O Handala está a navegar para as Crianças de Gaza - 1. Da Noruega aos Países Baixos
O antigo barco de pesca Handala, que faz parte da Flotilha da Liberdade, saiu no dia 1 de Maio de Oslo (Noruega) e parou em portos europeus na Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha e Países Baixos e está a atravessar a Europa a caminho de quebrar o bloqueio ilegal de Gaza, onde deverá chegar em meados de Agosto. Nas escalas as comunidades locais organizam eventos educativos e de solidariedade para divulgar a Flotilha e a situação na Palestina.
Noruega | Oslo (1 de Maio)
O Handala zarpou de Langkaia, em Oslo, no dia 1 de Maio, na sua viagem de solidariedade rumo a Gaza. Centenas de pessoas compareceram à despedida. A chegada do Handala a Gaza está prevista para meados de Agosto e será um presente para os pescadores de Gaza como contributo para a reconstrução da sua frota de pesca.
O barco tem o nome de Handala, em homenagem ao menino refugiado de 10 anos, criado pelo cartunista Naji Al-Ali, amplamente reconhecido em toda a Palestina e na diáspora, que representa o povo palestino, especialmente as crianças, e o seu desejo de regressar a uma Palestina livre.
Handala continua a ser um símbolo poderoso da luta do povo palestino pela justiça e pela autodeterminação. Uma vez que mais de dois terços da população de Gaza são refugiados palestinos e cerca de metade dos habitantes de Gaza são crianças, Handala é um nome apropriado para a missão da Flotilha: «Sailing for the children of Gaza» (Navegar para as crianças de Gaza).
O Handala faz parte da Flotilha da Liberdade, uma coligação de várias organizações que trabalham para quebrar o bloqueio de Gaza por mar.
Suécia | Lysekil (3 e 4 de Maio)
O Handala chegou a Lysekil, na Suécia, pouco depois das 16 horas de sexta-feira, 3 de Maio. À sua espera estava uma centena de pessoas com música, comida e muitas bandeiras palestinas. A recepção durou duas horas e as crianças foram convidadas a entrar a bordo. Houve intervenções de Jonatan Michaneck, da Ship to Gaza Sweden – outra das promotoras da missão – , de Per-Gunnar Alhström, do Partido Comunista, de Gunilla Fasth, do Partido da Esquerda e de Ulf Nilsson, dos Social-Democratas, que realçaram a importância do trabalho conjunto na questão palestina, de um representante da Associação Sueco-Cubana que manifestou a sua solidariedade com o povo palestino e falou das semelhanças entre o bloqueio de Gaza e o embargo dos EUA a Cuba, e de Yara Chatt, de Uddevalla.
No sábado de manhã, o Handala partiu de Lysekil em direcção a Gotemburgo.
Suécia | Gotemburgo (4 e 5 de Maio)
O Handala chegou a Gotemburgo às 15 horas de sábado, 4 de Maio, aportando ao cais de Lilla Brommen, junto de Ópera de Gotemburgo, onde foi recebido por uma grande manifestação que tinha desfilado pela cidade.
Em nome da Ship to Gaza Sweden, a presidente Jeannette Escanilla agradeceu a Gotemburgo o seu empenhamento na Palestina e falou da missão do Handala e da campanha a favor das crianças de Gaza. De seguida, a banda de percussão Kiriaka actuou para o público.
Houve intervenções de Mahmoud Al-Kurd, da Shut down Elbit , de Henry Ascher, médico e antigo participante de Ship to Gaza, e de Samir Jeresi.
Um grupo de crianças palestinas participou com balões com as cores da bandeira palestina e com mensagens de solidariedade. O grupo de teatro Moria actuou no cais com o seu espectáculo «Vozes de Gaza» e o evento terminou com HD, um artista palestino que interpretou ritmos e danças folclóricas.
A tarde de domingo foi preenchida com diversas intervenções, música e arte.
Falaram o capitão do Handala, os activistas Allt åt Alla e Gert Gelotte.
O World Music Culture Club, com David Bäck, Luciana Sousa, Henrik Wartel e Marianne Holmboe, actuou com ritmos de todo o mundo, num evento que teve o barco como pano de fundo, e convidaram o público a cantar com eles em árabe, inglês, sueco e português.
Três médicos palestinos que trabalharam em Gaza – o Dr. Maher Abbas, pediatra, o Dr. Ziad Yanes, psiquiatra, e o Dr. Nael Kiswani –falaram sobre a situação sanitária em Gaza e a impossibilidade de realizarem o seu trabalho como profissionais de saúde.
Para terminar o dia e toda a visita de Handala a Gotemburgo, Åsa Gustafsson esteve presente para interpretar uma peça instrumental.
Suécia | Halmstad (6 e 7 de Maio)
O Handala chegou a Halmstad na segunda-feira, 6 de Maio, à noite e foi recebido calorosamente pelo público que se tinha reunido para o ver.
Intervieram Antoni Norén Almén, do Grupo Palestina de Halmstad, o pastor Per Österberg, da Igreja Ecuménica, Hans Johansson, do Partido Comunista, Willy Schütt, do Partido de Esquerda, os palestinos Tala Armaneh e Mahmoud Al-Kurd, e Jonatan Michaneck, da direcção da Ship to Gaza.
O grupo de tetro Moria voltou a interpretar «Voices from Gaza».
Os momentos musicais estiveram a cargo de Izabelle Norén, e de Nynningen, Stefan Sundström & Karin Renberg, que tinham viajado com o barco desde Gotemburgo.
Foram organizadas pinturas faciais e actividades infantis no local e um artista de graffiti local pintou uma decoração no barco, que o público também teve a oportunidade de visitar durante a noite.
Suécia | Helsingborg (7 e 8 de Maio)
O Handala chegou ao porto de Helsingborg às 17 horas de terça-feira, 7 de Maio, e teve uma recepção calorosa da multidão que se tinha reunido para lhe dar as boas-vindas.
A oradora principal da tarde foi Jasmine Felestin, presidente da organização Right to Return Helsingborg. Houve ainda intervenções do capitão do Handala, Jens Marklund, de Marwa Moustafa, de Tomas Gustafsson, do Partido de Esquerda, de Ali Hadrous, do Föreningen 194 Landskrona, e de Joel Assarsson, do Partido Comunista.
Um grupo de crianças palestinas cantou a canção "Give Us Freedom" e actuaram ainda Nynningen e Stefan Sundström, o grupo Silwan, com uma dança folclórica palestina, e Mohammed Diab, um artista palestino.
Suécia | Malmö (8 e 9 de Maio)
O Handala chegou a Malmö, a terceira maior cidade da Suécia, no dia 8 de Maio ao princípio da tarde, e foi recebido por centenas de pessoas na Marina de Dockan.
O evento organizado na Marina teve intervenções de Aseil, de Gaza, Dima, de Hayna, Latinos pela Palestina, Stefan Sundström, Grupos Palestina, e Yomn Kadoura, do partido Esquerda.
Os discursos foram intercalados com momentos musicais de Mikael Wiehe, do grupo Nynningen, de Stefan Sundström e do General Knas, e com poesia por Merima e Abdallah.
Após o programa inicial na marina de Malmö, os eventos prosseguiram, ao fim da tarde, no cinema Panora, onde Sandra Barilaro fez o lançamento do livro: Against Erasure: A Photographic Memory of Palestine Before the Nakba (Contra o apagamento: uma memória fotográfica da Palestina antes da Nakba), com a presença da autora e de Torbjörn Björlund, Jonatan Michanech (intérprete), Jeannette Escanilla, presidente da Ship to Gaza, e Arne Birger, capitão do Handala. Seguiu-se a projecção do filme Även de döda har ett namn (Até os mortos têm um nome), em apoio ao Ship to Gaza.
A visita do Handala coincidiu com o Festival Eurovisão da Canção e a Ship to Gaza participou e discursou numa grande manifestação no dia 9 contra a participação de Israel.
Dinamarca | Copenhaga (10 de Maio)
Em Copenhaga, o Handala foi mais uma vez recebido de forma calorosa e cordial. Pessoas no cais, pessoas no mar em barcos e muitas pessoas simpáticas e curiosas subiram a bordo e deram as boas-vindas.
No cais, houve discursos de activistas dinamarqueses, do capitão, Arne Birger, e do líder do Ship to Gaza Norway, Torstein Dahle.
Muitos dos convidados referiram que a missão do Handala lhes dava inspiração e motivação na luta pela liberdade.
O Handala partiu de Copenhaga às quatro da manhã de sábado, 11 de Maio. Pouco antes da partida, uma família foi ao barco com uma oferta de pão e chocolate para a viagem.
Com um novo capitão, Wellu, da Finlândia, e apenas sete tripulantes no total, passaram o Canal de Kiel no domingo de manhã em rota para Bremerhaven.
Alemanha | Bremerhaven (13 a 23 de Maio)
Na segunda-feira, 13 de Maio, de manhã, o Handala acostou à Jaich Lloyd Marina, em Bremerhaven, onde foi acolhido por representantes das entidades que cooperaram para organizar o evento: Comunidade Palestina de Bremenhaven, Seeds of Palestine, de Bremen, Palestine Speaks, de Hamburgo, Fundação Yusef e.V., de Delmenhorst, Thawra, de Hamburgo, e Estudantes para a Palestina, de Kiel.
Na Igreja Memorial Bgm.-Smidt (Große Kirche), foi montado um stand de informação com diferentes demonstrações visuais das estatísticas do genocídio.
À noite, num evento muito concorrido, na Neubrückshelmer 21, falaram John Sóos (Canadá), Zohar Chamberlain Regev (Israel) e Sümeyra (Break the Siege, Alemanha).
O programa de terça-feira, 14 de Maio, começou com uma pintura do barco e abertura de um stand de informação na Casa da Emigração, Rua Colombo 66. Seguiu-se uma visita a uma exposição sobre a Nakba e novo evento nocturno em que falaram Ivesa Lübben (ongoin Nakba), Dr. Wesam Amer (actualização de Gaza), Perta Scharrelmann (exportação de armas Bremen/Bremerhaven) e Inge Höger (embarcou no Mavi Marmara). A noite terminou com uma vigília na Casa da Emigração, com música ao vivo.
Na quarta-feira, 15 de Maio, John Soós e Zohar representaram a Freedom Flotilla na manifestação pela Nakba, na Hachmannplatz, Hamburgo, organizada pela Thawra, de Hamburgo e pelos Estudantes pela Palestina, de Kiel, entre outros.
Durante a sua estadia o Handala foi visitado por muitas dezenas de pessoas que conversaram com os participantes na missão. Um momento especialmente significativo foi a entrega de uma garrafa com mensagens de esperança e encorajamento escritas por crianças para ser atirada ao mar quando o Handala se aproximar de Gaza.
O Handala atrasou a sua partida de Bremerhaven devido ao mau tempo e partiu na sexta-feira, 17 de Maio, mas teve de regressar ao porto devido a problemas técnicos. Durante a estadia prolongada até quinta-feira, 23 de Maio, o grupo de apoio local continuou a ajudar a tripulação de todas as formas possíveis.
Países Baixos | Roterdão (25 de Maio a 3 de Junho)
Após longas negociações com as autoridades portuárias holandesas, o Handala atracou finalmente em Roterdão! A Freedom Flotilla Coalition tinha organizado um local para atracar na marina da cidade de Roterdão, mas, por razões não reveladas, foi impedida de atracar no local planeado.
Este atraso afectou um evento pacífico e uma manifestação para dar as boas-vindas ao Handala, onde as crianças tinham feito desenhos e escrito cartas de apoio para enviar ao povo palestino em Gaza.
Durante o evento, John Turnbull, representante do Canada Boat to Gaza, comentou: «Ao participarmos nesta missão, os palestinos estão a ensinar-nos a resistir».
Zohar Chamberlain Regev, representante da FFC, afirmou: «Os barcos do FFC são um símbolo de resistência e uma acção directa destinada a encorajar as pessoas a fazer alguma coisa e a não ficarem passivas perante o genocídio».
Anita Risseeuw, da Rotterdam Palestina Coalitie, afirmou: «Com o genocídio a ter lugar em Gaza, a campanha da Flotilha da Liberdade é extremamente importante. Para as crianças de Gaza, agradecemos aos heróis do Handala. Palestina Livre!».
A organização local _ Rotterdam Palestina Coalitie – preparou um evento que incluía um piquenique, pinturas faciais para crianças, uma campanha de cartões das crianças de Roterdão para as crianças de Gaza, actividades criativas, informação e apresentação da nova iniciativa «As crianças já não estão caladas».
Foram organizadas visitas guiadas ao barco com oportunidade de falar com a tripulação.
Organizaram, também, em colaboração com o Festival de Cinema Árabe, a exposição fotográfica «Ecos de Gaza: Fotografias e sons de Gaza» onde se ouviu música de Vicente Santiago e poemas de Mark Boninsegna.
Uma vez mais o mau tempo fez alterar os planos de viagem e obrigou ao cancelamento das etapas Roterdão – Londres – Jersey, tendo o Handala partido directamente para Cork (Irlanda) na segunda-feira, 3 de Junho.
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Fontes de texto e fotos: Freedom Flotilla Coalition, Ship to Gaza Norway, Ship to Gaza Sweden