Ministro israelita dos Assuntos Estratégicos vai a Londres em missão de combate ao BDS
Como parte dos seus esforços para combater a campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), o ministro israelita da Segurança Pública, Assuntos Estratégicos e Diplomacia Pública, Gilad Erdan, deslocou-se a Londres para discutir o assunto com entidades oficiais britânicas, informa o jornal israelita «Jerusalem Post».
Erdan vai encontrar-se com Sajid Javid, ministro das Comunidades e do Governo Local, para discutir os boicotes a Israel ao nível autárquico na Grã-Bretanha. Avistar-se-á também com Jo Johnson, ministro das Universidades e da Ciência, para discutir as actividades de BDS nas universidades britânicas, assim como modos de reforçar os laços académicos entre o Reino Unido e Israel em resposta aos esforços de boicote.
«A Grã-Bretanha é o centro mundial da campanha de BDS anti-Israel», afirmou Erdan. «Vou lá para combater o boicote e a deslegitimação em cada arena, e para discutir com membros do governo britânico — que também está empenhado em lutar contra os boicotes — maneiras de reforçar a nossa cooperação contra a campanha anti-semita [o ministro israelita invoca o falso argumento do anti-semitismo, que é sistematicamente aplicado a todos os que se opõem à política do Estado sionista] de boicote.».
Além de encontros com dirigentes da comunidade judaica e de organizações pró-Israel, Erdan tem programadas uma série de discussões com destacadas personalidades na sua qualidade de ministro da Segurança Pública, incluindo com Ben Wallace, ministro de Estado para a Segurança no Home Office, e com Joanna Shields, ministra da Segurança da Internet. Haverá ainda encontros com dirigentes da Scotland Yard, incluindo uma visita à sua Unidade de Referência da Internet de Contra-Terrorismo (Counter Terrorism Internet Referral Unit).
Antes de ser nomeado para o governo em Maio de 2015, Gilad Erdan era deputado e número 2 do partido Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Na altura da sua nomeação, Erdan deixou clara a importância que o Estado de Israel atribui ao combate ao crescente movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções.
«Como membro do governo, estou bem ciente do perigo com que estamos confrontados devido às actividades anti-Israel do movimento de BDS», escreveu. «Cheguei a acordo com o primeiro-ministro sobre a atribuição dos necessários recursos e orçamentos. Como parte do meu trabalho, tratarei de actividades anti-Israel na arena internacional, como tentativas de nos atacar no Tribunal Penal Internacional, tentativas dos palestinos para nos expulsar da FIFA, e mais.»
As acções anti-BDS do governo começam a suscitar inquietação até no interior do establishment de Israel. Num artigo publicado no jornal israelita «Maariv», citado pelo site Middle East Monitor, o analista de segurança e informações Yossi Melman cita declarações do director do Ministério dos Assuntos Estratégicos no Knesset (Parlamento): «Queremos que a maior parte do trabalho do ministério seja secreto. Há muitos pontos sensíveis, e nem sequer posso explicar num fórum aberto porque é que existem esses pontos sensíveis… Uma grande parte do que fazemos permanece abaixo do radar.» Melman alerta para os riscos das «operações especiais» contra o movimento BDS e activistas palestinos, que podem incluir «campanhas de difamação, assédio e ameaças à vida de activistas [do BDS]».
Terça, 6 Setembro, 2016 - 00:00