Israel quer deportar Omar Barghouti, co-fundador do movimento BDS

O ministro do Interior de Israel, Arye Dery, ordenou às autoridades de imigração que revogassem o estatuto de residente de Omar Barghouti, um dos fundadores do movimento BDS pelos direitos do povo palestino.

Omar Barghouti, que é um palestino nascido no Catar, reside na cidade de Acre, no Norte de Israel, e tem estatuto de residente permanente por ser casado com uma palestina cidadã de Israel.

O movimento internacional BDS, lançado em 2005 por 170 organizações palestinas, apela ao boicote, ao desinvestimento e às sanções como forma de pressão sobre Israel para pôr fim à ocupação da terra palestina, conceder direitos iguais aos cidadãos palestinos de Israel e reconhecer o direito de retorno dos refugiados palestinos.

«Pretendo agir rapidamente para revogar o estatuto de residente permanente de Barghouti», afirmou o ministro sionista, por ser «um homem que está a fazer tudo para prejudicar o Estado [de Israel], e portanto não deve gozar do direito de ser um residente de Israel.»

Em 2017 Barghouti foi preso por Israel sob a acusação de fuga aos impostos e em Abril deste ano foi-lhe negada entrada nos Estados Unidos.

No mês passado, o seu visto de entrada no Reino Unido foi retardado o suficiente para o impedir de participar em eventos integrados no Congresso do Partido Trabalhista.

Tal foi classificado como «um êxito» pelo Ministério dos Assuntos Estratégicos de Israel, cuja misssão é opor-se, por meios legais e outros, ao crescimento do movimento internacional de solidariedade com povo palestino, e nomeadamente ao BDS.

Omar Barghouti, além do mais, ilustra uma injustiça essencial do Estado de Israel. Qualquer judeu de qualquer parte do mundo que imigre para Israel adquire automaticamente a cidadania israelita. Pelo contrário, os palestinos vítimas da campanha de limpeza étnica por ocasião da formação de Israel, em 1948, e os seus descendentes, estão impedidos de regressar à terra ancestral de onde foram expulsos.

O deputado Ayman Odeh, líder da Lista Conjunta (coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista em Israel), delarou a este propósito que «revogar a autorização de residência ou a cidadania é um acto antidemocrático. Hoje é Barghouti e amanhã poderia ser quem quer que não concorde com o governo de Israel, com a política de ocupação e com as leis supremacistas judaicas. Usaremos todos os meios legais que temos para proteger os nossos direitos.»

Foto AP/Nasser Nasser

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