Estados Unidos querem dissolver agência da ONU para os refugiados palestinos

Jason Greenblatt, enviado dos EUA para o Médio Oriente, apelou à dissolução da UNRWA, a agência da ONU de assistência aos refugiados palestinos. Falando numa reunião do Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira, Greenblatt disse que a UNRWA deveria ser desmantelada e que a responsabilidade pelos refugiados palestinos deve ser assumida pelos países que os acolhem.

«Precisamos de falar com os governos anfitriões para começar uma conversa sobre o planeamento da transição dos serviços da UNRWA para os governos anfitriões ou para outras organizações não governamentais locais ou internacionais, conforme seja apropriado», afirmou.

A UNRWA, criada em 1949 para dar assistência aos mais de 750 000 palestinos vítimas da limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas por ocasião da criação de Israel, é actualmente imprescindível para a sobrevivência dos cerca 5,3 milhões  de refugiados palestinos nos territórios palestinos ocupados da Faixa de Gaza e Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e ainda  no Líbano, Síria e  Jordânia.

Os EUA, que eram o principal contribuinte para a UNRWA, em 2018 cortaram totalmente o financiamento à agência e, alinhando com os desejos do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, querem extingui-la e rever a definição de refugiado palestino. Pretendem desse modo apagar da consciência pública a própria causa da existência dos refugiados, ou seja, a sua expulsão por Israel, e fazer desaparecer do debate um dos temas principais para uma solução da questão palestina: o direito de retorno dos refugiados, como prescreve a resolução 194 da Assembleia Geral da ONU, de 1948.

Esta nova iniciativa integra-se no conjunto de medidas contra o povo palestino tomadas nos últimos dois anos pela administração do presidente Trump: reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir para aí a sua embaixada; fechar a representação diplomática da OLP em Washington; e ainda reconhecer a soberania israelita sobre os Montes Golã sírios ocupados.

O comissário-geral da UNRWA, Pierre Krahenbuhl, relembrou numa conferência de imprensa realizada em Gaza que o mandato da UNRWA é uma questão a ser decidida por toda a Assembleia Geral da ONU e não por «um ou dois estados membros», acrescentando: «Rejeito sem reservas a narrativa que sugere que UNRWA é de alguma forma culpada da continuação da situação dos refugiados da Palestina, do seu número crescente e das suas crescente necessidades.»

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