APD apela à ONU e ao governo português: forcem Israel a respeitar direitos das pessoas com deficiência

A propósito do assassinato pela polícia israelita do jovem Lyad Hallak, e recordando outros atentados contra a vida de palestinos portadores de deficiência, a Associação Portuguesa de Deficientes apela às Nações Unidas e ao Governo de Portugal para que forcem Israel a respeitar os direitos humanos e, em particular, os direitos das pessoas com deficiência.

É este o teor da carta:

Apelo às Nações Unidas e ao Governo Português

No sábado de manhã, dia 30 de Março, em Jerusalém, o jovem palestino Lyad Hallak foi mortalmente atingido pelas balas disparadas por oficiais israelitas da polícia de fronteira. Lyad era autista e dirigia-se ao Centro Elwyn, centro especializado em cuidados a pessoas com deficiência.

Lyad foi atingido por mais de 10 balas pelo que o seu assassinato prefigura um atentado de ódio étnico, com a agravante deste ser mais um caso no rol de pessoas com deficiência vítimas das forças militares israelitas. Nos últimos anos, como informa o Centro de Informações de Israel para os direitos humanos nos Territórios Ocupados, foram assassinados: Arif Jaradat, 23 anos, síndrome de Down, não resistiu aos ferimentos por bala, morreu a 19 de Junho de 2016; Abur Thuraya, 29 anos, assassinado a tiro em Dezembro de 2017, na cadeira de rodas em que se deslocava por ter perdido as pernas aos 20 anos, durante um dos muitos bombardeamentos israelitas sobre Gaza; Muhammad al-Já'bri, com deficiência intelectual, 24 anos, assassinado a tiro a 9 de Março de 2018; Muhammad Hbali, 22 anos, com deficiência intelectual, morto com um tiro na cabeça a 4 de Dezembro de 2018; em Dezembro de 2018, foi também morto com um tiro na cabeça Maher Yasin, 40 anos, com deficiências físicas derivadas de uma poliomielite que o atingira quando ainda criança.

A APD, Associação Portuguesa de Deficientes, condena veementemente estes atentados à vida e à  dignidade das pessoas com deficiência e declara publicamente a sua solidariedade para com todas as pessoas com deficiência e suas famílias vítimas da brutal repressão das forças de segurança israelitas que atuam em total violação da Carta dos Direitos Humanos e da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU.

Em 2009, 2015 e 2019 o Conselho dos Direitos Humanos da ONU aprovou relatórios de Comissões de Inquérito independentes sobre a repressão israelita nos Territórios Ocupados palestinos. Todos esses relatórios acusam Israel de cometer violações de direitos humanos e da lei humanitária internacional.

Assim, a Associação Portuguesa de Deficientes

apela ao Presidente da Assembleia Geral e ao Secretário-geral da ONU para atuarem junto do Governo de Israel para que cessem com as violações dos Direitos Humanos e, em particular, que cessem com os atentados à vida e à dignidade das pessoas com deficiência;

apela ao Governo Português para que, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e de outras Entidades que considere relevantes, desenvolva todos os meios de que dispõe junto da ONU,da União Europeia e do Governo de Israel para que este faça respeitar a Convenção dos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência.

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