Netanyahu reitera promessa de anexar colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada, palestinos condenam
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou neste domingo o compromisso de impor a soberania de Israel nos colonatos judaicos da Cisjordânia ocupada.
«Com a ajuda de Deus, aplicaremos a soberania judaica a todas as comunidades [ler: colonatos judaicos], como parte da Terra [bíblica] de Israel e como parte do Estado de Israel», afirmou Netanyahu numa cerimónia de abertura do novo ano escolar no colonato de Elkana.
Netanyahu fez uma promessa semelhante, de anexar parte da Cisjordânia ocupada, nas vésperas das eleições de Abril deste ano. Porém, nessa altura os resultados obtidos não lhe permitiram formar uma coligação de governo viável. As actuais declarações devem por isso ser lidas também na perspectiva das novas eleições, marcadas para o próximo dia 17 de Setembro.
Netanyahu e o seu partido, o Likud, encontram-se praticamente empatados nas sondagens com os seus rivais da coligação Kahol Lavan. Têm-se por isso esforçado por obter uma forte participação e captar os votos de outros partidos de direita e do influente movimento dos colonos. Tanto mais quanto o futuro de Netanyahu depende da vitória, já que tem pendentes várias acusações de corrupção e fraude.
Mais de 600 000 israelitas vivem em colonatos nos territórios palestinos da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, ocupados desde 1967. Todos e cada um dos colonatos são ilegais à luz do direito internacional.
Nabil Abu Rudieneh, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, denunciou o anúncio de Netanyahu, que classificou como «continuação das tentativas de criar um facto consumado inaceitável que não levará a nenhuma paz, segurança ou estabilidade».
Por seu lado, Saeb Erekat, secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina, criticou a promessa de Netanyahu, escrevendo no Twitter: «Aqueles que alegam preocupação após cada anúncio de um colonato israelita têm de enfrentar a realidade: o primeiro-ministro de Israel está a anunciar uma anexação adicional do território ocupado. Basta de impunidade: existe uma responsabilidade internacional de impor sanções a Israel após décadas de crimes sistemáticos.»
Esta crítica assenta como uma luva à União Europeia e aos países que a compõem, entre os quais Portugal. Não poupando ocas expressões de preocupação, na realidade não tomam nenhuma medida prática em relação aos crimes e violações do direito internacional por Israel nem empreendem qualquer esforço no sentido de concretizar a solução de dois Estados, efectivando o direito dos palestinos a um Estado independente, soberano e viável.
Nomeadamente, é inaceitével que permaneça em vigor o Acordo de Associação UE-Israel, ao abrigo do qual Israel recebe milhões de euros dos fundos comunitários, apesar de o próprio preâmbulo do Acordo referir o respeito pelos direitos humanos e pela democracia…
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