Bilal Kayed ameaçado de tratamento forçado: Solidariedade cresce em todo o mundo

Em declarações à advogada da Addameer, que o visitou no centro médico de Barzilai, Bilal Kayed revelou que a médica que segue o seu caso o tinha informado que ele estava a entrar numa fase muito crítica devido à perda de líquidos e sais do corpo e que estava a sofrer de desidratação e tinha-o informado, ainda, que, no caso de ele perder a consciência, seria tratado à força. O tratamento e a alimentação forçados, bem como outras medidas de maus-tratos tomadas contra presos e detidos palestinos em prisões e centros médicos israelitas, estão em contravenção com as convenções e declarações internacionais, designadamente com as Declarações de Malta e de Tóquio da Associação Médica Mundial – de que são membros, nomeadamente, a Ordem dos Médicos, de Portugal; a Associação Médica Brasileira e a Israel Medical Association – que definem o código de ética dos médicos na relação com detidos em greve de fome ou sujeitos a tortura e que proíbem que o médico force tratamento ou alimentação que o doente tenha, conscientemente, recusado.
Bilal Kayed informou ainda a advogada da Adameer que o director da prisão de Ashkelon o tinha visitado no sábado passado, considerando-o responsável pelas greves de fome maciças que estão a ocorrer nas prisões e centros de detenção israelitas em solidariedade com o seu protesto.
No seu 56º dia de greve de fome, Bilal ainda está com a mão direita e pé esquerdo algemados à sua cama, além de ter sempre no quarto três guardas israelitas e uma câmara de vigilância. Está a sofrer de dores generalizadas, perturbação de visão, dormência por todo o corpo, perda de cabelo, assim como de amarelecimento e descamação da pele. Está em iminente risco de vida, mas não abdica da sua forma de protesto contra a brutal decisão das autoridades israelitas que o condenaram a detenção administrativa - internamento sem julgamento nem culpa formada, sem limite de tempo - no dia em que deveria ter sido libertado depois de cumprir uma pena de prisão de 14 anos e meio.
As autoridades israelitas, sem cuidar pôr termo às repetidas violações dos direitos dos presos e detidos palestinos, parecem mais preocupadas em contrariar a publicidade negativa que decorre deste movimento de protesto, recorrendo a todas as formas de coacção para o limitar. Assim, o Serviço Prisional Israelita (SPI) ameaçou transferir Ahmad Saadat, secretário-geral da FPLP, da prisão de Ramon, onde está em isolamento, para um local desconhecido, se não puser termo à greve de fome. Na mesma linha, 35 presos em greve de fome foram proibidos, pela direcção da prisão de Galboa, de contactar os seus advogados, como forma de punição colectiva.
Entretanto, na Palestina e por todo o mundo, sucedem-se as manifestações de apoio a Bilal Kayed e a reclamar a libertação dos presos palestinos vítimas da violência israelita. Nos últimos dias, registaram-se acções de solidariedade e protesto, nomeadamente, em Nova Iorque, Filadélfia, Vancouver, Cagliari, Bruxelas, Londres, Manchester, Belfast, Galway, Malmo, Lyskil, Berlim, Wicklow, Milão, Atenas, Rabat, Amã, Cairo e Ein el-Helweh. O Conselho Municipal de Nápoles nomeou Bilal Kayed cidadão honorário.
Print Friendly, PDF & Email
Share