No momento em que se assinala o 71.º aniversário da Nakba, a 15 de Maio, o povo palestino enfrenta perigos imensos e vive uma das mais graves situações desde a criação do Estado de Israel. O anunciado «acordo do século» visa legitimar a política anexionista de Israel com o seu cortejo de prisões, mortes, destruição, espoliação. Os refugiados são ignorados, continua o criminoso bloqueio a Gaza, prossegue em ritmo acelerado a construção de colonatos ilegais e a expulsão de palestinos de Jerusalém Oriental. A «Lei do Estado-Nação» consagra a discriminação dos cidadãos palestinos de Israel.
Nakba («catástrofe» em árabe) é o termo que designa a limpeza étnica da população palestina autóctone nos meses que antecederam e se seguiram à fundação de Israel, em 1948. Mais de 500 aldeias foram destruídas, mais de 750 000 palestinos foram expulsos das suas terras, transformando-se em refugiados. Pela violência, os sionistas ocuparam o território onde constituiriam o seu Estado — que excedeu em muito...
O primeiro-ministro Netanyahu diz que “Israel é o Estado-nação dos judeus — e apenas deles”. E a lei diz que a estrela de David é um “símbolo nacional”. Por isso é natural que os cartoons políticos os usem.
Há dias, Esther Mucznik, estudiosa de temas judaicos, perguntou: “Num cartoon de crítica política com a caricatura de Theresa May, Emmanuel Macron ou Marcelo Rebelo de Sousa, seriam utilizados os símbolos cristãos?”
Provavelmente não. Quando os cartoonistas vestem May de bandeira britânica — que é quase sempre —, na prática põem-na a carregar três cruzes cristãs (de São Jorge, Santo André e São Patrício, padroeiros do Reino Unido), mas não é por isso que pensamos em Jesus Cristo.
Vemos May com um avental-Union Jack, uma touca-Union Jack, um pin-Union Jack, um cobertor-Union Jack e não pensamos na simbologia cristã, embora ela lá esteja, como não pensamos em sexo quando a vemos na cama com Jeremy Corbyn, ou na morte quando tem a cabeça na...
Milhares de cidadãos palestinos de Israel marcaram esta quinta-feira o Dia da Nakba numa marcha para a aldeia palestina destruída de Khubbayza, no Norte de Israel.
Segundo informa o jornal israelita Haaretz, trata-se da 22.ª vez que em Israel se realiza uma «marcha de retorno». Embora a data oficial do Dia da Nakba seja 15 de Maio, a marcha realiza-se anualmente no Dia da Independência de Israel (a independência de Israel foi proclamada a 14 de Maio de 1948, segundo o calendário gregoriano; porém, em Israel as comemorações ocorrem no dia 5 de Iyar do calendário judaico, que é de base lunissolar, sendo por isso uma data móvel). A marcha tem lugar de cada vez numa aldeia palestina diferente demolida em 1948.
Na marcha participaram também judeus anti-sionistas.
«Nakba» («catástrofe» em árabe) é a palavra que os palestinos usam para descrever a limpeza étnica da população palestina autóctone nos meses que antecederam e se seguiram à fundação de Israel, em 1948. Mais de 750 000 palestinos...
Artigo publicado em Counterpunch em 5 de Março de 2019
Quando ouvi a primeira notícia, presumi que fosse um ataque aéreo israelita contra Gaza. Ou contra a Síria. Ataques aéreos a um «campo terrorista» foram as primeiras palavras. Foi destruído um «centro de comando e controle», foram mortos muitos «terroristas». Os militares estavam a retaliar por um «ataque terrorista» contra as suas tropas, disseram-nos.
Foi eliminada uma base «jihadista» islâmica. Então ouvi o nome Balakot e percebi que não era nem em Gaza, nem na Síria – nem mesmo no Líbano - mas no Paquistão. Coisa estranha, essa. Como poderia alguém misturar Israel e a Índia?
Bem, não deixemos a ideia esfumar-se. Quatro mil quilómetros separam o Ministério da Defesa israelita em Telavive do Ministério da Defesa indiano em Nova Deli, mas há uma razão pela qual os despachos actuais das agências parecem tão semelhantes.
Há meses que Israel tem vindo a alinhar assiduamente com o governo nacionalista do BJP [Bharatiya Janata Party...
Em 1948, uma nova era se abre na região do Levante. É fundado o Estado de Israel, e desde o momento da sua criação ameaçará a estabilidade e a paz na região.
A fundação de Israel, descrita no primeiro artigo desta série, é desde logo uma operação belicista. Israel nasce com a ocupação de 78% da Palestina histórica (quando o plano de partição da ONU lhe atribuía 55%) e com a limpeza étnica de mais de metade da população palestina autóctone.
O carácter colonial do empreendimento sionista em terra árabe gozará da simpatia e apoio político e militar das potências ocidentais. Israel retribui assumindo-se como ponta-de-lança dos interesses dessas mesmas potências na região.
Em 1956, Israel junta-se à França e Inglaterra na Guerra do Suez, contra a recente nacionalização do Canal de Suez pelo presidente egípcio Nasser, e envia os seus soldados para o Egipto (não sem antes provocar uma onda de terror na Faixa de Gaza — então sob administração egípcia — onde massacra palestinos em Khan Yunis e...
António, o conhecido e multipremiado cartunista português, rejeita as acusações de anti-semitismo que levaram à retirada de um seu cartoon da edição internacional do New York Times.
Após a publicação do cartoon no jornal nova-iorquino, organizações e personalidades sionistas lançaram uma campanha com a acusação de anti-semitismo. Em vez de defender a liberdade de opinião e de crítica do artista, o New York Times escolheu ceder à chantagem, retirou o cartoon e pediu publicamente desculpa.
Em declarações ao jornal Expresso, onde o cartoon foi originalmente publicado, António refuta a acusação, afirmando: «É uma crítica à política de Israel, que tem uma conduta criminosa na Palestina, ao arrepio da ONU, e não aos judeus.»
«A leitura que fiz», prossegue António, que publica semanalmente um cartoon no Expresso desde há décadas, «é a de que a política de Benjamin Netanyahu, quer pela aproximação de eleições, quer por estar protegido por Donald Trump, que mudou a embaixada para Jerusalém...
Artigo publicado no Haaretz em 22 de Abril de 2019
Fatma Sleiman, uma professora da aldeia de Tuqu, no Sul da Cisjordânia, morreu na quinta-feira num acidente de viação. Testemunhas disseram que um camião israelita bateu no seu carro. Isto não foi noticiado em Israel e certamente nunca será investigado como um abalroamento suspeito. Mesmo a cobertura dos meios de comunicação palestinos foi fraca, e apenas no Facebook e sites de notícias locais se encontrou relatos dos acontecimentos que se seguiram à sua morte. Mais adiante voltarei a falar disto.
Ouvir as notícias palestinas todas as manhãs é uma tortura. Em primeiro lugar, o conteúdo esvazia a bolha ilusória da normalidade, o desejo de um pouco de silêncio, de esquecer que cada bolha está cercada por cercas de arame farpado. Esquecer os numerosos acampamentos do exército, as barragens de estrada em que os soldados te apontam directamente as suas armas, os colonatos prósperos, os postos avançados hostis e as estradas de várias vias que...
Amiúde, Israel é glorificado como a única democracia do Médio Oriente, um oásis democrático num deserto autoritário e ditatorial. Mas será isto verdade, ou será antes um mito?
Israel é, por norma, enquadrado como uma democracia de estilo ocidental, um regime parlamentar pluripartidário com a devida separação de poderes, onde há lugar à liberdade e igualdade de todos os seus cidadãos, sendo (calorosamente) acolhido pelos seus pares ocidentais.
As análises que elevam Israel ao estatuto democrático focam as características «genéticas» partilhadas com os regimes ocidentais com o intuito de evidenciar o seu suposto carácter democrático; contudo, teimam obstinadamente em esquecer ou ignorar a limpeza étnica em que assentou a criação do Estado em 1948.
Após constituir-se sobre a extinção do outro, Israel transcreve essa realidade para o seu enquadramento jurídico, afirmando-se como um sistema político de faceta democrática para a sua população judaica e de discriminação e apartheid para os...
As eleições legislativas israelitas de dia 9 de Abril deram a vitória ao partido Likud de Benjamin Netanyahu, que assim se encaminha para um quinto mandato como primeiro-ministro.
Nestas eleições, em que o centro de gravidade político se deslocou ainda mais para a direita, o Likud obteve 26,27% dos votos, o que constitui o seu melhor resultado desde as eleições de 2003, quando era liderado por Ariel Sharon.
Embora com os mesmos 35 deputados eleitos que a coligação Azul e Branco (Kahol Lavan) de Benny Gantz, ex-chefe das forças armadas de Israel, Netanyahu conta em princípio com o apoio de outros partidos que lhe permitirá chegar à necessária maioria de 61 assentos parlamentares no Knesset, de 120 deputados.
Netanyahu antecipou as eleições para enfrentar em melhor posição as três acusações de corrupção de que é alvo. E a sua aposta está em vias de ser ganha: Bezalel Smotrich, líder da extremista União dos Partidos de Direita, anunciou já que planeia propor legislação que lhe dará imunidade...
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou neste sábado que vai começar a estender a soberania israelita à Cisjordânia ocupada se for reeleito primeiro-ministro nas eleições de 9 de Abril.
Netanyahu prometeu, numa entrevista televisiva ao Canal 12 israelita, manter de modo permanente o controlo de segurança israelita na Cisjordânia e formalizar a governação israelita sobre os mais de 400 mil judeus israelitas que vivem nos colonatos da Cisjordânia (aos quais se somam cerca de 200 000 no território ocupado de Jerusalém Oriental), todos eles ilegais à luz do direito internacional.
Isto aplicar-se-ia não apenas aos grandes blocos de colonatos, mas também aos colonatos isolados, indicou ele: «Eu vou estender a soberania, mas não distingo entre os blocos de colonatos e os colonatos isolados, porque cada colonato é israelita e eu não o entregarei à soberania palestina.»
«Não vou dividir Jerusalém, não vou evacuar nenhuma comunidade e vou assegurar-me de que controlaremos o...