Actualidade

Artigo publicado no Público em 10 de Maio de 2019

O primeiro-ministro Netanyahu diz que “Israel é o Estado-nação dos judeus — e apenas deles”. E a lei diz que a estrela de David é um “símbolo nacional”. Por isso é natural que os cartoons políticos os usem.

Há dias, Esther Mucznik, estudiosa de temas judaicos, perguntou: “Num cartoon de crítica política com a caricatura de Theresa May, Emmanuel Macron ou Marcelo Rebelo de Sousa, seriam utilizados os símbolos cristãos?”

Provavelmente não. Quando os cartoonistas vestem May de bandeira britânica — que é quase sempre —, na prática põem-na a carregar três cruzes cristãs (de São Jorge, Santo André e São Patrício, padroeiros do Reino Unido), mas não é por isso que pensamos em Jesus Cristo.

Vemos May com um avental-Union Jack, uma touca-Union Jack, um pin-Union Jack, um cobertor-Union Jack e não pensamos na simbologia cristã, embora ela lá esteja, como não pensamos em sexo quando a vemos na cama com Jeremy Corbyn, ou na morte quando tem a cabeça na...

Milhares de cidadãos palestinos de Israel marcaram esta quinta-feira o Dia da Nakba numa marcha para a aldeia palestina destruída de Khubbayza, no Norte de Israel.

Segundo informa o jornal israelita Haaretz, trata-se da 22.ª vez que em Israel se realiza uma «marcha de retorno». Embora a data oficial do Dia da Nakba seja 15 de Maio, a marcha realiza-se anualmente no Dia da Independência de Israel (a independência de Israel foi proclamada a 14 de Maio de 1948, segundo o calendário gregoriano; porém, em Israel as comemorações ocorrem no dia 5 de Iyar do calendário judaico, que é de base lunissolar, sendo por isso uma data móvel). A marcha tem lugar de cada vez numa aldeia palestina diferente demolida em 1948.

Na marcha participaram também judeus anti-sionistas.

«Nakba» («catástrofe» em árabe) é a palavra que os palestinos usam para descrever a limpeza étnica da população palestina autóctone nos meses que antecederam e se seguiram à fundação de Israel, em 1948. Mais de 750 000 palestinos...

Desde a criação do Estado de Israel foram presos um milhão de palestinos, o equivalente a um quinto da população. A questão dos presos políticos é nuclear para os palestinos e tem de estar em cima da mesa em qualquer solução política da questão. A prisão e detenção de palestinos que vivem nos Territórios Palestinos Ocupados (TPO) é regida por um vasto conjunto de regulamentos militares que governam todos os aspectos da vida civil dos palestinos e criminalizam muitos aspectos da sua vida cívica.

Nesta Folha Informativa descrevemos a violência e arbitrariedade do tratamento dado aos presos palestinos pelas autoridades da ocupação tais como: julgamento em tribunais militares; tortura e maus-tratos; detenção prolongada sem acusação nem culpa formada; prisão em isolamento; negligência médica; restrições de visitas de familiares; condições inadequadas para mulheres e menores; perseguição aos deputados palestinos e aos activistas de direitos humanos; punição colectiva de familiares e vizinhos...

Artigo publicado em Counterpunch em 5 de Março de 2019

Quando ouvi a primeira notícia, presumi que fosse um ataque aéreo israelita contra Gaza. Ou contra a Síria. Ataques aéreos a um «campo terrorista» foram as primeiras palavras. Foi destruído um «centro de comando e controle», foram mortos muitos «terroristas». Os militares estavam a retaliar por um «ataque terrorista» contra as suas tropas, disseram-nos.

Foi eliminada uma base «jihadista» islâmica. Então ouvi o nome Balakot e percebi que não era nem em Gaza, nem na Síria – nem mesmo no Líbano - mas no Paquistão. Coisa estranha, essa. Como poderia alguém misturar Israel e a Índia?

Bem, não deixemos a ideia esfumar-se. Quatro mil quilómetros separam o Ministério da Defesa israelita em Telavive do Ministério da Defesa indiano em Nova Deli, mas há uma razão pela qual os despachos actuais das agências parecem tão semelhantes.

Há meses que Israel tem vindo a alinhar assiduamente com o governo nacionalista do BJP [Bharatiya Janata Party...

Israel lançou uma nova e sangrenta ofensiva contra a martirizada Faixa de Gaza. Desde o início da escalada, na sexta-feira, foram mortos 25 palestinos e feridos mais de 1500.

Segundo as autoridades de Gaza, as forças armdas do regime sionista lançaram ataques aéreos e dispararam projécteis de artilharia contra o pequeno enclave palestino cercado, destruindo 200 instalações civis e outras infra-estruturas.

Sete prédios foram destruídos e outros quatro foram atacados por mísseis; centenas de outras casas ficaram parcialmente danificadas devido aos ataques. Escolas, carros, terrenos cultivados, estufas e veículos de assistência médica foram danificados pelos ataques.

Também foram atacados os portos de pesca de Rafah, Gaza e Khan Younis, além de 21 campos de treino e 17 torres de vigia das forças de resistência palestinas.

Retomando uma prática do passado, Israel levou a cabo, pela primeira vez desde 2014, o assassínio direccionado de um comandante da ala armada do Hamas, Hamed al-Khoudary.

As...

* COMUNICADO 04/2019*  1. Não é possível ignorar nem calar a gravidade das declarações do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciando a intenção de proceder à anexação formal de territórios ocupados da Cisjordânia. 

As declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros dos EUA, Michael Pompeo, afirmando que tal anexação não constituiria um problema para o chamado «acordo do século» são igualmente inaceitáveis e suscitam fundados receios quanto a esse plano patrocinado pelo governo estado-unidense.

2. A consumar-se, a anexação formal de territórios palestinos ocupados por Israel em 1967 significaria uma violação aberta dos princípios básicos das relações internacionais e de décadas de resoluções da ONU. Significaria mesmo a violação de décadas de acordos oficiais patrocinados pelos EUA e assinados por Israel. Uma tal anexação exigiria uma reacção vigorosa da comunidade internacional, sem a qual estaríamos perante uma traição histórica ao já tão martirizado povo palestino e...

Em 1948, uma nova era se abre na região do Levante. É fundado o Estado de Israel, e desde o momento da sua criação ameaçará a estabilidade e a paz na região.

A fundação de Israel, descrita no primeiro artigo desta série, é desde logo uma operação belicista. Israel nasce com a ocupação de 78% da Palestina histórica (quando o plano de partição da ONU lhe atribuía 55%) e com a limpeza étnica de mais de metade da população palestina autóctone.

O carácter colonial do empreendimento sionista em terra árabe gozará da simpatia e apoio político e militar das potências ocidentais. Israel retribui assumindo-se como ponta-de-lança dos interesses dessas mesmas potências na região.

Em 1956, Israel junta-se à França e Inglaterra na Guerra do Suez, contra a recente nacionalização do Canal de Suez pelo presidente egípcio Nasser, e envia os seus soldados para o Egipto (não sem antes provocar uma onda de terror na Faixa de Gaza — então sob administração egípcia — onde massacra palestinos em Khan Yunis e...

O MPPM participou no grande desfile organizado pela CGTP-IN, entre o Martim Moniz e a Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, reclamando liberdade e independência para a Palestina e paz para o Médio Oriente.

A associação do MPPM à manifestação organizada pela CGTP-IN traduz o reconhecimento pelo intenso e valioso trabalho desenvolvido pela central sindical, pelas organizações nela filiadas e pelos trabalhadores seus associados, na solidariedade com os trabalhadores e com o povo da Palestina.

Na Alameda, o MPPM montou um stand com informação sobre a questão palestina. Em particular destaque, um painel ilustrava a perda de território palestino ao longo do século XX, fruto das sucessivas apropriações sionistas, pelo terrorismo e pela guerra.

António, o conhecido e multipremiado cartunista português, rejeita as acusações de anti-semitismo que levaram à retirada de um seu cartoon da edição internacional do New York Times.

Após a publicação do cartoon no jornal nova-iorquino, organizações e personalidades sionistas lançaram uma campanha com a acusação de anti-semitismo. Em vez de defender a liberdade de opinião e de crítica do artista, o New York Times escolheu ceder à chantagem, retirou o cartoon e pediu publicamente desculpa.

Em declarações ao jornal Expresso, onde o cartoon foi originalmente publicado, António refuta a acusação, afirmando: «É uma crítica à política de Israel, que tem uma conduta criminosa na Palestina, ao arrepio da ONU, e não aos judeus.»

«A leitura que fiz», prossegue António, que publica semanalmente um cartoon no Expresso desde há décadas, «é a de que a política de Benjamin Netanyahu, quer pela aproximação de eleições, quer por estar protegido por Donald Trump, que mudou a embaixada para Jerusalém...

Artigo publicado no Haaretz em 22 de Abril de 2019

Fatma Sleiman, uma professora da aldeia de Tuqu, no Sul da Cisjordânia, morreu na quinta-feira num acidente de viação. Testemunhas disseram que um camião israelita bateu no seu carro. Isto não foi noticiado em Israel e certamente nunca será investigado como um abalroamento suspeito. Mesmo a cobertura dos meios de comunicação palestinos foi fraca, e apenas no Facebook e sites de notícias locais se encontrou relatos dos acontecimentos que se seguiram à sua morte. Mais adiante voltarei a falar disto.

Ouvir as notícias palestinas todas as manhãs é uma tortura. Em primeiro lugar, o conteúdo esvazia a bolha ilusória da normalidade, o desejo de um pouco de silêncio, de esquecer que cada bolha está cercada por cercas de arame farpado. Esquecer os numerosos acampamentos do exército, as barragens de estrada em que os soldados te apontam directamente as suas armas, os colonatos prósperos, os postos avançados hostis e as estradas de várias vias que...