Israel controla 85% da água palestina e os palestinos são forçados a comprar água à empresa israelita Mekorot

Este ano, o Dia Mundial da Água é celebrado sob o tema "Acelerando a Mudança" para resolver a crise da água e do saneamento e a Palestina precisa, urgentemente, de medidas que corrijam as gravíssimas distorções causadas por o ocupante controlar 85% da sua água.

O Gabinete Central Palestino de Estatística (PCBS) e a Autoridade Palestina da Água (PWA) emitiram um comunicado de imprensa conjunto, a propósito do Dia Mundial da Água, onde afirmam que, com o controlo de Israel sobre 85% da água palestina nos territórios ocupados, os residentes palestinos são forçados a comprar a água necessária à companhia de água israelita, Mekorot.

Com a escassez de água e restrições israelitas ao acesso aos seus recursos hídricos, os palestinos são forçados a comprar água à companhia de água israelita Mekorot. Em 2021, compraram 96,1 milhões de metros cúbicos, o que representou 22% da água consumida na Palestina (438,4 milhões de metros cúbicos). As restantes necessidades foram supridas por água de nascentes (8,4%), poços de águas subterrâneas (67,9%) e água dessalinizada (1,7%).

É de notar que aos palestinos tem sido negado, pela ocupação israelita, o acesso e extracção de água do rio Jordão desde 1967, que é estimada em cerca de 250 milhões de metros cúbicos. Além disso, há proibições à manutenção ou abertura de novos poços e até cisternas para recolha de águas pluviais são destruídas pelo ocupante.

Consumo per capita abaixo do mínimo da OMS

O PCBS e o PWA dizem que o consumo médio de água palestino per capita é ainda inferior ao nível mínimo recomendado globalmente, de acordo com as normas da Organização Mundial de Saúde, que é de 100 litros por dia. A distribuição diária per capita de água consumida na Palestina, para fins domésticos, foi de 86,3 litros em 2021.

Ao comparar este valor com a capitação israelita de cerca de 300 litros por dia notamos que esta é mais de três vezes superior à dos palestinos e esta taxa duplica para os colonos israelitas para mais de sete vezes o consumo per capita palestino.

Tendo em conta o aumento da população, a elevada percentagem de poluição da água na Faixa de Gaza, e calculando as quantidades de água adequadas para uso humano a partir das quantidades disponíveis, a quota per capita de água doce é de apenas 21,3 litros por dia na Faixa de Gaza.

Considerando a discrepância da capitação de consumo de água entre as diferentes províncias, conseguir equidade na distribuição é um dos principais desafios que o Estado da Palestina enfrenta, mas que a situação de ocupação em que vive, que impede o desenvolvimento de um sistema integrado de água a nível nacional, torna mais difícil de resolver.

Mais de 97% da água bombeada do Aquífero Costeiro não cumpre as normas da Organização Mundial de Saúde.

A quantidade de água extraída do aquífero costeiro na Faixa de Gaza foi de 192,5 milhões de metros cúbicos em 2021. No entanto, esta quantidade é obtida através de bombagem insegura que compromete a sustentabilidade da fonte, uma vez que o rendimento sustentável da bacia não deve exceder 50 a 60 milhões de metros cúbicos por ano. Por isso, o nível das águas subterrâneas no aquífero costeiro atingiu 19 metros abaixo do nível do mar, levando ao esgotamento das reservas de águas subterrâneas. Isto levou a que 97% da água bombeada do aquífero costeiro da Faixa de Gaza não cumprisse os padrões de qualidade da água da Organização Mundial de Saúde.

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