Cultura Palestina

«Ler Mahmud Darwish, além de uma experiência estética impossível de esquecer, é fazer uma dolorosa caminhada pelas rotas da injustiça e da ignomínia de que a terra palestina tem sido vítima às mãos de Israel», escreveu José Saramago no seu «Caderno».

Mahmud Darwish, intelectual e resistente, celebraria hoje o seu 80º aniversário. Nasceu em 13 de Março de 1941 em Al-Birwa, uma aldeia da Galileia perto de São João d'Acre, então território sob mandato britânico.

Durante a limpeza étnica que acompanhou a criação do Estado de Israel, a aldeia foi ocupada e despovoada em 1948 pelas forças israelitas. Os seus habitantes tornaram-se refugiados, alguns no Líbano, alguns deslocados internos. Sobre as ruínas da aldeia foi construído um colonato judaico.

Mahmoud Sirdah, professor de hematologia e genética molecular na Universidade Al-Azhar em Gaza, Palestina, recebeu o prestigiado prémio Global Faculty Award da Fundação ASK como reconhecimento pela sua notável contribuição para a sua profissão.

O Professor Sirdah é conselheiro de hematologia e genética molecular em organizações nacionais e regionais e membro do Conselho de Administração da Fundação Palestina Futuro da Infância, bem como do Conselho de Administração Fundador do Conselho Superior Palestino para a Inovação e Excelência.

É também membro do Comité Consultivo de Peritos do Instituto Nacional de Saúde Pública da Palestina, e serviu como Secretário do Conselho de Investigação da Saúde da Palestina.

Kahlida Jarrar escreveu, na prisão de Damon onde se encontra detida desde Outubro de 2019, esta carta que foi lida no Festival de Literatura Palestine Writes pelas suas filhas Suah e Yafa. Na carta, Khalida Jarrar fala de cultura, de literatura e de educação, da vida na prisão e de como a leitura fortalece a resistência, e agradece aos «escritores, académicos, intelectuais e artistas árabes que rejeitam a normalização com o sistema colonizador de Israel». Devido à pandemia, o festival, que deveria ter tido lugar em Nova Iorque entre 27 e 29 de Março de 2020, acabou por se realizar em conferências virtuais entre 2 e 6 de Dezembro passado.

Um colono israelita tentou hoje incendiar a Igreja do Getsémani, no Monte das Oliveiras, em Jerusalém Oriental ocupada.

O colono entrou furtivamente nas instalações da igreja, derramou um líquido inflamável e tentou incendiar alguns dos bancos de madeira.

O ataque, que ocorreu enquanto no Santo Sepulcro tinha lugar a inauguração do novo Patriarca Latino, foi frustrado por jovens palestinos locais que entregaram o agressor às autoridades.

A Igreja do Getsémani, também chamada Igreja de Todas as Nações, é uma igreja católica construída no local do Jardim do Getsémani onde os cristãos crêem que Jesus foi traído por Judas, vindo a ser preso, julgado e crucificado.

Ramzy Khoury, Presidente da Alta Comissão Presidencial para os Assuntos Religiosos, condenou o ataque à Igreja do Getsémani e frisou que este não foi o primeiro ataque a lugares santos e de culto islâmicos e cristãos, especialmente em Jerusalém.

Gaza, mon amour, realizado pelos gémeos Tarzan e Arab Nasser, é o candidato da Palestina a uma nomeação para o Óscar de melhor filme em língua estrangeira. Estreou, este ano, no Festival de Veneza e é uma co-produção da Palestina, França, Alemanha, Portugal e Qatar.

O filme foi posteriormente exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto 2020, onde ganhou o Prémio NETPAC (Network for the Promotion of Asian Cinema), que distingue os melhores filmes asiáticos em festivais seleccionados do mundo inteiro.

Inspirado numa situação verídica ocorrida em Gaza, em 2014, o filme conta a história de Issa (Salim Dau), um pescador de Gaza, de 60 anos, secretamente apaixonado pela modista Siham (Hiam Abass), cuja sorte muda quando recolhe na sua rede de pesca uma escultura fálica do deus grego Apolo…

O Algarve proporcionou os locais para as filmagens das cenas situadas nas praias e no mar de Gaza, interditados pelo bloqueio israelo-egípcio.

O artista palestino Mohammad Joulani faleceu na passada sexta-feira, aos 37 anos de idade, após uma longa batalha contra o cancro. Artista e educador, Joulani era conhecida pelas iniciativas comunitárias locais que trouxeram a arte ao público.

Principalmente pintor, Joulani criou obras que retratavam a sua cidade natal, Jerusalém, e muitas vezes representou-se a si próprio ou a uma figura humana anónima como seu tema, como uma forma de descrever as questões palestinas contemporâneas.

As suas iniciativas comunitárias locais envolveram a pintura dos terraços e das paredes de Jerusalém, particularmente na Cidade Velha. Estes murais eram frequentemente pintados com cores apelativas e continham formas geométricas interligadas, bem como referências à paisagem palestina.

A polícia e agentes dos serviços secretos israelitas invadiram ontem dois centros culturais palestinos em Jerusalém Oriental ocupada, apreendendo registos e documentos e detendo funcionários, informou a agência noticiosa oficial palestina Wafa.

O Centro Cultural Yabous e o Conservatório Nacional de Música Edward Said (CNMES), também conhecido como o Instituto Edward Said, estão no centro da cena musical e cultural em Jerusalém Oriental.

A residência de Suhail Khoury, o director do CNMES, e Rania Elias, a directora do Yabous, foi invadida pelas forças israelitas, que os escoltaram até às instalçaões de ambas as instituições para a busca e apreensão de documentos. Ambos foram detidos pela polícia israelita.

Também a residência de Daoud al-Ghoul, o director da Rede de Arte de Jerusalém (Shafaq), foi invadida e saqueada.

O povo palestino assinala hoje, 15 de Maio, o 72º aniversário dos acontecimentos que ficaram conhecidos como “Nakba” – a catástrofe – e que rodearam a criação do Estado de Israel em 1948.

Na impossibilidade de nos reunirmos num acto público, como tem sido uso, a presidente do MPPM, actriz e encenadora Maria do Céu Guerra, gravou esta mensagem, em que a evocação do passado nos alerta para os perigos que ameaçam o futuro da Palestina.

Maria do Céu Guerra empresta também a sua voz para dar vida ao poema «Aqui ficaremos», de Tawfiq Zayyad, um manifesto de resistência do povo palestino. 


Se quiser saber mais sobre a Nakba, sugerimos um filme:

Nas semanas que se seguiram à guerra de Junho de 1967 (“Guerra dos Seis Dias”), as notícias dos meios de comunicação insinuavam que esse desastre ditaria o fim do povo palestino. Fadwa Tuqan escreveu então este notável poema com que nos associamos ao Dia Mundial da Poesia.

O DILÚVIO E A ÁRVORE

Quando a tempestade satânica chegou e se espalhou
No dia do dilúvio negro lançado
Sobre a boa terra verdejante
“Eles” contemplaram.
Os céus ocidentais ressoaram com explicações de regozijo:
“A Árvore caiu!
O grande tronco está esmagado! O dilúvio deixou a Árvore sem vida!”

Caiu realmente a Árvore?
Nunca! Nem com os nossos rios vermelhos correndo para sempre,
Nem enquanto o vinho dos nossos membros despedaçados
Saciar nossas raízes sequiosas
Raízes árabes vivas
Penetrando profundamente na terra.

O artista plástico e historiador palestino Kamal Boullata, de 77 anos, faleceu em Berlim na quarta-feira.

Boullata nasceu em Jerusalém em 1942 e a cultura visual da capital palestina foi uma importante inspiração do seu trabalho.

Tendo sido forçado ao exílio após a ocupação da cidade por Israel em 1967, a identidade tornou-se outro tema-chave do seu trabalho.

Passou as últimas cinco décadas de vida nos EUA, Marrocos e França, acabando por se fixar em Berlim em 2012. Depois de estudar arte em Roma na Accademia di Belle Arti em 1965, Boullata obteve um Master of Fine Arts da Corcoran School de Arte em Washington, em 1971.

O seu ensaio «A arte no tempo da revolução palestina», publicado na revista libanesa Mawaqif em Janeiro de 1971, esboça como deveria ser a autêntica arte revolucionária palestina: não a repetição de temas palestinos facilmente vendáveis, mas obras de arte que avancem em novas formas e ideias.

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