Filme palestino candidato aos Óscares tem co-produção portuguesa e foi rodado parcialmente no Algarve

Gaza, mon amour, realizado pelos gémeos Tarzan e Arab Nasser, é o candidato da Palestina a uma nomeação para o Óscar de melhor filme em língua estrangeira. Estreou, este ano, no Festival de Veneza e é uma co-produção da Palestina, França, Alemanha, Portugal e Qatar.

O filme foi posteriormente exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto 2020, onde ganhou o Prémio NETPAC (Network for the Promotion of Asian Cinema), que distingue os melhores filmes asiáticos em festivais seleccionados do mundo inteiro.

Inspirado numa situação verídica ocorrida em Gaza, em 2014, o filme conta a história de Issa (Salim Dau), um pescador de Gaza, de 60 anos, secretamente apaixonado pela modista Siham (Hiam Abass), cuja sorte muda quando recolhe na sua rede de pesca uma escultura fálica do deus grego Apolo…

O Algarve proporcionou os locais para as filmagens das cenas situadas nas praias e no mar de Gaza, interditados pelo bloqueio israelo-egípcio.

Nascidos em Gaza em 1988, Tarzan e Arab Nasser estrearam-se em 2013 com a curta-metragem Condom Lead e fizeram a primeira longa um ano depois, intitulada Dégradé, estreada na Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes.

A Palestina submete, desde 2003, filmes para nomeação para os prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (AMPAS) na categoria de melhor filme em língua estrangeira. Paradise Now, em 2006, e Omar, em 2013, alcançaram a nomeação para o Óscar.

A participação da Palestina no concurso tem sido objecto de controvérsia instigada pelo lóbi pró-israelita.

Em 2002 o filme Intervenção Divina não foi aceite, alegadamente porque a Palestina não era reconhecida internacionalmente como um país, se bem que outras entidades sem reconhecimento internacional, como Hong Kong, Porto Rico e Taiwan participassem há muito tempo no concurso. Acabou por ser aceite no ano seguinte.

Quando Paradise Now, em 2006, conseguiu obter uma nomeação para o Óscar, como representante da Palestina, o lóbi dos grupos judeus levou a Academia a designar Paradise Now como representante da Autoridade Palestina. Perante os protestos do realizador, Hany Abu-Assad, como compromisso, o filme acabou por ser anunciado como representante dos Territórios Palestinos.

Posteriormente, as candidaturas têm sido apresentadas como representantes da Palestina, nomeadamente quando Omar, também de Hany Abu-Assad, foi nomeado para o Óscar, em 2014.

Mas a controvérsia não está sanada e não será de estranhar que se reacenda se Gaza, mon amour alcançar a nomeação.

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