Ocupação, Colonização e Apartheid Israelitas

As forças armadas israelitas lançaram, na madrugada desta segunda-feira, uma operação em grande escala contra o campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, envolvendo meios aéreos e terrestres, matando pelo menos oito palestinos e ferindo mais de cinco dezenas, estando alguns em estado crítico.

Walid al-Omari, chefe do escritório de Jerusalém da Al Jazeera, confirmou que cerca de 150 veículos blindados e cerca de 1000 soldados das forças especiais de elite e do exército, bem como dos serviços secretos, da polícia e da polícia de fronteira estavam a participar na operação, impondo um cerco total ao campo, enquanto as forças especiais operavam no interior do campo, invadindo casas, revistando-as e prendendo muitas pessoas.

Antecedendo a invasão terrestre, Israel lançou mais de uma dezena de ataques aéreos contra Jenin durante a noite desta segunda-feira, causando a morte a três palestinos e provocando grande destruição em edifícios.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Austrália, do Canadá e do Reino Unido emitiram hoje uma declaração conjunta onde se afirmam «profundamente preocupados com os recentes acontecimentos em Israel e na Cisjordânia, que reduzem ainda mais as perspectivas de paz.»

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, acrescentou as forças militares da Rússia à sua “lista da vergonha” anual de partes em conflitos armados que cometem graves violações contra crianças, mas continua a omitir as forças armadas e as milícias de colonos israelitas, apesar de os seus actos criminosos estarem amplamente documentados em relatórios da organização.

Para Jo Becker, directora de Advocacia da Divisão dos Direitos da Criança da Human Rights Watch (HRW), «este facto envia uma mensagem ambígua sobre a vontade da ONU de responsabilizar governos poderosos.»

Uma investigação da Universidade de Nova Iorque, citada pelo diário israelita Haaretz, revela como o exército de Israel não hesitou em recorrer ao envenenamento de culturas e animais para expulsar os proprietários palestinos e se apossar das suas terras para construção de colonatos.

A investigação foi conduzida pelo Taub Center for Israel Studies da Universidade de Nova Iorque, que teve acesso a documentos de arquivo, entretanto tornados públicos.

O método utilizado para a instalação de colonatos nos primeiros anos da expansão colonial é descrito em detalhe.

Continuando a desafiar impunemente a legalidade internacional, o governo de extrema-direita de Israel aprovou hoje planos para a construção de 5623 novas unidades habitacionais para colonos na Cisjordânia ocupada.

A comissão de planeamento do Ministério da Defesa, que supervisiona a construção dos colonatos, aprovou nesta segunda-feira milhares de novas habitações nos colonatos. A aprovação inclui o depósito de planos para a construção de 4291 novas unidades, o que constitui uma fase avançada antes da abertura de concursos para a implementação de projectos de construção. Inclui também a apresentação de 1332 planos de construção para aprovação após a realização de uma sessão para ouvir objecções, antes da aprovação final e da preparação dos concursos.

Colonatos são «um valor nacional»

Depois do pogrom de quarta-feira contra Turmus’ayya, pelo terceiro dia consecutivo, os colonos israelitas, seguros da sua impunidade e contando com a protecção do exército, intensificaram os seus ataques a localidades palestinas, na Cisjordânia ocupada.

Este é um resumo das ocorrências dos últimos dias relatadas pela agência noticiosa Wafa.

Na madrugada desta sexta-feira, um palestino foi ferido a tiro e dezenas de outros sufocaram quando colonos israelitas tentaram invadir Deir Dibwan, a leste da cidade ocupada de Ramala. Os jovens locais enfrentaram-nos, obrigando-os a recuar, mas alvejados pelas tropas israelitas que atingiram um deles com um tiro no peito e provocaram a asfixia de dezenas de outros.

Na tarde desta quarta-feira, quatro centenas de colonos israelitas, muitos deles armados, atacaram a cidade palestina de Turmus’ayya, a nordeste de Ramala, incendiando casas, lojas, veículos, campos e oliveiras, enquanto os residentes tentavam defendê-la. Um homem palestino de 27 anos, Omar Qatin, foi morto e muitas outras pessoas ficaram feridas nos ataques.

Os colonos, oriundos do colonato ilegal de Shilo, estabelecido em terras usurpadas a Turmus’ayya, foram protegidos por soldados israelitas que dispararam tiros e gás lacrimogéneo contra os habitantes, causando dezenas de casos de asfixia.

Lafi Adeeb, o presidente do município confirmou que cerca de 30 casas e 60 viaturas foram queimados no ataque dos colonos. De acordo com Adeeb, mais de 100 palestinos ficaram feridos, incluindo 12 por balas reais.

Os ataques também arruinaram terras e culturas agrícolas. Uma ambulância que chegou ao local para evacuar os feridos foi incendiada pelos colonos.

Durante uma incursão em grande escala no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, o exército israelita matou cinco palestinos e feriu pelo menos 91, estando 23 em estado crítico.

Hoje cedo, um número considerável de forças israelitas, integrando cerca de 120 veículos militares, invadiu a cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia, colocando franco-atiradores nos telhados de algumas casas e desencadeando violentos confrontos em várias zonas.

Os soldados fortemente armados dispararam balas reais, granadas de atordoamento e granadas de gás lacrimogéneo. Um helicóptero de combate foi utilizado na incursão, o que ocorreu pela primeira vez desde 2006 na Cisjordânia.

O Ministério da Saúde palestino identificou as vítimas mortais como Ahmad Youssef Saqr, de 15 anos, Khaled Azzam Asa'sah, de 21 anos, Qassam Faisal Abu Sariya, de 29 anos, Qais Majdi Jabareen, de 21 anos, todos de Jenin, e Ahmad Daraghmeh, residente no distrito de Tubas.

Muitas centenas de pessoas desfilaram ontem, sábado, na Baixa de Lisboa na última da série de acções de rua que, por iniciativa do CPPC, a que o MPPM e mais quatro dezenas de organizações aderiram, tiveram lugar no Porto, em Coimbra, em Faro, no Funchal e agora em Lisboa, para reclamar «Parar a Guerra! Dar uma Oportunidade à Paz!».

Partindo do Largo de Camões, a manifestação desceu o Chiado até à Praça do Município onde actuou Sebastião Antunes, antecedendo as intervenções de José Pinho, do Projecto Ruído, Isabel Camarinha, da CGTP-IN, e Ilda Figueiredo, do CPPC.

Fernando Lopes Jorge, que fez as apresentações, recordou o Apelo para a participação neste acto público:

É preciso continuar a defender a paz mobilizando e reunindo todas as vontades empenhadas nesta causa plena de actualidade e importância.

Sendo o povo palestino vítima da ocupação colonial e do apartheid do Estado de Israel, o MPPM não pode alhear-se das lutas anti-racistas e juntou-se, por isso, a mais de três dezenas de organizações numa manifestação, neste sábado, 10 de Junho, na Baixa de Lisboa.

A concentração teve início Pelas 11 horas, junto ao nº 19 de Rua Garrett, onde há 28 anos foi assassinado Alcindo Monteiro. Seguiu-se o desfile até ao Largo do Carmo onde foi lido o Apelo à acção de luta e anunciadas as organizações subscritoras.

APELO

10 DE JUNHO - DIA DE LUTA ANTI-RACISTA

No próximo dia 10 de Junho irá realizar-se uma acção de luta e homenagem às vítimas de racismo e xenofobia em Portugal. A acção terá lugar em Lisboa, na Rua Garrett, n.º 19, às 11h e seguirá em desfile até à Praça Luís de Camões, onde terminará esta acção.

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