Ocupação, Colonização e Apartheid Israelitas

Sessão AEFCSH 11.03.2023 - Guilherme Vaz, Dima Mohammed, Carlos Almeida, Abdeljelil Larbi

O MPPM promoveu ontem, terça-feira, um debate subordinado ao tema «Palestina: Ocupação e Resistência», que decorreu no espaço da Associação de Estudantes da NOVA – FCSH, entidade co-organizadora.

O debate contou com a participação de Guilherme Vaz, em representação da Associação; Abdeljelil Larbi, professor de língua e literatura árabe moderna na NOVA-FCSH; Dima Mohammed, investigadora coordenadora no IFILNOVA – ArgLab; e Carlos Almeida, investigador no Centro de História da Universidade de Lisboa e vice-presidente do MPPM.

No ano do 75º aniversário da Nakba, não podemos deixar apagar a memória de que o Estado de Israel foi erigido sobre os cadáveres de 15 000 crianças, mulheres e homens palestinos, sobre os escombros de meio milhar de vilas e aldeias apagadas do mapa, sobre a ocupação das casas e campos de 750 000 palestinos forçados ao exílio pelo terror sionista.

Deir Yassin era uma pacata aldeia árabe, com cerca de 750 habitantes, empoleirada numa colina a ocidente de Jerusalém. Ficava fora da área que o Plano de Partilha das Nações Unidas, aprovado em 29 de Novembro de 1947, destinava ao futuro Estado judaico, e os seus habitantes até tinham estabelecido um pacto de não-agressão com a milícia sionista Haganah. Mas Deir Yassin tinha a fatalidade de se situar na estrada entre Telavive e Jerusalém.

O violento assalto das forças de segurança israelitas ao complexo de Al-Aqsa – já usuais na altura do Ramadão – geraram natural reacção dos palestinos, a que Israel responde com a brutalidade usual. Surdo aos apelos à contenção por parte da comunidade internacional, Israel espalha a violência e o terror em Jerusalém, na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e até dentro de Israel, ameaçando mesmo passar as fronteiras do Líbano e da Síria, suscitando justificados receios de uma conflagração mais ampla.

Culminando o início de ano mais mortífero para os Palestinos nos últimos 20 anos, organizações extremistas judaicas apelaram aos seus fanáticos seguidores para ocuparem a Mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém Oriental durante a Páscoa judaica. Como reacção, os palestinos dispuseram-se a defender a sua mesquita ocupando-a durante a noite.

Em 30 de Março de 1976, os palestinos da região de Nazaré – a norte, no território da Palestina ocupado pelo Estado de Israel – organizaram uma greve geral de um dia. Os protestos foram motivados pelos intentos do governo de Israel de expropriar terras palestinas para nelas instalar povoações judaicas. Os protestos pacíficos terminaram num banho de sangue: forças do Exército e da polícia de fronteira israelitas mataram seis palestinos cidadãos de Israel.

Desde então, o Dia da Terra, 30 de Março, tornou-se um dia de resistência e comemoração da terra para todos os palestinos.

A questão da terra e da sua posse sempre foi uma questão central: para os sionistas e para os palestinos.

Acção sensibilização concertos Roger Waters - 17 e 18 Mar 2023

O MPPM, em parceria com a Coligação Flotilha da Liberdade e em coordenação com a organização da digressão europeia de Roger Waters, promoveu acções de sensibilização para a questão palestina nos concertos realizados em Lisboa nos dias 17 e 18 de Março.

Nos dois dias, o MPPM teve uma mesa na Altice Arena e oito activistas distribuíram aos espectadores um total de quatro mil folhetos do MPPM e da Coligação Flotilha da Liberdade.

O folheto do MPPM, intitulado Por uma Palestina Livre, Independente e Soberana, evocava a Nakba, cujo 75º aniversário se assinala este ano, sintetizava a situação na Palestina nos dias de hoje e apontava caminhos a seguir na solidariedade com a causa palestina.

A Câmara Municipal de Palmela aprovou, por unanimidade, na sua reunião de 15 de Março de 2023, uma moção «Pelo fim da escalada de violência na Palestina» na qual deliberou:

• Expressar a sua preocupação e repúdio face à grave escalada de violência;
• Reiterar a urgência de fazer cumprir as Resoluções das Nações Unidas, o respeito pelo Direito Internacional e os Direitos Humanos e o fim da ocupação ilegal dos territórios palestinos por Israel;
• Manifestar a sua solidariedade para com todas as pessoas afectadas pelo conflito israelo-árabe e o forte desejo de que seja encontrado e concretizado um caminho para a Paz.

Este ano, o Dia Mundial da Água é celebrado sob o tema "Acelerando a Mudança" para resolver a crise da água e do saneamento e a Palestina precisa, urgentemente, de medidas que corrijam as gravíssimas distorções causadas por o ocupante controlar 85% da sua água.

O Gabinete Central Palestino de Estatística (PCBS) e a Autoridade Palestina da Água (PWA) emitiram um comunicado de imprensa conjunto, a propósito do Dia Mundial da Água, onde afirmam que, com o controlo de Israel sobre 85% da água palestina nos territórios ocupados, os residentes palestinos são forçados a comprar a água necessária à companhia de água israelita, Mekorot.

Israel entregou, na sexta-feira, à sua família, o corpo de Sufyan Nawwaf Khawaja, 20 anos, morto a tiro pelo exército israelita em 23 de Março de 2020 na entrada da cidade de Ni’lin, a oeste de Ramala. Na altura, os soldados israelitas bloquearam o acesso das ambulâncias ao corpo, que retiveram desde então.

O corpo de Khawaja foi entregue ao Crescente Vermelho palestino no posto de controlo militar de Ni'li, na presença da sua família e de membros da Autoridade para os Assuntos Civis. Foi enterrado ontem, na sua cidade natal.

Na semana passada, mais de 150 organizações internacionais subscreveram um apelo para uma «Campanha internacional para libertar os restos mortais dos mártires palestinos retidos nas morgues e "cemitérios de números" da ocupação sionista».

Segundo os promotores da campanha, Israel está a reter nas suas morgues os corpos de 131 resistentes palestinos que as suas forças mataram, desde 2015, ou que morreram na prisão.

Quatro palestinos, incluindo um menor, foram hoje mortos a tiro pelas forças de ocupação israelitas durante uma rusga surpresa na cidade de Jenin, no Norte da Cisjordânia ocupada, de acordo com o Ministério da Saúde (MdS) palestino citado pela agência Wafa.

O correspondente da Wafa disse que uma força israelita disfarçada entrou sub-repticiamente no centro da cidade de Jenin, a bordo de dois veículos civis descaracterizados, durante as horas de ponta, e mataram os quatro palestinos à queima-roupa.

O MdS informou que, além dos quatro mortos, outros 20 palestinos foram feridos por tiros, estando quatro em estado crítico.

Três dos palestinos mortos pelas forças israelitas atacantes foram identificados como Omar Awadin, 16, Nedal Khazem, 28, e Saleh Shreim, 29. O quarto ainda não foi identificado.

Na sequência do mortífero tiroteio uma força militar israelita em grande escala invadiu a cidade provocando violentos confrontos com os residentes.

Em 16 de Março de 2003, faz hoje 20 anos, Rachel Corrie foi esmagada por um buldózer do exército israelita quando tentava impedir a demolição de uma casa palestina em Rafah, no Sul da Faixa de Gaza ocupada.

Rachel Corrie era estudante, tinha 23 anos, e a sua ida para Rafah fazia parte do seu trabalho de último ano de faculdade, em Olympia (estado de Washington, EUA). Fazia parte do ISM (International Solidarity Movement), um grupo de acção directa não violenta de solidariedade com os palestinos, e estava integrada num grupo que visava defender casas palestinas que iam ser demolidas pelo exército de ocupação israelita.

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