Presa política palestina em greve de fome denuncia maus tratos em prisão de Israel

Heba al-Labadi, presa política palestina em greve de fome, descreveu os pormenores do seu interrogatório pelas forças israelitas e as formas de tortura a que foi sujeita para a forçar a terminar o seu protesto.

Heba al-Labadi, de 24 anos, cidadã palestino-jordana, foi detida pelas forças israelitas em 20 de Agosto ao atravessar a fronteira com a Jordânia. Na companhia da mãe, viajava para assistir ao casamento de um familiar na Cisjordânia ocupada.

Logo a seguir a ser presa foi despida e foram-lhe colocadas algemas e correntes nas pernas, sendo depois vendada e transferida para o centro de detenção Bitah-Tikva. Nos primeiros 16 dias de detenção foi aí interrogada durante 20 horas por dia, com apenas dois intervalos para as refeições.

Nos primeiros 25 dias de prisão foi-lhe negada a visita de advogados, e só 32 dias após ser presa é que foi transferida de um centro de interrogatório para uma prisão.

Só em 3 de Outubro é que o seu advogado foi autorizado a visitá-la.

Segundo o jornal israelita Haaretz, Heda al-Labadi é alvo da suspeita de se encontrar com membros do Hezbollah durante uma viagem a Beirute, o que ela e sua família negaram.

«Ela foi interrogada intensivamente durante 35 dias e, no final, não havia base para a acusar», declarou o seu advogado. «Por isso, aplicaram-lhe uma ordem de detenção administrativa.»

Em 25 de Setembro, mais de um mês após sua prisão, as autoridades israelitas emitiram contra ela uma ordem de detenção administrativa de seis meses — sem acusação nem julgamento —, que pode ser renovada indefinidamente.

Em protesto, a jovem Heda decidiu a iniciar uma greve de fome.

Os seus advogados confirmaram que ela perdeu cerca de oito quilos desde o início da greve de fome, em que recusa qualquer alimento, vitaminas e sal, aceitando apenas beber água.

Durante a visita do advogado, Heba al-Labadi falou das terríveis condições em que está encarcerada na prisão de Jalameh, em Israel.

O Comité de Presos da OLP, citando o relato da jovem, informou que os interrogadores israelenses «se aproximaram intencionalmente do seu corpo e usaram as palavras mais sujas para a insultar».

Além disso, os interrogadores israelenses «insultaram o Islão e o Cristianismo, disseram que eu sou uma extremista e disseram que tinham prendido a minha mãe e irmã e me iam colocariam sob detenção administrativa renovável durante sete anos e meio».

A cela de Heda al-Labadi está suja, tem câmaras de vigilância e não tem janelas. A jovem só dispõe de um lençol sujo, e o ar condicionado é mantido intencionalmente no máximo de  frio. A cela é revistada pelos guardas de duas em duas horas, incluindo de noite. Além disso, não tem direito a recreio.

Heda al-Labadi não pode tomar banho desde que foi transferida para Jalameh, uma vez que o lugar destinado ao duche é «completamente exposto».

Estas condições, incluindo os longos interrogatórios e o assédio a que é sujeita, visam pressioná-la a pôr fim à sua greve de fome.

A Addameer (Associação de Apoio e Direitos Humanos dos Presos) «responsabiliza as autoridades israelitas pela vida de Hiba Al-Labadi e de todos os grevistas», declarou num comunicado a organização palestina, acrescentando que a jovem faz parte de um grupo de seis detidos administrativos actualmente em greve de fome.

Aquele que se encontra em greve da fome há mais tempo é Ahmed Ghannam, que a iniciou há 90 dias, em 14 de Julho, dia em que foi preso e detido sem acusação; a sua detenção administrativa foi renovada em 6 de Setembro.

Em Setembro a Addameer registava 5000 presos políticos palestinos detidos nas prisões de Israel, incluindo 43 mulheres e 425 detidos administrativos.

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