Violência dos colonos em escalada: incendiada mesquita perto de Ramala
Colonos israelitas incendiaram esta manhã cedo uma mesquita na cidade de al-Bireh, próximo de Ramala, e pintaram graffiti racistas nas suas paredes, segundo noticia a agência Wafa.
Os vândalos, vindos do vizinho colonato ilegal de Psagot, entraram furtivamente na cidade durante a noite, cobriram as paredes da mesquita com inscrições racistas e incendiaram-na.
«Condenamos veementemente o ataque incendiário à mesquita cometido esta manhã por um grupo de colonos israelitas. Os colonos, que vieram de um colonato israelita ilegal próximo, invadiram a cidade palestina de Al-Bireh durante o amanhecer e atearam fogo à Mesquita Al-Bir Wal-Ihsan e escreveram calúnias racistas e odiosas», declarou Hanan Ashrawi, membro do Comité Executivo da OLP, num comunicado de imprensa.
«Experiências passadas provam que o terrorismo dos colonos quase nunca é condenado pelas autoridades israelitas, e muitos destes ataques têm lugar sob a protecção das forças de ocupação israelitas. No meio de uma pandemia global, o terrorismo dos colonos está a aumentar a um ritmo acelerado, sem qualquer forma de responsabilização ou contenção», acrescentou ela.
«O governo israelita de extrema-direita é conivente com a sua base extremista, incitando-a contra os palestinos e alimentando as chamas dos conflitos e inimizades religiosas na região», advertiu, e instou «a comunidade internacional a proteger a população palestina indefesa sob ocupação, tanto das forças israelitas como das milícias dos colonos».
Segundo o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários nos Territórios Palestinos Ocupados (OCHA-OPT), a violência dos colonos tem aumentado desde a eclosão da pandemia Covid-19. No primeiro semestre de 2020 registaram-se 179 incidentes, 50 vitimando pessoas e 129 com destruição de propriedade.
Um dos focos de violência dos colonos nesta primeira metade de 2020, segundo o OCHA-OPT, é um “posto avançado” para criação de gado bovino, criado a leste do colonato de Halamish (construído em terrenos roubados a Nabi Saleh, a aldeia de Ahed Tamimi). Estes colonos aterrorizam as aldeias vizinhas de Jibya, Kobar e Umm Safa.
Ainda segundo a mesma fonte, em termos de danos em propriedade agrícola, os incidentes mais importantes foram registados na área do colonato de Gush Etzion, a oeste de Belém, e perto do “posto avançado” de 'Adei 'Ad, a nordeste de Ramala: mais de 60% das 3 700 árvores vandalizadas entre Janeiro e Maio estavam localizadas nestas duas áreas.
Outros focos de violência referidos pelo OCHA-OPT são os colonatos na cidade de Hebron; Hvat Malon, a sul de Hebron; Yitzhar, Homesh e colonatos vizinhos, na proximidade de Nablus.
A impunidade dos colonos é atestada pela organização de direitos humanos israelita Yash Din que analisou 273 incidentes investigados pelas autoridades israelitas entre 2014 e 2019, dos quais apenas 9% resultaram em condenações.
A ONG Première Urgence Internationale descreve assim a estratégia dos colonos para expulsarem os palestinos das suas terras: «1. Os colonos israelitas vandalizam frequentemente oliveiras e culturas e atacam os agricultores palestinos na Cisjordânia. 2. Quando os agricultores tentam proteger-se e às suas culturas, intervém o exército israelita – prendendo os palestinos, em vez dos colonos. 3. Quando os ataques se tornam repetidos na mesma área, o exército israelita declara-a “área de coordenação prioritária”. A partir daqui os agricultores palestinos só têm acesso às suas terras alguns dias por ano – se o exército os autorizar. 4. Entretanto, os mesmos colonos podem agora entrar na área sem problemas e roubar as colheitas ou ocupar as terras com total impunidade».