Prémio Emmy para documentário sobre advogada israelita defensora dos presos palestinos

O documentário israelita Advocate, que conta a história da notável advogada Lea Tsemel, defensora dos presos políticos palestinos nos tribunais israelitas, ganhou o prémio para Melhor Documentário na 42ª edição dos Prémios Emmy para Notícias e Documentários realizada na passada quarta-feira.

O filme, realizado por Rachel Leah Jones e Philippe Bellaïche e produzido originalmente para o canal Hot 8 de Israel, foi também nomeado para um Emmy na categoria de Documentários Políticos e Governamentais Notáveis e tinha sido pré-seleccionado para os Óscares em 2019.

Uma versão americana de Advocate foi transmitida pela cadeia pública de televisão norte-americana PBS atingindo cerca de 200 milhões de espectadores. Antes, o filme tinha sido selecção oficial do Festival de Cinema de Sundance e ganho uma série de prémios incluindo o prémio de Melhor Filme no festival DocAviv, em Telavive, em 2019.

Desde o início da década de 1970, a advogada Lea Tsemel tem-se dedicado à defesa dos Palestinos nos tribunais israelitas: feministas e fundamentalistas, manifestantes não violentos e militantes armados. Como advogada israelo-judaica que representa presos políticos há cinco décadas, Tsemel, na sua incansável busca de justiça, leva a prática de um defensor dos direitos humanos aos seus limites.

Os realizadores acompanham Tsemel nos tribunais, incluindo no julgamento de alto nível de um rapaz de 13 anos, o seu cliente mais novo até à data, e revisitam os seus casos marcantes que atestam as injustiças da ocupação, mas também as falhas daqueles que tentam resistir-lhe, os desaires dos que tentam defendê-los, e os defeitos fundamentais de um sistema legal que pretende servir a justiça mas que, de facto, serve os poderes dominantes.

O filme reflecte sobre o significado político e profissional do trabalho de Lea Tsemel, bem como sobre o preço pessoal que se paga por assumir o papel de «advogada do diabo».

Para a maioria dos israelitas, ela defende o indefensável, mas para os Palestinos, ela é mais do que uma advogada, ela é uma defensora.

No filme, a apresentadora de talk show Judy Nir-Mozes diz a Tsemel: «Você defende terroristas e as suas famílias. Eu não consigo compreendê-la», ao que a advogada responde: «Você devia tentar compreender-me porque os israelitas não têm nenhum direito de dizer aos Palestinos como lutar». Então a apresentadora remata: «É como se você se identificasse com eles!»

O prémio no festival DocAviv causou um alvoroço político. Na sequência da pressão exercida por activistas de direita, Mifal Hapayis, a empresa estatal de lotaria, disse que iria deixar de financiar os prémios para os filmes vencedores do festival, e recusou-se a atribuir o prémio em dinheiro aos produtores.

Perante as manifestações de protesto de artistas da indústria cinematográfica e televisiva, que a acusaram de silenciar as vozes criativas e fazer censura, a Mifal Hapayis revogou a sua decisão de retirar o seu apoio ao festival.

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