Palestinos de Israel declaram greve geral contra negligência da polícia no combate ao crime violento

O Alto Comité de Acompanhamento dos Cidadãos Árabes de Israel declarou uma greve geral para esta quinta-feira, em protesto contra a inacção da polícia israelita contra o crime violento nas suas comunidades. O Comité representa os dois milhões de palestinos cidadãos de Israel, mais de 20% da população do país.

Numa reunião de emergência realizada esta quarta-feira, aprovou uma série de decisões para reclamar das autoridades israelitas o combate à violência e aos assassínios na comunidade palestina, incluindo uma greve geral nesta quinta feira, que abrangerá escolas, jardins de infância, lojas e serviços públicos, e também manifestações em cidades palestinas de Israel.

A greve geral segue-se a vários dias de protestos em diversas localidades palestinas de Israel contra a inacção da polícia face à praga da violência, que se transformou num problema de primeira importância. Só no mês passado, 13 palestinos de Israel foram vítimas de assassínio. Durante todo o ano de 2018 foram assassinados 76 cidadãos palestinos, mas só nos meses já decorridos de 2019 o número de vítimas de homicídio na sociedade palestina de Israel eleva-se a 71. Desde 2000 foram mortos 1380 palestinos.

«Esta é a primeira questão que vamos abordar. Não temos outra opção que não seja fazer regressar a segurança às ruas e viver a vida numa sociedade sem armas de fogo», afirmou no Twitter o deputado Ayman Odeh, da Lista Conjunta (coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista em Israel).

A Lista Conjunta anunciou que os seus deputados não compareceriam na quinta-feira, dia da greve geral, na tomada de posse do novo Knesset (parlamento), eleito em 17 de Setembro.

«Queremos um presente e um futuro seguro para nós, os nossos filhos e as gerações que virão depois de nós. A segurança de nossa sociedade é um direito humano», afirma o comunicado saído da reunião.

Mohammed Barakeh, dirigente do Alto Comité de Acompanhamento, acusou as autoridades israelitas de «conluio com o crime».

O Alto Comité e outros órgãos apresentaram muitos programas para enfrentar a violência e o crime, sublinhou Barakeh, «mas nós não temos autoridade para confiscar armas ilegais ou processar os criminosos. Esse é o trabalho do Estado … o governo e a sua polícia recusam-se a cumprir o seu dever, porque procuram de forma premeditada a fragmentação da nossa sociedade a partir de dentro.»

O Alto Comité de Acompanhamento dos Cidadãos Árabes de Israel inclui representantes de todos os partidos e movimentos políticos da comunidade palestina israelita, incluindo os deputados da Lista Conjunta e os dirigentes dos municípios.

Foto: Arab 48. Moradores de Majd al-Krum manifestam indignação frente à esquadra da polícia, na noite de terça-feira, quando foram assassinados a tiro dois residentes da localidade.

Print Friendly, PDF & Email
Share