Israel encerra importante organização de saúde palestina. Amnistia alerta para consequências catastróficas.

A Amnistia Internacional condenou, nesta quarta-feira, a decisão das autoridades de ocupação israelitas de encerrar os Comités de Trabalho em Saúde (HWC) considerando que isso terá consequências catastróficas para as necessidades sanitárias dos palestinos nos Territórios Palestinos Ocupados (TPO).

Na madrugada do dia 9 de Junho, as forças de ocupação israelitas invadiram a sede dos HWC em al-Bireh, Ramala. A Directora-Geral, Shatha Odeh, relatou que soldados israelitas fortemente armados derrubaram a porta principal da sede e irromperam no seu interior, adulterando e danificando a maior parte do seu conteúdo e apreendendo quatro computadores, tendo afixado uma ordem militar para fechar o edifício durante seis meses, renováveis.

Acrescentou que a decisão israelita de encerrar a organização assenta em frágeis pretextos de segurança, observando que esta foi a segunda vez que a sede foi invadida nos últimos dois meses. Odeh garantiu que os HWC continuarão a realizar o seu trabalho ainda que tenham de procurar outro local.

A organização tem sido alvo de ataques repetidos, com funcionários a serem perseguidos e mesmo presos pela sua alegada ligação à Frente Popular de Libertação da Palestina.

Saleh Higazi, Director Adjunto da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, declarou: «Os HWC são um dos principais prestadores de serviços de saúde nos Territórios Palestinos Ocupados, gerindo hospitais e clínicas de saúde que prestam cuidados médicos a comunidades marginalizadas. O encerramento da sua sede por Israel terá consequências importantes para a prestação de serviços de saúde essenciais a milhares de palestinos e um programa para a saúde das mulheres que se realizava na sede foi agora interrompido».

«Como potência ocupante, Israel tem uma obrigação clara ao abrigo do direito internacional de proteger os direitos de todos os palestinos - incluindo o seu direito à saúde. Até agora, falharam por completo o cumprimento desta responsabilidade durante toda a pandemia global, prosseguindo uma política discriminatória de vacinação contra Covid-19. As autoridades israelitas devem rescindir imediatamente a ordem de encerramento e pôr termo ao assédio aos trabalhadores da saúde.»

«A acção contra os HWC faz parte de um ataque mais amplo de Israel contra organizações da sociedade civil palestina. Em vez de criminalizar as organizações que prestam serviços de saúde vitais, as autoridades israelitas deveriam pôr fim à sua discriminação institucionalizada e à opressão sistemática dos palestinos.»

Os HWC têm estado na linha da frente da resposta à Covid-19 nos TPO, sensibilizando para a doença, oferecendo orientação de saúde pública e prestando cuidados médicos aos doentes Covid-19 nas suas instalações de saúde, bem como às comunidades de difícil acesso através de clínicas móveis. Também lidera os esforços locais de advocacia para melhorar o sistema de saúde palestino.

Esta não é a primeira vez que os HWC e o seu pessoal são visados pelas forças israelitas. O seu escritório em Jerusalém foi encerrado pelas autoridades israelitas em 2015. O seu gabinete de Ramallah, que anteontem foi encerrado, foi anteriormente invadido em Outubro de 2019 - quando o seu director financeiro foi detido - e em Março de 2021, quando dois outros membros do pessoal foram detidos.

Criada em 1985 por um grupo de voluntários palestinos que trabalham no sector da saúde, os HWC são uma organização não governamental de saúde e desenvolvimento que visa satisfazer as necessidades de cuidados de saúde da população palestina que vive sob a ocupação israelita, particularmente os pobres e os marginalizados.

A actividade dos HWC aproveita a mais de 400 000 beneficiários, com os serviços prestados pelos seus 270 funcionários a tempo inteiro e mais de 150 profissionais médicos a tempo parcial ou contratados em 17 centros de saúde e clínicas em toda a Cisjordânia. Estes centros vão desde pequenas clínicas a um hospital de cirurgia de dia que presta serviços de saúde de medicina geral, laboratório, radiologia, cirurgia e especialidades.


Foto: O serviço ambulatório dos HRC assiste as populações mais desfavorecidas e em zonas remotas (https://www.hwc-pal.org/)

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