado de Israel a partir de 31 de Maio do próximo ano, numa iniciativa saudada como mais uma vitória da campanha internacional de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).

«Na sequência de uma análise abrangente realizada pela empresa e considerando a variação do mercado, foi decidido que a continuação da relação comercial entre si e esta empresa já não corresponde à política e objectivos da empresa», escreveu a Nike aos retalhistas israelitas no passado domingo.

A decisão da Nike deve atingir duramente os negócios de centenas de lojas de desporto em Israel já que, sendo uma das marcas desportivas mais populares do mundo, os seus produtos são responsáveis por uma grande proporção das suas vendas.

O documentário israelita Advocate, que conta a história da notável advogada Lea Tsemel, defensora dos presos políticos palestinos nos tribunais israelitas, ganhou o prémio para Melhor Documentário na 42ª edição dos Prémios Emmy para Notícias e Documentários realizada na passada quarta-feira.

O filme, realizado por Rachel Leah Jones e Philippe Bellaïche e produzido originalmente para o canal Hot 8 de Israel, foi também nomeado para um Emmy na categoria de Documentários Políticos e Governamentais Notáveis e tinha sido pré-seleccionado para os Óscares em 2019.

As autoridades israelitas planeiam aprovar a construção de 2223 novas unidades habitacionais apenas para judeus em colonatos construídos na Cisjordânia ocupada, revela o Middle East Monitor.

O governo está também a planear avançar com a construção de 863 unidades habitacionais em localidades palestinas na Área C da Cisjordânia pela primeira vez em anos, noticiou o canal de televisão israelita 12 e o jornal Haaretz.

Esta medida, segundo as notícias israelitas, é liderada pelo Primeiro-Ministro Naftali Bennett que quer «legitimar a expansão dos colonatos».

O Jerusalem Post disse que os planos, que quebram um congelamento de facto dos colonatos, marcam o primeiro impulso significativo para novas casas judaicas na Área C desde que o Presidente dos EUA Joe Biden tomou posse em Janeiro.

Cerca de 5000 israelitas participaram ontem, terça-feira, na provocatória Marcha da Bandeira organizada por colonos israelitas de extrema-direita para comemorar a captura de Jerusalém pelas forças israelitas em 1967.

Os manifestantes empunhavam bandeiras e entoaram slogans racistas como «morte aos árabes» enquanto percorriam as áreas palestinas muçulmanas e cristãs na cidade ocupada.

A marcha tinha sido originalmente planeada para 10 de Maio para assinalar o que os israelitas chamam o dia da unificação de Jerusalém, em referência à ocupação da cidade em 1967, mas devidos às tensões existentes, só agora foi autorizada.

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