Gaza

Era uma vez um barquito pequenito que navegava por águas do Mediterrâneo rumo a Gaza. E, embora soubesse que do outro lado do horizonte o aguardava um grande monstro disposto a engoli-lo, o barquto continuou a navegar porque o seu destino era levar uma mensagem de humanidade a gentes martirizadas pelas bombas, pela fome, pela destruição minuciosa e sistemática do seu mundo e das suas vidas perante a inacção e a cumplicidade de grande parte do mundo: as gentes de Gaza.

O barquito tem o nome de Handala, essa figura criada pelo grande desenhador palestino Nayi Al Ali, nos anos 80 do século passado, que, juntamente com a kufia de quadrados brancos e pretos ou a oliveira milenar, é símbolo da Palestina… Handala tem a cabeça encurvada com quatro cabelos espetados no alto, os pés descalços e as mãos entrelaçadas nas costas numa postura de pensador peripatético, mas não é um sábio, é uma criança; tem entre 10 e 11 anos, a idade que tinha o seu criador quando, juntamente com a sua família e os...

A fotojornalista palestina Samar Abu Elouf foi a vencedora absoluta da edição de 2025 do concurso World Press Photo com a fotografia de Mahmoud Ajjour, um menino de nove anos que sofreu amputação dos dois braços em consequência de um ataque israelita à cidade de Gaza em Março de 2024.

O menino: Mahmoud Ajjour

A narrativa que acompanha a fotografia diz-nos que, enquanto a sua família fugia de um ataque israelita, Mahmoud voltou atrás para incentivar os outros a seguirem em frente. Uma explosão cortou um dos seus braços e mutilou o outro. A família foi evacuada para o Catar, onde, após tratamento médico, Mahmoud está a aprender a usar os pés para jogar no telemóvel, escrever e abrir portas. Além disso, ele precisa de assistência especial para a maioria das actividades diárias, como comer e vestir-se. O sonho de Mahmoud é simples: ele quer obter próteses e viver a sua vida como qualquer outra criança.

A fotógrafa: Samar Abu Elouf 

Samar Abu Elouf é uma fotojornalista autodidacta de Gaza...

O MPPM considera que a fome que assola a Faixa de Gaza é uma catástrofe inteiramente devida a decisões do Estado de Israel, é o resultado directo e deliberado de uma política sistemática de punição colectiva, é parte integrante do genocídio que o Estado sionista está a levar a cabo.

Gaza é o único território do mundo em que toda a população enfrenta níveis extremos de insegurança alimentar.

De maneira intencional, Israel destruiu infra-estruturas civis essenciais à sobrevivência da população: padarias, armazéns de alimentos, instalações de dessalinização de água, hospitais, escolas e centros de distribuição de ajuda, a rede eléctrica e de transportes. Violando de forma gritante o direito internacional humanitário, Israel impõe um bloqueio total à entrada de alimentos, combustível, medicamentos e água potável. A consequência directa e propositada desta política é a fome em massa. 

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), historicamente responsável por...

A Freedom Flotilla Coalition (FFC) anunciou que o Handala, o seu barco de ajuda humanitária, partiu hoje, 13 de Julho, de Siracusa, Itália, na sua viagem para Gaza. O barco transporta ajuda humanitária vital e uma mensagem de solidariedade de pessoas de todo o mundo que se recusam a ficar em silêncio enquanto Gaza é submetida à fome, bombardeada e soterrada sob escombros. A bordo estão médicos voluntários, advogados, activistas da justiça social, jornalistas e organizadores comunitários.  

Esta missão surge apenas algumas semanas após o ataque ilegal de Israel ao Madleen, outro barco da FFC, que foi violentamente apreendido em águas internacionais. Doze civis desarmados, incluindo uma deputada do Parlamento Europeu, um médico, jornalistas e defensores dos direitos humanos, foram sequestrados por comandos israelitas e levados contra a sua vontade para Israel, onde foram interrogados, abusados e depois deportados. O seu «crime» foi tentar levar comida, medicamentos e solidariedade aos...

Ao fim da tarde desta sexta-feira, 4 de Julho, mais de duas centenas de pessoas convergiram para o espaço frente ao Fórum Algarve, em Faro, para reclamarem o fim do genocídio, o reconhecimento do Estado da Palestina, o fim do acordo de associação UE-Israel e a realização dos direitos nacionais do povo palestino, e condenarem a agressão ao Irão.

Este acto público de solidariedade com a Palestina e pelo fim do genocídio foi promovido por MDM, CPPC, CGTP-IN, MPPM e Projecto Ruído. Com apresentação de Tiago Jacinto da USAL, registaram-se intervenções de Leonor Agulhas (MDM), Catarina Marques (USAL), Isabel Camarinha (CPPC) e José Oliveira (MPPM).

Texto da intervenção de José Oliveira pelo MPPM

Boa tarde a todas e a todos.

Estamos no dia 637 da agressão israelita à Faixa de Gaza. Aquilo que se passa na Faixa de Gaza não é uma guerra, é um genocídio que marcará para sempre os nossos dias.

Desde o início desta agressão israelita, mais de 57 mil pessoas, pelo menos, foram assassinadas em Gaza pelas...

A história de vida de Amjed Tantesh, o professor de natação que sonhava levar uma equipa palestina aos Jogos Olímpicos, mas que está a enfrentar diariamente a morte na Faixa de Gaza, ganhou o One World Media Award 2025 na categoria Podcast & Rádio.

A reportagem «Encontrando liberdade na água: o professor de natação de Gaza», produzida por Louise Morris, foi pela primeira vez apresentada no programa Outlook do BBC World Service em 24 de Abril de 2024:

«De um campo de refugiados em Rafah, Amjed Tantesh está determinado a retomar as aulas de natação assim que a guerra terminar. Conversámos com Amjed pela primeira vez há um ano sobre a sua paixão pela água e a ambição de treinar a próxima geração de aspirantes olímpicos de Gaza, mas à medida que ele reconstruía piscina após piscina, ao longo de décadas de conflito, a sua iniciativa de natação encontrou o seu verdadeiro propósito: ajudar as crianças a curar os seus traumas. Neste programa, ouvimos como a vida de Amjed mudou drasticamente...

Nesta terça-feira 17 de Junho, em que no Parlamento se discutia o programa do governo – omisso em compromissos com a Palestina –, milhares de pessoas voltaram a manifestar-se em Lisboa num grande desfile que teve início no Largo de Camões e culminou numa concentração frente à Assembleia da República.

O apelo lançado por CGTP-IN, CPPC, MPPM e Projecto Ruído, a que aderiram muitas outras organizações e colectivos, reclamava o fim do genocídio e o reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal.

Frente à Assembleia da República, com apresentação de Isabel Medina, André Levy leu uma mensagem de Mahmoud Issa Abu Marcel, palestino que esteve 27 anos preso nas cadeias de Israel, dirigida a esta manifestação.

Seguiram-se intervenções de Isabel Camarinha (CPPC), Mariana Metelo (Projecto Ruído), Carlos Almeida (MPPM) e Tiago Oliveira (CGTP-IN).

Foi então posta a votação uma moção que foi aprovada por unanimidade e aclamação.


Texto da intervenção de Carlos Almeida

Ali dentro, começou hoje a ser...

Na maior concentração de pessoas em solidariedade com a Palestina a que o Porto assistiu nos últimos anos (mais de 1300, em vigília, na Praça Humberto Delgado, na noite de 13 de Junho), reclamou-se o fim da ocupação e do genocídio perpetrado pelo governo de Israel e pelas suas forças militares, o cessar-fogo imediato e a entrada sem restrições da urgentíssima ajuda humanitária em Gaza. 

Criticou-se também, com veemência, a posição tíbia e cúmplice, quer dos governantes portugueses quer das instâncias europeias, em relação à chacina em curso, na Faixa de Gaza. O apoio militar, logístico e político dos EUA ao governo ultradireitista e ao regime colonialista e de apartheid de Israel foi igualmente contestado por diversos intervenientes.

A projecção da bandeira rubra e negra, verde e branca na fachada da Câmara, o simbólico acender de velas no chão formando a palavra Palestina, a música, o canto e a poesia pontuaram, com assinalável beleza e emotividade, uma iniciativa que teve mais de duas...

O MPPM esteve presente, na tarde do dia 9 de Junho, no Protesto “Fim ao Genocídio, fim à ocupação ilegal da Palestina. Libertem os activistas da flotilha, quebrem o cerco a Gaza”.

Esta acção urgente foi convocada por um conjunto de colectivos e pessoas individuais na sequência do apresamento do navio “Madleen” e do sequestro da sua tripulação por parte de Israel - mais uma flagrante violação do direito internacional e mais um episódio na longa e sinistra história do cerco de Gaza por parte de Israel que nos últimos quase dois anos se converteu em genocídio aberto e despudorado.

Os manifestantes exigiram a libertação imediata da tripulação do “Madleen”, a entrada urgente de ajuda humanitária e o fim do bloqueio a Gaza, o fim do genocídio em curso, o fim do Acordo de Cooperação UE-Israel e o reconhecimento do Estado da Palestina por parte de Portugal, entre outras palavras de ordem.

As organizações e manifestantes presentes deixaram também claro que tencionam continuar a demonstrar...

Às primeiras horas desta madrugada, a embarcação Madleen, parte da Flotilha da Liberdade recebida em Portugal pelo povo e os trabalhadores em Julho de 2024, foi abordada em águas internacionais pelas forças armadas de Israel, num acto que não pode senão ser classificado como de pirataria. 

As doze pessoas que viajavam a bordo desta embarcação – que transportava material de ajuda humanitária com destino ao território palestino da Faixa de Gaza – foram raptadas por Israel encontrando-se nesta altura em paradeiro incerto.

A acção das forças de Israel – violenta por definição – é destituída de qualquer fundamento legal. Israel não detém nenhuma autoridade legal sobre aquele território, nem nenhuma prerrogativa lhe assiste que legitime o apresamento de uma embarcação em águas internacionais. Desde 2007, aliás, Israel impôs sobre a Faixa de Gaza um bloqueio total, terrestre, aéreo e marítimo, ilegal.

Neste momento, Israel leva a cabo uma agressão militar que inúmeras organizações internacionais...