Israel bloqueia exportações agrícolas palestinas através da Jordânia

Israel decretou este domingo o bloqueio das exportações agrícolas palestinas, no contexto de uma disputa comercial que se intensificou desde o anúncio  do chamado «acordo do século» pelo presidente Trump.

«A partir de hoje … não será autorizada a exportação de produtos agrícolas palestinos através da passagem (fronteiriça) de Allenby», declarou o COGAT, o órgão do Ministério da Defesa de Israel encarregado de supervisionar as actividades civis nos territórios palestinos ocupados.

A passagem de Allenby, controlada por Israel, liga a Cisjordânia ocupada à Jordânia, de onde os produtos palestinos poderiam ser enviados para o resto do mundo. Ao fechar esta passagem, as autoridades de ocupação bloqueiam automaticamente todas as exportações agrícolas palestinas, porque já tinha sido impedido o acesso destes produtos a Israel.

Tareq Abu Laban, subsecretário do Ministério da Agricultura palestino, declarou hoje à agência WAFA que o valor dessas exportações palestinas é de 100 milhões de dólares anuais, sendo a maioria delas provenientes da região do Vale do rio Jordão, que está ameaçada de confiscação por Israel nos termos do «acordo do século» recentemente apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Laban explicou que a decisão do governo israelita de proibir a exportação de vegetais, frutas, azeite e tâmaras palestinas surgiu em resposta à decisão do governo palestino de proibir a importação de vitelos israelitas para o mercado palestino.

Em Setembro os palestinos decidiram parar de importar carne bovina de Israel. A Autoridade Palestina alegou que a maior parte das 120 000 cabeças de gado que vinham mensalmente de Israel eram importadas e que portanto preferiam importar diretamente do estrangeiro. Esta decisão parecia ter como objectivo reduzir a dependência económica dos palestinos em relação a Israel.

Os criadores de gado israelitas, confrontados com uma queda das suas vendas, pressionaram as autoridades israelitas a tomar medidas.

O ministro israelita da Defesa, o ultradireitista Naftali Bennett — que é o responsável máximo pelos assuntos referentes aos territórios palestinos ocupados, já que estes se encontram sob regime militar —, suspendeu a importação de produtos agrícolas provenientes da Cisjordânia na semana passada.

Como retaliação, os palestinos bloquearam a entrada de legumes, frutas, refrigerantes, sumos e água mineral de Israel. As importações de produtos agrícolas israelitas para os territórios palestinos foram de cerca de 600 milhões de dólares (548 milhões de euros) em 2018, de acordo com dados palestinos.

A crise comercial surge no meio de uma onda de protestos, alguns violentos, contra o plano de Donald Trump para o Médio Oriente, que os palestinos rejeitam enfaticamente.

Em dez dias de protestos contra o plano de Trump, pelo menos cinco palestinos foram mortos pelas forças israelitas.

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