Em encontro com homólogo português, MNE palestino apela a Portugal para que reconheça o Estado da Palestina

O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Expatriados da Palestina, Riyad Al-Malki, apelou a Portugal para apoiar a solução de dois Estados através do reconhecimento do Estado independente da Palestina, com Jerusalém Oriental como sua capital.

Al-Malki falou numa conferência de imprensa conjunta com o Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, em Ramala, depois de uma reunião de trabalho entre ambos.

Apelou também ao ministro português para que apoie o pedido palestino de iniciar negociações a fim de alcançar um acordo de parceria total com a União Europeia.

«A Palestina tem muito boas relações com Portugal, um Estado amigo que apoia os direitos do povo palestino e a questão palestina», disse al-Malki, citado pela agência noticiosa palestina Wafa.

Referiu que tinha abordado o papel que a UE poderia desempenhar em relação ao Médio Oriente, considerando que Portugal assumirá a presidência do bloco a 1 de Janeiro de 2021, e pediu que a UE tomasse uma posição clara sobre as políticas israelitas nos territórios palestinianos ocupados.

Ainda segundo a Wafa, o MNE português afirmou a posição do seu país no apoio ao processo de paz com base na solução de dois Estados e no estabelecimento do Estado palestino independente, viável e geograficamente contíguo.

Augusto Santos Silva salientou a necessidade de pôr fim a todas as políticas israelitas unilaterais ilegais, incluindo a construção de colonatos e demolições de casas, como prelúdio para o início de conversações directas palestino-israelitas.

O chefe da diplomacia portuguesa manifestou a sua convicção de que a nova administração dos EUA, que assumirá funções em Janeiro, abrirá uma nova janela para o processo de paz do Médio Oriente, e apontou que conta com a UE em termos de ajudar a encontrar uma solução para o conflito, de uma forma que leve a que dois Estados vivam lado a lado e cumpra os legítimos direitos e aspirações do povo palestino, conclui o despacho da Wafa.

Durante o seu discurso, o MNE palestino renovou a disponibilidade da Palestina para regressar às negociações com base nos termos de referência internacionais aprovados.

Afirmou a posição palestina de que deve ser lançado um processo de paz genuíno e negociações sérias em conformidade com as resoluções das Nações Unidas, o direito internacional e os acordos assinados e em conformidade com a visão do Presidente Mahmoud Abbas sobre a convocação de uma conferência internacional de paz.

Afirmou também o empenho da Palestina em todas as resoluções relevantes da ONU e na Iniciativa Árabe de Paz sobre a solução de dois Estados, conducente ao fim da ocupação israelita e ao estabelecimento de um Estado palestino independente nas fronteiras de 1967, tendo Jerusalém Oriental como capital.

Sublinhando a importância do multilateralismo, al-Malki saudou quaisquer esforços internacionais para ajudar o Quarteto a patrocinar o processo de paz, quer através da participação de países árabes, quer através da "fórmula de Munique", que inclui o Egipto, a Jordânia, a França e a Alemanha.

Sobre as relações palestinas com os EUA, salientou a disponibilidade da Palestina para retomar as relações com a nova administração dos EUA, com base nos recentes contactos preliminares e nas posições declaradas do Presidente eleito Joe Biden e da Vice-Presidente Kamala Harris.

O encontro de Augusto Santos Silva com Riyad Al-Malki insere-se no programa de uma digressão que o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português está a efectuar, no âmbito da preparação da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, e que incluiu uma visita a Israel, no dia 21 de Dezembro, e uma visita à Palestina, no dia 22 de Dezembro.

Na Palestina, além do encontro de trabalho com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Riad Malki, está previsto que Augusto Santos Silva se encontre com o Primeiro-Ministro, Mohammed Shtayyeh, e com o Ministro da Administração Interna, Hussein Al-Sheik.

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