Política e Sociedade de Israel

O parlamento de Israel, o Knesset, aprovou na passada lei terça-feira à noite uma lei que permite a expulsão de deputados. A chamada «lei de suspensão», que passou com 62 votos a favor e 45 contra, estipula que as razões para a destituição são «incitar à violência ou ao racismo, apoiar o conflito armado contra Israel ou rejeitar Israel como um Estado judaico e democrático». Na realidade, a lei visa os deputados da Lista Conjunta, coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista em Israel.
A lei foi criticada pela Associação para os Direitos Civis em Israel (ACRI) como «uma das propostas legislativas mais graves dos últimos anos, que atenta contra os pilares da democracia — o direito à liberdade de expressão, o direito de votar e de ser eleito e o direito de representação».

Israel acaba de ser nomeado para presidir à Sexta Comissão da Assembleia Geral da ONU pelo Grupo dos Estados da Europa Ocidental e Outros, integrado actualmente (além de um observador, os EUA) por 28 Estados, entre os quais se incluem Portugal e — estranhamente — Israel.

A Sexta Comissão é descrita pela ONU como «o fórum principal dedicado ao exame das questões jurídicas na Assembleia Geral». Entre os assuntos em agenda para discussão na 71.a sessão, que terá início em Outubro de 2016, encontram-se questões como «Medidas para eliminar o terrorismo internacional», «O primado do direito aos níveis nacionais e internacionais» e «Responsabilidade dos Estados por actos internacionalmente impróprios». Trata-se de temas que Israel conhece bem, mas perversamente, pelo lado da prática do terrorismo de Estado contra o povo palestino e outros países da região, pelo lado da violação do direito internacional, pelo lado do desrespeito pelas resoluções da ONU.

Israel vai aceitar o convite da NATO para abrir uma missão permanente na sede deste bloco político-militar, em Bruxelas, anunciou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, no dia 4 de Maio. Entre as razões invocadas por Netanyahu para justificar o interesse da NATO nesta cooperação contam-se «a luta decidida contra o terrorismo, o nosso know-how tecnológico, a nossa rede de espionagem e outras coisas».
 
A NATO emitiu uma declaração dizendo que «o Conselho do Atlântico Norte concordou em aceitar o pedido para que uma Missão oficial israelita seja estabelecida na sede da NATO», acrescentando que «Israel é um parceiro muito activo da Aliança como membro do Diálogo Mediterrânico da NATO, formado em Dezembro de 1994».
 
«O planalto dos Montes Golã permanecerá para sempre nas mãos de Israel», declarou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a 17 de Abril passado, numa reunião do conselho de ministros efectuada nos Montes Golã.
 
Esta declaração é grave e muito preocupante. Os Montes Golã são território sírio, ocupado militarmente por Israel na sequência da Guerra dos Seis Dias (1967). Em 1981 Israel declarou unilateralmente que o território que aí ocupava passaria a fazer parte do território israelita.
 
A comunidade internacional nunca aceitou este acto de Israel, o qual foi condenado e considerado nulo pela Resolução 497 do Conselho de Segurança da ONU.
 
No dia 13 de Março último, um jovem palestino, Adi Kamal Salamah, catorze anos, foi ferido com gravidade pelo exército israelita durante uma manifestação na aldeia de al-Mazraa al-Gharbiya, a noroeste de Ramallah. No dia anterior, Israa Abu Khussa, seis anos, natural de Beit Lahiya, morreu na sequência de ferimentos provocados pelo mais recente bombardeamento da força aérea de Israel sobre a faixa de Gaza. São duas das vítimas mais recentes de uma onda de repressão generalizada que Israel tem em marcha desde Outubro de 2015, visando sufocar a resistência do povo palestino, aprofundar o processo de ocupação e colonização dos territórios palestinos e quebrar a solidariedade activa com a causa nacional palestina.
 
O relatório anual dos Chefes de Missão dos países da UE representados em Jerusalém e Ramallah, referente a 2014, está a ser apreciado pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros dos países membros mas alguns meios de informação tiveram acesso a ele e divulgam as suas linhas principais.
O relatório é particularmente contundente no que respeita à situação em Jerusalém, considerando que a cidade atingiu um ponto de radicalização e de violência que não eram vistos desde 2005 e responsabiliza por isso a sistemática construção de colonatos em zonas sensíveis, a tensão no complexo da Haram Al-Sharif / Monte do Templo, a violência exercida pela polícia e os despejos e demolições de habitações palestinas.
Numa altura em que países europeus estão sujeitos a asfixiantes medidas de austeridade, a União Europeia prepara-se para encaminhar o dinheiro dos contribuintes para apoios ao complexo industrial-militar-científico de Israel ao abrigo do programa Horizonte 2020.
 
O Programa Quadro Comunitário Horizonte 2020 é um dos mais ambiciosos a nível mundial e dispõe de um fundo de mais de 77 mil milhões de euros para apoiar a investigação e o desenvolvimento, no período 2014-2020, em três vertentes: excelência científica, liderança industrial e desafios societários. Na sua qualidade de Comissário Europeu responsável das áreas da Investigação, Ciência e Inovação, competirá a Carlos Moedas a gestão deste importante fundo. Em 8 de Junho de 2014 Durão Barroso e Benyamin Netanyahu assinaram o acordo de adesão de Israel ao programa Horizonte 2020, o que lhe confere os mesmos direitos dos estados membros e dos países associados.
 
No próximo dia 19 a UEFA vai decidir quais as 13 cidades que acolherão a fase final do Euro 2020. Entre as cidades candidatas encontra-se Jerusalém, proposta por Israel. Se acolher esta candidatura, a UEFA estará a passar a mensagem de que, contrariamente à sua campanha de promoção do «fair play», na realidade está a aprovar, se não a incentivar, a violência étnica, o desrespeito pelo direito internacional, as violações de direitos humanos, a guerra ao próprio futebol.
 

Nesta Folha Informativa evocamos os sentimentos contraditórios que a data de 29 de Novembro gera no povo palestino: desde a indignação por, em 1947, a ONU ter aprovado a resolução que atribuia à minoria judaica a maior parte do território histórico da Palestina, até à ténue esperança por, em 2012, a Palestina ter sido admitida na ONU com o estatuto de estado observador não membro.
Numa síntese necessariamente breve, percorremos os últimos 66 anos da história dramática do povo palestino.

A situação dos 1 600 000 cidadãos árabes de Israel é o tema principal da Folha Informativa n.º 6.
Embora sendo os habitantes nativos do território onde vivem, ou seus descendentes, são alvo constante de descriminação por parte do Estado judaico, nomeadamente no acesso à educação, à habitação, à terra e ao trabalho.

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