Opinião

Artigo publicado no jornal Haaretz em 10 de Agosto de 2017 Israel quer matar o maior número possível de pessoas inocentes. Não quer em nenhumas circunstâncias pertencer à comunidade dos países esclarecidos. Não há outra maneira de entender a arrepiante notícia de Gili Cohen (Haaretz de segunda-feira [7 de Agosto]) de que o establishment da defesa decidiu escolher um canhão de fabrico israelita que ainda não está finalizado em vez de um alemão, apenas para contornar a proibição internacional das bombas de fragmentação.Mais de 100 Estados assinaram o tratado internacional que proíbe o uso de bombas de fragmentação; Israel, como de costume, não é um deles. Que é que Israel tem a ver com tratados internacionais, direito internacional, organizações internacionais — é tudo um grande incómodo desnecessário. Os outros rejeicionistas ao lado de Israel são, como de costume, a Rússia, o Paquistão, a China, a Índia e, claro, os Estados Unidos, o maior derramador de sangue do mundo desde a Segunda...

O historiador israelita Shlomo Sand refuta as declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, que classifica o anti-sionismo como anti-semitismo. Essas declarações constam do discurso de Macron na comemoração do 75.o aniversário da rusga do Velódromo de Inverno1, pronunciado em 16 de Julho de 2107 na presença de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. Publica-se seguidamente o texto da carta aberta.

Ao começar a ler o seu discurso sobre a comemoração da rusga do Vélodrome d'hiver, senti por si gratidão. Com efeito, tendo em vista uma longa tradição de dirigentes políticos, tanto de direita como de esquerda, que no passado e no presente eludiram a participação e a responsabilidade da França na deportação das pessoas de origem judaica para os campos da morte, V. Exª tomou uma posição clara e isenta de ambiguidade: sim, a França é responsável pela deportação, sim, houve efectivamente um anti-semitismo em França, antes e após a Segunda Guerra Mundial. Sim, é necessário...

Como não acreditar que a vida pode mudar, a caminho da justiça e da paz, quando vemos a mão de Mandela, com as suas linhas claras e bem traçadas e o seu sorriso de quem chorou e lutou e venceu, a acenar-nos da Liberdade, naquele dia de 1990 em que saiu da prisão depois de 28 anos de martírio?Como não acreditar, quando temos notícia de que Mandela, em 1997, visitou Xanana na prisão da Indonésia e lhe fez sentir, no seu abraço enorme, que tudo é possível, assim nós queiramos, e que, 5 anos depois, aquela meia ilha entalada entre inimigos, devastada e em chamas, era um país livre e independente e se chamava Timor-Lorosai?Como não acreditar que a Paz é possivel quando, em 8 de Maio, celebramos o fim da 2ª Guerra Mundial e, com ele, o fim de um regime que vitimou em holocausto judeus, ciganos, comunistas e homossexuais?Como não acreditar que a vida pode mudar em direcção à Paz quando nos lembramos que, em 1975, terminou a guerra do Vietnam, depois de ter feito mais de um milhão de mortos...

Entrevista a Nabil Shaath (*) pela jornalista Maria João Guimarães publicada no Público de 12 de Fevereiro de 2013
O deputado palestiniano Nabil Shaath veio a Lisboa para uma audiência no Parlamento e uma conferência na Universidade Nova de Lisboa. Na AR, considerou os partidos muito “à esquerda” (querendo dizer que sentiu apoio para a Palestina; afinal, Portugal disse que votaria “sim” a um Estado palestiniano observador nas Nações Unidas). Falou da mudança de estratégia em relação a Israel, antecipou acções criativas, e sublinhou a importância de estar na ONU.
Os palestinianos vão mesmo recorrer ao Tribunal Penal Internacional por causa dos colonatos?
O Tribunal Penal Internacional é a única organização internacional que não precisa do Conselho de Segurança [em que os EUA vetam resoluções vistas como prejudiciais a Israel]. E é por isso que israelitas, e americanos, estão a usar todas as suas ameaças para nos impedir — não podem usar nada legal, porque podemos recorrer directamente ao...

Este artigo foi publicado no jornal Público em 16 de Janeiro de 2011
1.Quando se fala da perseguição aos cristãos no Médio Oriente, não se tem em conta a situação especial na Palestina. O Conselho Ecuménico das Igrejas publicou, agora, um documento elaborado pelos cristãos e teólogos palestinos que, perante o drama do seu povo, perguntam: o que faz a comunidade internacional? Que fazem os chefes políticos na Palestina, em Israel e no mundo árabe? Que faz a Igreja? 1.
Nos limites deste espaço, o melhor é dar-lhes a palavra, porque o documento é, também, um convite às Igrejas: "vinde e vede", conhecer os factos e descobrir as gentes desta terra, palestinos e israelenses. Condenamos todas as formas de racismo, religioso ou étnico, incluindo o anti-semitismo e a islamofobia. Vamos aos factos.
O muro da separação, construído em terrenos palestinos, confisca uma parte do nosso território, transforma as cidades e as vilas em prisões, faz cantões separados e dispersos. Gaza, depois da guerra...

Júlio de Magalhães é Vice-Presidente do MPPM e investigador de assuntos árabes A explosão de um carro armadilhado ou de um bombista-suicida na igreja copta de Al-Qiddissine (Os Santos), no distrito de Sidi Bisher, em Alexandria, quando os fiéis saíam, na madrugada de 1 de Janeiro de 2011, da missa de celebração do Ano Novo, provocou pelo menos 21 mortos e cerca de uma centena de feridos. Na confusão subsequente, muitos cristãos confrontaram a polícia (alguns polícias são cristãos) bem como grupos de muçulmanos da vizinhança, e atacaram a mesquita nova de Sidi Bisher situada em frente da igreja.O presidente egípcio Hosni Mubarak condenou de imediato o ataque (que atribuiu a "mãos estrangeiras") e pediu (o que começa a tornar-se improvável, senão impossível) a união de todos os egípcios (cristãos e muçulmanos) na luta contra o terrorismo, dado o aumento da tensão verificada entre as duas comunidades nos últimos anos, especialmente depois da invasão anglo-americana do Iraque, do...

Ismaïl Shammut (1930-2006) foi o mais importante pintor palestino contemporâneo e um dos mais notáveis pintores árabes do século passado.A sua pintura, especialmente figurativa, reflecte os diversos aspectos da moderna história palestina, desde a Naqba (ele mesmo foi expulso da sua terra natal) até à luta dos palestinos pelo seu país. As suas telas, ou outros suportes, evidenciam a determinação política de um povo arrancado às suas raízes ou exilado na própria pátria mas sempre perseverando no combate pelos seus mais legítimos direitos. De alguma forma, os temas tratados por Shammut constituem um espelho da sua própria vida.Usando um estilo específico, Shammut utiliza símbolos facilmente reconhecíveis das tradições e da cultura palestina, aspectos visíveis nos pormenores das suas composições, sejam os trajes característicos das mulheres palestinas ou as paisagens das aldeias e dos campos do seu país natal. A sua obra não só documenta a experiência dos palestinos antes e depois da Naqba...

Nascido em Jerusalém (que então se encontrava sob mandato britânico) em 1 de Novembro de 1935, Edward Saïd, filho de palestinianos cristãos protestantes, morreu em Nova Iorque a 25 de Setembro de 2003, vítima de leucemia, após uma carreira notável de professor nas mais prestigiadas universidades norte-americanas, de ensaísta brilhante e de activista político em defesa da Causa Palestiniana.Devido à actividade comercial do pai, viveu os primeiros anos da sua vida entre o Cairo e Jerusalém, tendo a família emigrado para o Egipto com a independência do Estado de Israel em 1948. No Egipto frequentou várias escolas, nomeadamente o Victoria College (El-Nasr) de Alexandria, o estabelecimento privilegiado do ensino de inglês naquela cidade, onde teve colegas de vários países do mundo árabe, muitos dos quais se viriam a distinguir mais tarde na política, nas letras e nas artes, como o rei Hussein da Jordânia ou actor Omar Sharif. Por ser um estudante turbulento, foi expulso daquela escola e os...

Iniciado no passado dia 4, o VI Congresso do Fatah (acrónimo reverso de Harakat al-Tahrîr al-Watanî al-Filastînî – Movimento de Libertação Nacional da Palestina), em Bethlehem (Belém), com a presença de cerca de 2.300 delegados, reelegeu como presidente do Movimento, no dia 7, o histórico Mahmud Abbas (Abu Mazen), companheiro e sucessor de Yasser Arafat à frente do partido.A palavra “fatah” ou “fath” significa em árabe “abertura”, “início”, “conquista” ou “vitória”, e foi adoptada, dado que o acrónimo não reverso “hataf” significa em árabe “morte”. O acrónimo reveste-se também de fortes conotações islâmicas, já que a primeira sura, ou capítulo do Corão, a sua abertura ou prólogo, é designada Al-Fâtiha. O Fatah foi criado em 1954 por Yasser Arafat (Abu Ammar) e por Khalil al-Wazir (Abu Jihad), este assassinado em Tunis, em 1986, por comandos israelitas, aquele falecido em Paris, em 2004, segundo se crê na sequência de envenenamento por parte dos serviços secretos israelitas.Este...

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu proferiu no dia 15, na Universidade Bar-Ilan, em Telavive, um discurso aguardado com grande expectativa, na medida em que era considerado como a resposta ao discurso de Barack Obama, no passado dia 4, na Universidade do Cairo.Numa alocução bem construída, Netanyahu, que começou por invocar os profetas de Israel, trouxe como única novidade ter-se referido, pela primeira vez, à constituição de um Estado Palestino, mas mediante condições que o próprio de antemão sabia serem insusceptíveis de aceitação por parte dos interessados.Considera Netanyahu a possibilidade da criação de um Estado Palestino mas desmilitarizado: sem exército, sem o controlo do seu espaço aéreo, sujeito a medidas efectivas de segurança para impedir contrabando de armas e impossibilitado de estabelecer alianças militares.Considera também que não há intenção de construir novos colonatos mas admite a extensão dos existentes a pretexto de razões de crescimento familiar. E...