Israel expande instalação nuclear de Dimona
Israel está a realizar uma grande expansão da sua instalação nuclear em Dimona, no deserto de Negev (Naqab), como revelam imagens de satélite divulgadas na quinta-feira pelo Painel Internacional sobre Material Físsil (IPFM), um grupo de peritos independentes.
Em declarações ao The Guardian, Pavel Podvig, um investigador no programa sobre ciência e segurança global da Universidade de Princeton, disse parecer-lhe que a construção começou no início de 2019 ou no final de 2018, pelo que estará em curso há cerca de dois anos.
Dimona é a instalação de investigação nuclear de Israel. Em 2018 recebeu o nome do falecido presidente e primeiro-ministro israelita Shimon Peres. Esta instalação nuclear, construída com a assistência francesa nos anos 50, tem desempenhado um papel fundamental no equipamento do arsenal nuclear de Israel.
O papel de Dimona no programa de armas nucleares de Israel foi revelado pela primeira vez por um antigo técnico local, Mordechai Vanunu, numa entrevista ao Sunday Times em 1986. Em 1988, foi julgado por traição e condenado a 18 anos de prisão. Foi libertado em 2004.
A Federação de Cientistas Americanos, citada pelo The Guardian, estima que Israel tem cerca de 90 ogivas, feitas de plutónio produzido no reactor de água pesada de Dimona. Todavia, em mensagens reveladas em 2016, Collin Powel, antigo Secretário de Estado norte-americano, estimava em 200 o número de ogivas nucleares israelitas.
Num artigo recentemente publicado no The Guardian, Desmond Tutu insta Joe Biden a acabar com o fingimento dos EUA sobre as armas nucleares "secretas" de Israel.
Quem não tardou a reagir foi o Ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, que acusou os líderes ocidentais e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) de hipocrisia por terem como alvo o programa nuclear do Irão, enquanto ignoram o plano de Israel para «expandir significativamente o seu sítio nuclear de Dimona, a única fábrica de bombas nucleares da região.»
Para saber mais:
«Israel Nuclear: a arma clandestina», por Frederico Carvalho