Preso palestino morre em prisão israelita, vítima de negligência médica
No domingo 8 de Setembro, morreu numa prisão israelita o preso palestino Bassam al-Sayeh, em circunstâncias que levantam suspeitas de negligência médica intencional.
Trata-se já do terceiro palestino a morrer nos cárceres israelitas em 2019, informa a Addameer (Associação de Apoio e Direitos Humanos dos Presos).
Bassam Al-Sayyeh, jornalista, de 47 anos, foi preso em 8 de Outubro de 2015 no tribunal militar de Salem quando assistia ao julgamento da sua esposa.
Sofria de cancro ósseo desde 2011, e apesar da sua situação de saúde, as forças de ocupação israelitas transferiram-no para o centro de interrogatórios de Petah Tikva.
Nessa altura, Al-Sayyeh informou o advogado da Addameer, durante uma visita, de que era interrogado diariamente durante longas horas, tendo desmaiado várias vezes durante os interrogatórios e na cela.
Esteve cerca de 20 dias sem qualquer assistência ou tratamento médico.
Devido à tortura, à negligência médica e ao protelamento na prestação dos cuidados médicos de que necessitava, a sua saúde deteriorou-se seriamente ao longo dos últimos 4 anos. Foi-lhe diagnosticada leucemia.
Recentemente, o seu estado piorou visivelmente, mas, apesar dos insistentes apelos para sua libertação, as forças israelitas recusaram e transferiram-no para a clínica Al-Ramla em 29 de Julho de 2019. Os presos palestinos chamam a esta clínica «o matadouro», devido ao mau tratamento que aí recebem.
Em 12 de Agosto, em vista da rápida deterioração do seu estado, Al-Sayeh foi transferido para o centro médico Assaf Harofeh, em Israel, onde veio a falecer. Esteve em detenção administrativa, sem ser julgado, até à morte.
Apenas em 2019, é o terceiro preso palestino a morrer nas prisões de Israel. Em 6 de Fevereiro, Fares Mohammed Baroud, de 51 anos, que passou 28 anos nas prisões israelitas, morreu horas depois de ser transferido da prisão de Ramon para o hospital Soroka, em circunstâncias que fazem suspeitar de negligência médica deliberada das autoridades israelitas. E em 16 de Julho, Nassar Majed Taqatqah, de 31 anos, morreu quando se encontrava em isolamento na prisão de Nitzan, em Israel.
Com a morte de Al-Sayeh, sobe para 221 o número de presos palestinos que morreram nas prisões de Israel desde 1967, informa a Addameer, elevando-se actualmente a cerca de 750 o número de doentes entre os mais de 5000 presos políticos palestinos nas cadeias de Israel.
Todas as forças políticas palestinas condenaram com veemência a política israelita de negligência médica e maus tratos infligidos aos presos palestinos. O movimento dos presos palestinos anunciou três dias de luto por Al-Sayyeh, declarando que «consideramos a ocupação sionista e a administração prisional total e directamente responsáveis pelo martírio de Al-Sayyeh, devido a negligência médica de que foi vítima e à política de morte lenta».