256 ataques de colonos israelitas na Cisjordânia ocupada este ano
No decorrer de 2019, registaram-se na Cisjordânia ocupada 256 actos de violência dirigidos contra palestinos por civis israelitas, informa o diário Haaretz. Aumentou a gravidade da violência e da audácia dos responsáveis, embora haja uma diminuição do número de incidentes violentos relativamente 2018, afirmam fontes oficiais israelitas.
Verifica-se um ascenso contínuo dos chamados ataques de «price tag» («etiqueta de preço»), que consistem em vandalizar bens de palestinos ou pintar graffiti com inscrições de ódio.
Fontes citadas pelo Haaretz dizem que este aumento, juntamente com a ousadia dos agressores, faz lembrar a atmosfera que precedeu o fogo posto de consequências fatais na aldeia de Duma, na Cisjordânia ocupada, em 2015, de que resultou a morte de Saad e Riham Dawabsheh e do seu bebé de 18 meses, Ali; o único membro da família que sobreviveu foi o pequeno Ahmed, de quatro anos.
Um exemplo recente de vandalismo é o caso dos 160 carros cujos pneus foram furados este mês no bairro de Shoafat, em Jerusalém Oriental ocupada. Os veículos foram vandalizados em cinco zonas diferentes, o que implica um grande número de participantes e muito de tempo para perpetrar o crime.
No mês passado, diversos carros foram cobertos de inscrições e incendiados em quatro aldeias palestinas.
Dos 256 incidentes violentos em 2019, cerca de 200 dizem respeito ao arranque de árvores e outros ataques não letais. As autoridades israelitas chegaram à conclusão de que um quarto destes ataques foram realizados por colonos do colonato de Yitzhar, que é descrito como «o coração pulsante da extrema direita».
Mas a verdade é que os colonos atacantes sabem que não têm razões para se preocupar com a actuação das autoridades. Na realidade, muitos dos ataques dos colonos contra propriedades agrícolas palestinas, nomeadamente olivais, são realizados sob os olhos de soldados israelitas, que defendem os atacantes e reprimem os palestinos que tentam proteger os seus bens.
Uma boa demonstração da cumplicidade das autoridades de ocupação israelitas é a brandura das medidas tomadas contra os criminosos: este ano foram emitidas 30 ordens administrativas contra judeus na Cisjordânia ocupada, apesar de os colonos terem chegado a queimar uma tenda da Polícia de Fronteira israelita e atacado soldados.
Além do facto de todos e cada um dos colonatos serem ilegais à luz do direito internacional, é também chocante a diferença de tratamento relativamente a judeus e a palestinos residentes no mesmo território, ou seja, a Cisjordânia ocupada.
Os judeus que vivem nos colonatos ilegais estão abrangidos e são julgados ao abrigo do direito israelita, nos raríssimos casos em que são alvo de acção judicial.
Quanto aos palestinos, são presos às centenas e ao mínimo pretexto mortos a tiro, acusados de terrorismo, e vivem sob a alçada do regime militar israelita em vigor desde a ocupação da Cisjordânia, em 1967.