MPPM alerta que paz na Palestina e no Médio Oriente só é possível com reconhecimento dos direitos nacionais do povo palestino
As acções desencadeadas em Gaza e Israel, nesta madrugada, comprovam — como o MPPM repetidamente tem alertado — que não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos.
1. Às 6:30 desta madrugada (4:30 em Lisboa), militantes de organizações da resistência palestina lançaram, a partir da Faixa de Gaza, um ataque de surpresa, em larga escala, contra Israel, no que apelidaram de «Operação Dilúvio Al-Aqsa» e que afirmam ser uma resposta à profanação da Mesquita de Al-Aqsa e ao aumento da violência dos colonos.
A operação surge depois de, nos últimos dias, milhares de colonos terem efectuado visitas provocatórias ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa, na Jerusalém Oriental ocupada. Segue-se também a um grande aumento da violência dos colonos israelitas contra os palestinos.
Israel retaliou com a «Operação Espadas de Ferro», com ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza sitiada.
Segundo as últimas informações, registavam-se 198 mortos e um milhar de feridos entre os palestinos, e mais de 70 de mortos, muitas centenas de feridos e dezenas de prisioneiros entre os israelitas, além da apreensão e destruição de material militar.
2. Neste ano em que se assinalam os 75 anos da Nakba (catástrofe), mais de cinco décadas depois de Israel ocupar militarmente a totalidade do território da Palestina histórica, não podemos esquecer — e o povo palestino recorda-as a cada momento — a campanha de limpeza étnica que acompanhou a formação de Israel e que se prolonga até hoje.
Em Gaza, de onde partiu esta acção, vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, descendentes dessas sucessivas vagas de limpeza étnica. Desde 2006, Israel impõe um bloqueio criminoso sobre o território que as Nações Unidas já consideraram impróprio para sustentar a vida humana. Entre Março de 2018 e Dezembro de 2019, uma série de manifestações pacíficas designadas como “Grande Marcha do Retorno foram brutalmente reprimidas pelo exército de Israel – 223 mortos e mais de 9 mil feridos – em meio do silêncio da comunidade internacional.
Os assaltos das forças de ocupação israelita às povoações e campos de refugiados palestinos, assim como a violência dos colonos e as prisões arbitrárias são o quotidiano com que os palestinos, homens e mulheres, jovens e menos jovens diariamente se confrontam.
Até ontem, pelo menos 247 palestinos, na maioria jovens, tinham sido mortos pelas forças israelitas e por colonos.
3. São inaceitáveis os lamentos daqueles que, incluindo o governo português, hipocritamente condenam as acções violentas de resistência dos oprimidos e se calam desde há décadas (ou pior, colaboram) perante a violência da ocupação, as centenas de colonatos e as centenas de milhares de colonos israelitas em território palestino ocupado, as prisões e assassínios, a que é sujeito o povo palestino.
Os que há décadas convivem com a ausência de qualquer real processo político conducente a uma solução que respeite os direitos do povo palestino, não têm autoridade moral para hoje se queixarem das tempestades que provocaram.
Não é de excluir um agravamento da situação e um alastramento da violência em todo o Médio Oriente. O MPPM relembra que Israel, com o apoio dos países «ocidentais» e em primeiro lugar dos Estados Unidos da América, é a maior potência militar da região e a única a dispor de armas nucleares.
A paz no Médio Oriente e a solução da questão palestina passam necessariamente por um desenlace que respeite os direitos inalienáveis do povo palestino a uma pátria livre e independente, incluindo o direito de regresso dos refugiados.
O MPPM reafirma a sua solidariedade com o povo palestino e o seu inalienável direito à resistência contra a ocupação, até a vitória da sua justa causa.
7 de Outubro de 2023
A Direcção Nacional do MPPM