Cultura Palestina

Poesia Palestina na Barraca

A segunda iniciativa integrada na 2ª Semana da Palestina foi dedicada à "Poesia Palestina do Séc. XX". Como destacou Júlio de Magalhães - responsável pela selecção e tradução dos poemas e ainda pelas notas biográficas dos seus autores - a poesia foi fundamental na construção da identidade árabe ao longo dos séculos. Esta identidade construiu-se em torno da língua árabe, a língua do Corão, e na expansão do mundo árabe a poesia teve um papel primordial. Quando, no século XX, há um movimento político de ressurgimento árabe na sequência da luta contra o Império Otomano, instigada pelas potências ocidentais, que resulta na criação de Estados com fronteiras artificialmente criadas, há também um renascimento cultural, que se inicia no Egipto e se alarga a todo o mundo árabe. Com a criação dos novos Estados, atenua-se o conceito de poesia árabe e começam a surgir as variantes nacionais. É nesse contexto que surge uma poesia de matriz palestina.

Nascido em Jerusalém (que então se encontrava sob mandato britânico) em 1 de Novembro de 1935, Edward Saïd, filho de palestinianos cristãos protestantes, morreu em Nova Iorque a 25 de Setembro de 2003, vítima de leucemia, após uma carreira notável de professor nas mais prestigiadas universidades norte-americanas, de ensaísta brilhante e de activista político em defesa da Causa Palestiniana.
Numa organização conjunta do MPPM e da Cooperativa Alves Redol realizou-se, no dia 21 de Maio, nas instalações do Clube Vilafranquense, uma concorrida sessão pública em que foi evocada a vida e obra do poeta palestino Mahmud Darwich e se falou da história e da luta do povo da Palestina.
Arlindo Gouveia, Presidente da Cooperativa Alves Redol, enunciou os três objectivos que presidiram à realização desta sessão: cultural, informativo e de solidariedade com “o povo oprimido, humilhado e maltratado da Palestina”. Porque, afirmou, “Vila Franca tem tradição de solidariedade com os mais desfavorecidos, e a solidariedade também tem que ser internacionalista”.
O poeta Mahmud Darwich é uma das figuras mais notáveis da Palestina contemporânea. Personagem singular, Darwich conciliou a actividade intelectual (além de poeta foi prosador, ensaísta, jornalista) com a actividade de resistente contra a ocupação israelita, tendo-se tornado uma referência para o Médio Oriente. A sua poesia ultrapassou as fronteiras da geografia e tornou-se conhecida em todo o mundo árabe, que lhe conhece os versos e os recita de cor. A sua voz ergueu-se sempre, tanto através da escrita como na arena política, em defesa de uma Palestina independente, num combate em que lutou até aos seus últimos dias. Darwich, foi, de facto, durante a segunda metade do século XX, a voz e a consciência do Povo Palestino e o seu nome ficará indelevelmente registado na história da literatura e na história política, da Palestina e do Mundo.

O dia 29 de Novembro foi proclamado, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina. Celebrado todos os anos, comemora a Resolução 181, de 29 de Novembro de 1947, que proclamava a partilha da Palestina em dois Estados – um judaico e um árabe – mas que jamais foi cumprida no que respeita à criação do Estado Palestino.
No ano do 61º aniversário, o MPPM assinalou a efeméride com um conjunto de iniciativas, integradas na SEMANA DA PALESTINA, que evocaram a luta deste povo mas mostraram, também, a vitalidade da sua cultura.
Assim, em 18 de Novembro, realizou-se na casa do Alentejo, em Lisboa, uma “Sessão Pública de Solidariedade com o Povo Palestino em Luta por uma Independência Soberana e uma Paz Justa. Com presidência de José Neves, Vice-Presidente do MPPM, intervieram: José Manuel Pureza, Carlos Carvalho, Frei Bento Domingues, Embaixadora Randa Nabulsi e José Saramago.

Mahmud Darwich
No passado sábado, na sequência de uma intervenção cirúrgica ao coração, nos EUA, deixava para sempre de bater, aos 67 anos, o coração fraterno e apaixonado do maior entre os maiores dos poetas da Palestina e de todo o mundo árabe, Mahmud Darwich. Nesta quarta-feira, transportado dos EUA, o seu corpo percorre pela última vez o caminho de Amã (Jordânia) para Ramallah (Palestina), onde será enterrado em funerais acompanhados com intensa emoção pelo povo palestino e outros povos árabes. Contrariamente à tradição, não terá sepultura na sua aldeia natal de Birweh (perto de Haifa) incorporada em Israel pela guerra de 1948 – a Nakba, a Catástrofe de há 60 anos – e aliás despovoada e destruída pelos israelitas.
No passado sábado, na sequência de uma intervenção cirúrgica ao coração, nos EUA, deixava para sempre de bater, aos 67 anos, o coração fraterno e apaixonado do maior entre os maiores dos poetas da Palestina e de todo o mundo árabe, MAHMUD DARWICH. Nesta quarta-feira, transportado dos EUA, o seu corpo percorre pela última vez o caminho de Amã (Jordânia) para Ramallah (Palestina), onde será enterrado em funerais acompanhados com intensa emoção pelo povo palestino e outros povos árabes. Contrariamente à tradição, não terá sepultura na sua aldeia natal de Birweh (perto de Haifa) incorporada em Israel pela guerra de 1948 — a NAKBA, a Catástrofe de há 60 anos — e aliás despovoada e destruída pelos israelitas.
 
Encontra-se em Lisboa, vinda de Jerusalém, onde nasceu e reside, a escritora, poetisa e professora palestiniana Hanan Awwad que amanhã, 7 de Setembro, à 18.30h vai intervir num Encontro de Informação sobre a situação na Palestina, presidido por José Saramago, e que terá lugar na Casa do Alentejo, em Lisboa (Rua das Portas de Sto. Antão, 58).
A Drª Hanan Awwad é uma intransigente defensora da liberdade e dos direitos humanos. Profunda conhecedora da história sofrida do seu povo, tem como preocupação imediata o fim da ocupação militar por Israel do povo palestiniano e do seu território e o estabelecimento de um Estado Palestiniano independente. O seu objectivo último é a construção de uma Paz justa e duradoura no Médio Oriente.

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