Direitos Humanos e Presos Políticos

Acto Público pelo Fim das Mortes no Mediterrâneo
O MPPM associou-se à Jornada Mundial de Solidariedade para exigir o fim das mortes no Mediterrâneo promovida, em Portugal, pela CGTP-IN, com uma concentração, na Rua do Carmo, em Lisboa, no final da tarde de 19 de Junho de 2015, que teve ainda o apoio de outras organizações, como o Conselho Português para a Paz e Cooperação, o Movimento Democrático de Mulheres, a Liga Portuguesa dos Direitos Humanos-Civitas e o Movimento Erradicar a Pobreza. Usaram da palavra, pela CGTP-IN, Carlos Trindade, responsável de Migrações da Comissão Executiva, Libério Domingues, da Comissão Executiva e coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa e Arménio Carlos, Secretário-Geral.
A tragédia dos refugiados que se tem vindo a verificar no Mediterrâneo tem causas profundas que se têm vindo a agravar nos últimos anos. Elas radicam na desenfreada espoliação das riquezas dos locais de origem dos refugiados e na miserável exploração da mão-de-obra das respectivas populações.
Assinala-se hoje, dia 17 de Abril, mais um Dia do Preso Palestino. Desde que, em 1974, no âmbito de uma troca de prisioneiros, foi libertado Mahmoud Baker Hijazi, o primeiro palestino preso por Israel depois da ocupação dos territórios da Margem Ocidental do Rio Jordão, de Jerusalém Oriental e da Faixa de Gaza, o povo palestino recorda, nesta data, todos os seus filhos que pagam na prisão o preço do seu compromisso com a luta pela liberdade e a resistência à ocupação. Num quadro de repressão constante e sistemática, de violação dos mais elementares direitos humanos, de ocupação, roubo e esbulho, de limpeza étnica e de destruição da identidade cultural, como o que o povo palestino enfrenta diariamente, não é fácil determinar com precisão o número de palestinos, homens, mulheres ou crianças presos em cada momento nas cadeias israelitas.
Khaleda Jarrar, deputada do parlamento palestino, foi detida na madrugada da passada quinta-feira, 2 de Abril, quando várias dezenas de elementos do exército de Israel assaltaram a sua residência, em Ramallah, onde se encontrava com o marido e a filha.
 
Khaleda Jarrar é uma advogada de 52 anos, dirigente da Frente Popular para a Libertação da Palestina e activista da defesa dos direitos humanos. Preside à Comissão dos Presos Palestinos do Conselho Legislativo (Parlamento) Palestino e é dirigente da Addameer, uma organização dedicada à defesa dos direitos dos presos. Integra, ainda, várias organizações de defesa dos direitos das mulheres.
 
Desde 1998, está proibida de viajar para fora da Palestina e só uma vez, em 2010, após meses de campanha pública, foi autorizada a receber tratamento na Jordânia, embora padeça de doença crónica.
 

No Dia Internacional dos Direitos Humanos, neste Ano Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, soldados israelitas assassinaram o Ministro da Autoridade Palestina e dirigente da Fatah Ziad Abu Ein enquanto participava numa iniciativa não violenta assinalando a data. O Ministro Abu Ein era responsável pela pasta dos Colonatos e do Muro de Anexação.

A iniciativa, que decorria na aldeia palestina de Turmusaya, situada a noroeste de Ramallah – uma aldeia que está cercada por colonatos ilegais e que é vítima frequente da violência e do terror dos colonos – consistia na plantação de oliveiras, simbolizando a esperança na paz e na justiça. No decurso da iniciativa, o Ministro Abu Ein foi alvo de agressões, por soldados israelitas, que viriam a resultar na sua morte.

Mais de 5000 cidadãos palestinos estão encarcerados em prisões israelitas por motivos políticos. Entre estes prisioneiros contam-se menores de idade, membros do Conselho Legislativo da Palestina e cerca de cinco centenas de pessoas em situação de detenção administrativa. As autoridades prisionais sujeitam frequentemente, e impunemente, os prisioneiros políticos palestinos à tortura, aos maus-tratos, a espancamentos e ao isolamento. Recentemente têm ainda aumentado as restrições das visitas dos familiares dos prisioneiros assim como as restrições à comunicação telefónica e por outros meios.

A morte do cidadão palestino Arafat Jaradat, ocorrida no passado dia 23 de Fevereiro nas cadeias israelitas, veio, uma vez mais, chamar a atenção da opinião pública para a situação dramática em que se encontram os prisioneiros palestinos nas prisões do Estado de Israel.
Várias organizações portuguesas, entre as quais o MPPM, tornaram público um documento em que:
Expressam a sua solidariedade com os presos políticos palestinos e, através deles, com todo o povo palestino vítima da ocupação israelita 
- Reclamam dos órgãos de soberania portugueses uma intervenção firme e determinada, que responsabilize Israel pela situação dos presos políticos palestinos e que exija o cumprimento, por aquele estado, dos princípios e normas do direito internacional e humanitário a que está obrigado pela sua condição de membro das Nações Unidas 
Este "Relatório da missão de inquérito internacional independente para investigar as implicações dos colonatos israelitas nos direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais do povo palestino no Território Palestino Ocupado, incluindo Jerusalém Oriental" foi elaborado na sequência da resolução 19/17 do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, que decidiu estabelecer uma missão de inquérito independente internacional para investigar as implicações dos colonatos israelitas nos direitos humanos do povo palestino no Território Palestino Ocupado, incluindo Jerusalém Oriental. A missão, composta por Christine Chanet, da França, que presidiu, Asma Jahangir, do Paquistão, e Unity Dow, do Botswana, foi nomeada em 6 de Julho de 2012 e apresentou este relatório em 31 de Janeiro de 2013.
Apresentamos o texto integral do relatório (em inglês) e uma tradução não oficial para português das secções V-Conclusões e VI-Recomendações.
O anúncio de que as autoridades israelitas foram obrigadas a aceitar o fim das «detenções administrativas», o fim do confinamento ao isolamento na prisão e as visitas de familiares dos detidos, entre outras revindicações, significa o êxito da justa e corajosa luta dos milhares de presos políticos palestinos, que realizaram uma greve de fome nas prisões israelitas. 
Face à firmeza dos prisioneiros políticos palestinos e à crescente solidariedade com a sua heróica luta, as autoridades israelitas foram obrigadas a ceder.
No entanto, como tristemente a história demonstra, são tantos os acordos firmados pelas autoridades israelitas com a Organização de Libertação da Palestina e com a Autoridade Palestina como aqueles que Israel não cumpre.
A greve da fome iniciada pelos presos políticos palestinos nas prisões israelitas — e que se reforça e alarga, a cada dia, com novas adesões — constitui um grito de alerta, radical e corajoso, lançado a todo o mundo sobre a condição do martirizado povo palestino. Com o seu silêncio e a sua determinação, mais de dois mil presos palestinos tornam patente a violência da ocupação israelita, a iniquidade da situação em que aquele povo tem sido forçado a viver, e a sua determinação e vontade inquebrantável em prosseguir a luta pela realização dos seus inalienáveis direitos.
 
A Conferência Internacional das Nações Unidas sobre a Questão da Palestina, realizada em Genebra entre 3 e 5 de abril, em que o MPPM esteve representado por Silas Cerqueira, Secretário para as Relações Internacionais, foi dedicada ao tema dos presos políticos palestinos nas prisões israelitas.
Cerca de 4500 palestinos, entre os quais centenas de crianças, estão detidos em prisões israelitas, muitos deles sem julgamento ou culpa formada. Desde o início da ocupação, em1967, mais de 800.00 palestinos foram vítimas de detenção. Israel ignora os direitos dos prisioneiros consignados nas Convenções de Genebra e recorre frequentemente a diversas formas de tortura. Mais de 80% dos presos palestinos que são libertados sofrem de desordem pós-traumática e mais de 40% sofrem de depressão, sendo a sua reabilitação mais um dos desafios que a sociedade palestina tem que enfrentar.

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