Cinco mortos e 91 feridos palestinos num ataque israelita ao campo de refugiados de Jenin
Durante uma incursão em grande escala no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, o exército israelita matou cinco palestinos e feriu pelo menos 91, estando 23 em estado crítico.
Hoje cedo, um número considerável de forças israelitas, integrando cerca de 120 veículos militares, invadiu a cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia, colocando franco-atiradores nos telhados de algumas casas e desencadeando violentos confrontos em várias zonas.
Os soldados fortemente armados dispararam balas reais, granadas de atordoamento e granadas de gás lacrimogéneo. Um helicóptero de combate foi utilizado na incursão, o que ocorreu pela primeira vez desde 2006 na Cisjordânia.
O Ministério da Saúde palestino identificou as vítimas mortais como Ahmad Youssef Saqr, de 15 anos, Khaled Azzam Asa'sah, de 21 anos, Qassam Faisal Abu Sariya, de 29 anos, Qais Majdi Jabareen, de 21 anos, todos de Jenin, e Ahmad Daraghmeh, residente no distrito de Tubas.
Sadeel, uma rapariga de 15 anos, foi baleada na cabeça pelas forças israelitas quando se encontrava no seu quarto e encontra-se em estado crítico.
As forças armadas israelitas confirmaram que sete dos seus soldados ficaram feridos durante o ataque.
Jornalistas presentes no local disseram à Al Jazeera que vários colegas foram alvejados pelas forças israelitas durante o ataque, que teve lugar perto do local onde a veterana jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh foi alvejada e morta por um atirador israelita em Maio de 2022.
Quatro ambulâncias foram alvo das forças israelitas em Jenin, de acordo com Nibal Farsakh, responsável pela comunicação da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS). Segundo ele, o acesso das equipas médicas foi inicialmente negado e acabaram por chegar tarde para tratar os feridos que precisavam de assistência médica urgente.
O exército israelita disse que o ataque tinha como objectivo deter dois suspeitos e que os seus soldados foram atacados, o que resultou numa «troca de tiros maciça».
Quando os veículos militares israelitas estavam a sair do campo, um deles «foi atingido por um engenho explosivo, danificando o veículo», após o que os helicópteros militares dispararam contra os atiradores para ajudar as forças a sair, segundo o comunicado do exército.
Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, disse à Al Jazeera que o ataque a Jenin não é um «tiroteio entre dois lados». «É uma guerra criminosa que o exército israelita, muito bem equipado, está a conduzir contra os civis palestinos em Jenin», disse. «Estamos a falar de um exército que está a usar helicópteros Apache, caças F-16, veículos blindados, uma quantidade ilimitada de pólvora contra a população civil, basicamente no campo de Jenin e na própria cidade de Jenin».
Israel tem realizado incursões quase diárias e assassinatos de palestinos na Cisjordânia desde Junho de 2021, numa tentativa de reprimir uma crescente resistência armada.
Em 2022, as forças israelitas mataram mais de 170 palestinos, incluindo pelo menos 30 menores, em Jerusalém Oriental ocupada e na Cisjordânia, no que foi descrito como o ano mais mortífero para os palestinos que vivem nessas áreas desde 2006.
Desde o início de 2023, as forças israelitas mataram pelo menos 161 palestinos, incluindo 26 menores. O número de mortos inclui 36 palestinos mortos pelo exército israelita durante um ataque de quatro dias à Faixa de Gaza sitiada, entre 9 e 13 de Maio.
No mesmo período, os resistentes palestinos causaram a morte de 20 israelitas.