Antigos líderes mundiais exortam dirigentes europeus a mostrar firmeza perante as ameaças de anexação por Israel

Um grupo de antigos líderes mundiais, que integra vários Prémios Nobel da Paz, designado The Elders (Os Anciãos), apelou aos dirigentes europeus para manterem a sua determinação contra os planos de Israel de anexar faixas da Cisjordânia, e para insistirem em que qualquer movimento desse tipo teria consequências políticas e económicas negativas para as relações bilaterais.

A ausência de quaisquer medidas militares e legais directas no sentido da anexação a 1 de Julho - o prazo unilateralmente declarado pelo Primeiro-Ministro israelita Benyamin Netanyahu - não deve ser tomado como motivo de complacência. A anexação de qualquer parte da Cisjordânia, incluindo os blocos de colonatos ilegais, constituiria uma violação flagrante do direito internacional.

Em cartas ao Presidente francês Emmanuel Macron, à Chanceler alemã Angela Merkel, ao Primeiro Ministro britânico Boris Johnson, à Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e ao Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros Josep Borrell, The Elders sublinharam o perigo que a anexação causaria não só a quaisquer esperanças de uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino, mas também ao respeito global pelo Estado de direito.

A anexação «é fundamentalmente contrária aos interesses a longo prazo tanto do povo israelita como do povo palestino. [Ela] não irá amortecer as futuras exigências palestinas pelos seus direitos e pela autodeterminação, mas ao destruir as esperanças num compromisso de dois Estados aumentará os riscos de violência futura numa das áreas mais combustíveis do mundo", advertiram The Elders no seu apelo aos líderes europeus.

Eles exortaram os líderes da UE a considerarem a suspensão do Acordo de Associação com Israel, caso a anexação se concretize sob qualquer forma, e recordaram a responsabilidade histórica e permanente do Reino Unido para com a região enquanto detentor do Mandato colonial na Palestina antes de 1948.

The Elders também reiteraram o seu apoio aos defensores dos direitos humanos e activistas da sociedade civil em Israel e na Palestina, cujas vozes precisam de ser protegidas e amplificadas neste momento desafiante.


The Elders são um grupo de antigos líderes mundiais que promovem a paz, a justiça e os direitos humanos. Fundado por Nelson Mandela em 2007, o grupo é actualmente presidido por Mary Robinson, primeira mulher Presidente da Irlanda, tendo como vice-presidentes Ban Ki-moon, antigo Secretário-Geral da ONU, e Graça Machel, primeira Ministra da Educação de Moçambique. Integram ainda o grupo Lakhdar Brahimi, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Argélia e diplomata da ONU, Gro Harlem Brundtland, primeira mulher Primeira Ministra da Noruega, Zeid Raad Al Hussein, antigo Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Hina Jilani, jurista e activista pelos Direitos Humanos, Ellen Johnson Sirleaf, antiga Presidente da Libéria e Prémio Nobel da Paz, Ricardo Lagos, antigo Presidente do Chile, Juan Manuel Santos, antigo Presidente da Colômbia e Prémio Nobel da Paz, Ernesto Zedillo, antigo Presidente do México, Martti Ahtisaari, antigo Presidente da Finlândia e Prémio Nobel da Paz, Ela Bhatt, activista dos direitos das mulheres, Fernando Henrique Cardoso, antigo Presidente do Brasil, Jimmy Carter, antigo Presidente dos EUA, e Desmond Tutu, arcebispo emérito da Cidade do Cabo e Prémio Nobel da Paz.

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