Guerra, Militarismo, Desarmamento

No romance de George Orwell O Triunfo dos Porcos, os porcos governantes liderados por Napoleão reescrevem constantemente a história para justificar e reforçar a continuidade do seu próprio poder. A reescrita pelas potências ocidentais da história do conflito em curso na Síria parece saída de Orwell.

A declaração conjunta dos ministros dos negócios estrangeiros dos EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Itália na semana passada [15 de Março] para assinalar o décimo aniversário do conflito sírio começa com uma completa falsidade ao responsabilizar o Presidente Bashar al-Assad e «os seus apoiantes» pelos horríveis acontecimentos naquele país. Afirma que as cinco potências ocidentais «não irão abandonar» o povo sírio – até que a morte nos separe.

A realidade histórica é que a Síria tem sido um teatro das actividades da CIA desde a criação dessa agência, em 1947. Há toda uma história de projectos de «mudança de regime» patrocinados pela CIA na Síria, desde tentativas de golpe e planos para...

O MPPM condena de forma veemente os ataques militares dos EUA e de Israel contra a Síria.

Nos últimos três dias de Fevereiro, aviões norte-americanos bombardearam a zona de fronteira entre a Síria e o Iraque, enquanto Israel lançou um ataque de mísseis contra a região de Damasco.

Trata-se de acções de guerra claramente violadoras do direito internacional e da soberania da República Árabe Síria, que é vítima desde 2011 de uma agressão patrocinada, armada e financiada, entre outros, por esses mesmos países.

Acresce que Israel ocupa, há mais de meio século, os Montes Golã sírios, enquanto os Estados Unidos da América mantêm, ilegalmente e contra a vontade expressa do governo internacionalmente reconhecido da Síria, tropas de ocupação no Nordeste da Síria – com o objectivo explicitado pelo ex-Presidente Trump de «ficar com o petróleo» –, bem como no Sul, onde construíram a base militar de Al Tanf.

Os Estados Unidos impuseram ainda rigorosas sanções contra a Síria, com evidentes consequências...

Israel está a realizar uma grande expansão da sua instalação nuclear em Dimona, no deserto de Negev (Naqab), como revelam imagens de satélite divulgadas na quinta-feira pelo Painel Internacional sobre Material Físsil (IPFM), um grupo de peritos independentes.

Em declarações ao The Guardian, Pavel Podvig, um investigador no programa sobre ciência e segurança global da Universidade de Princeton, disse parecer-lhe que a construção começou no início de 2019 ou no final de 2018, pelo que estará em curso há cerca de dois anos.

Dimona é a instalação de investigação nuclear de Israel. Em 2018 recebeu o nome do falecido presidente e primeiro-ministro israelita Shimon Peres. Esta instalação nuclear, construída com a assistência francesa nos anos 50, tem desempenhado um papel fundamental no equipamento do arsenal nuclear de Israel.

O papel de Dimona no programa de armas nucleares de Israel foi revelado pela primeira vez por um antigo técnico local, Mordechai Vanunu, numa entrevista ao Sunday Times e...

O ano que findou testemunhou uma tentativa criminosa de apagamento da questão palestina, enquanto se intensificaram os actos bélicos e os atentados aos direitos, à propriedade e à vida dos palestinos. O ano que começa tem de ser um ano de viragem em que os governos cumpram a vontade dos seus povos e concretizem o respeito pelos direitos inalienáveis do povo palestino.

Do «acordo do século» à anexação da Cisjordânia

O ano 2020 começou com a proclamação por Trump do seu «acordo do século». Longe de ser um «acordo» – nenhum representante do povo palestino participou na sua redacção – foi a tentativa de liquidar a questão palestina, rasgando as inúmeras resoluções e acordos internacionais que prometem a criação dum Estado independente e soberano da Palestina nos territórios ocupados desde 1967 e deixando de reconhecer a existência de milhões de refugiados palestinos.

Confirmando esse objectivo, o primeiro-ministro de Israel, Netanyahu, anunciou poucas semanas mais tarde a intenção de anexar...

Todos os governos recentes dos EUA têm realizado um ritual perverso ao entrar em funções. Todos têm concordado em minar a lei americana, assinando cartas secretas estipulando que não reconhecerão algo que todos sabem: que Israel tem um arsenal de armas nucleares.

Parte da razão para isto é impedir que as pessoas se concentrem na capacidade de Israel de reduzir dezenas de cidades a pó. Esta incapacidade de enfrentar a ameaça representada pelo horrível arsenal de Israel dá ao seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, uma sensação de poder e impunidade, permitindo que Israel dite condições aos outros.

Mas um outro efeito da abordagem à avestruz do governo norte-americano é que evita evocar as próprias leis dos EUA, que apelam ao fim da generosidade do contribuinte para com os proliferadores de armas nucleares.

Israel é, de facto, um proliferador múltiplo de armas nucleares. Há provas esmagadoras de que se ofereceu para vender as armas nucleares do regime do apartheid na África do Sul nos...

Em consequência da campanha lançada pela World Without Walls Europe e co-patrocinada por 46 organizações, entre as quais o MPPM, e que teve o apoio de mais de 10 000 cidadãos europeus, o CEiiA terminou o contrato com a Elbit Systems para a utilização dos seus ‘drones’ Hermes 900 pela EMSA. Mas, por outro lado, a Frontex contrata à IAI e à Elbit serviços de ‘drone’ para vigilância das fronteiras europeias.

Ambas as situações são analisadas no Comunicado de Imprensa da coligação World Without Walls Europe que divulgamos de seguida.

Comunicado de Imprensa

Bruxelas/Ramala, 9 de Novembro de 2020

A empresa portuguesa CeiiA decidiu recentemente não renovar o aluguer de dois ‘drones’ da empresa de armamento israelita Elbit para patrulha de fronteira e outras missões para a Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA).

Esta decisão surge na sequência da petição «Stop Israeli Killer Drones», lançada pela World Without Walls Europe e co-patrocinada por 46 organizações, e subscrita por mais de 10 000...

O Tratado para a Proibição das Armas Nucleares, que proíbe os países que o ratificarem de «em circunstância alguma desenvolver, testar, produzir, fabricar ou adquirir, possuir ou armazenar armas nucleares ou outros engenhos explosivos nucleares», deve entrar em vigor em Janeiro de 2021.

Esse marco histórico, da adopção do primeiro instrumento multilateral juridicamente vinculativo para o desarmamento nuclear em duas décadas, vai ocorrer noventa dias depois da sua ratificação, no sábado, pelo 50.º Estado membro — as Honduras — e pouco mais de 75 anos depois dos bombardeamentos de Hiroxima e Nagasáqui.

Até agora, as principais potências nucleares — Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, China e França — ainda não assinaram o acordo. Ausente está, também, Israel, a única potência nuclear no Médio Oriente. Também Portugal está fora da lista dos países signatários, que, no entanto, inclui três países membros da UE que assinaram e ratificaram o Tratado: Áustria, Irlanda e Malta.

A Assembleia...

O povo palestino vive um dos momentos mais dramáticos da sua já tão martirizada História. Mais uma vez, potências estrangeiras e grandes interesses económicos e geo-estratégicos estão a ditar e procurar perpetuar, à revelia do povo palestino e das suas forças políticas representativas, a ocupação estrangeira da terra palestina e a negação dos direitos inalienáveis do seu povo. Neste contexto, o MPPM solidariza-se com a luta do povo palestino, saúda as suas iniciativas de reconciliação nacional e alerta para os perigos de eclosão de uma nova e maior guerra no Médio Oriente.

Acordos de paz ou ventos de guerra?

As chancelarias ocidentais acolheram com aprovação, de moderada a entusiástica, a recente celebração, sob a égide dos Estados Unidos, de «acordos de paz» entre Israel e os Emirados Árabes Unidos e o Barém considerando que representavam um progresso para a paz na região.

Alguns aspectos destas iniciativas, indissociáveis do «plano Trump» para o Médio Oriente, são dignos de nota:

  • O povo...

Israel e os Emirados Árabes Unidos concordaram, na passada quinta-feira, em normalizar as suas relações num acordo mediado pelo Presidente dos EUA. O acordo surgiu após uma conferência telefónica entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Primeiro Ministro israelita, Benjamin Netanyahu e o Xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi.

Os Emirados Árabes Unidos tornaram-se o primeiro país do Golfo Arábico a alcançar um acordo sobre a normalização das relações com Israel, culminando anos de contactos discretos entre os dois países no comércio e na tecnologia.

O acordo [texto anexo] prevê que Israel suspenda os seus planos de anexar as áreas palestinas da Cisjordânia ocupada e tem sido saudado como um passo histórico para a paz na região e para o fim do "conflito israelo-palestino". Mas nada se diz no acordo que comprometa Israel com a viabilização da solução dos dois estados, como a retirada dos territórios ocupados em 1967 ou sequer o congelamento da...

O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou de forma retumbante uma proposta dos Estados Unidos para alargar um embargo global de armas ao Irão.
Na votação de sexta-feira do Conselho de Segurança, Washington apenas obteve o apoio da República Dominicana para a sua resolução de prolongar indefinidamente o embargo, deixando-o muito aquém do mínimo de nove votos a favor necessários para a sua adopção.

Onze dos quinze membros do Conselho de Segurança, incluindo a França, a Alemanha e o Reino Unido, abstiveram-se.

A Rússia e a China opuseram-se firmemente à prorrogação do embargo de 13 anos, que deveria expirar a 18 de Outubro, ao abrigo do acordo nuclear assinado entre o Irão e seis potências mundiais, em 2015.

Zhang Jun, embaixador da China na ONU, disse numa declaração que o resultado «mais uma vez mostra que o unilateralismo não recebe apoio e que a intimidação falhará».

Mike Pompeo, o Secretário de Estado norte-americano, declarou que «o fracasso do Conselho de Segurança em agir de...