107 dias de greve da fome: tribunal militar israelita rejeita recurso de Ahmad Zahran

O tribunal militar israelita de Ofer rejeitou o apelo do preso palestino Ahmad Zahran, em greve de fome há 107 dias, contra a sua detenção sem acusação nem julgamento. O tribunal militar, informa a Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinos), adiou repetidamente a decisão, apesar da deterioração da saúde de Zahran.

Ahmad Zahran está preso desde Março de 2019 em regime de detenção administrativa, ao abrigo do qual os palestinos podem ficar presos sem acusação nem julgamento e sem acesso a defesa. A detenção administrativa é efectuada por simples ordem um comandante militar israelita, já que os territórios palestinos ocupados se encontram submetidos a regime militar. Podendo durar até seis meses, as ordens de detenção administrativa são indefinidamente renováveis.

Devido à gravidade do seu estado de saúde, Zahran foi transferido para o hospital civil Kaplan na segunda-feira, 6 de Janeiro. Perdeu mais de 35 quilos, é incapaz de andar e tem dores em todo o corpo.

Ahmad Zahran, de 42 anos, já tinha realizado em 2019 uma outra greve de fome, durante 39 dias, que suspendeu após uma promessa de que a sua detenção não seria renovada. Mas a detenção foi mesmo renovada, levando-o a lançar nova greve de fome. Anteriormente já passara quase 15 anos em prisões israelitas.

No 90.º dia da sua greve de fome, interrogadores israelitas apareceram na clínica prisional de Ramon, invocando a necessidade de interrogar Zahran para que o tribunal militar pudesse apreciar o seu recurso.  O interrogatório não pôde ter lugar devido à gravidade do estado de saúde do preso, que, refira-se, nunca tinha sido submetido a qualquer interrogatório, nem antes nem durante a greve de fome.

A Sociedade dos Presos Palestinos e o Centro de Estudos dos Presos Palestinos indicam num comunicado que os serviços de informações israelitas se têm oposto a um acordo entre os serviços prisionais e Zahran para impedir uma vitória deste na greve de fome.

Vários presos palestinos têm realizado greves prolongadas em apoio a Ahmad Zahran, enquanto esta terça-feira, 7 de Janeiro, um grupo de presos da prisão de Gilboa iniciaram uma greve de fome rotativa de um dia. O ramo prisional da Frente Popular para a Libertação da Palestina PFLP sublinha que os protestos serão intensificados se Zahran não for libertado.

Durante o ano de 2019 foram emitidas pelo exército de ocupação 1035 ordens de detenção administrativa, encontrando-se no final do ano cerca de 460 detidos administrativos nas prisões de israelitas.

Foto: Quds News

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